CADEIRA VAZIA
Filemon F. Martins
Não poucas vezes, nos debates programados nesta eleição, a cadeira destinada ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva, permaneceu vazia. No Palácio do Planalto, aliás, há muito ela estava vazia, pois tudo o que se passava ali ao redor dele, ele nada viu e pouco soube, conforme disse inúmeras vezes.
Grande parte da população brasileira, que há quatro anos ainda acreditava na moralidade dos políticos, vibrou com a possibilidade de ver um Brasil digno e decente, longe dos conchavos e da subserviência que caracterizaram a gestão de FHC, mas logo percebeu o engodo da demagogia, do populismo, dos escândalos e da baixaria que tomaria conta do governo Lula. No entanto, o resultado das urnas confirma um 2º turno. O 2º colocado não é exatamente nossa preferência. Menos mal. É preciso compreender e manter a calma, porque ninguém aprende sem errar. Quase sempre, na vida, bater cabeça, quebrar a cara ensina melhor que várias aulas, congressos e palestras.
Modestamente, no panorama da vida política, cá de nosso canto, vamos continuar gritando, falando, escrevendo, alertando com nossa poesia de protesto, de ética e nossa crônica sem ganância, sem violência, sem subterfúgios, longe dos interesses pessoais, que cada vez mais, enlameiam os políticos brasileiros que querem se perpetuar no poder. Já estão acostumados, acomodados e são coniventes com as negociatas ilícitas que acontecem no Congresso Nacional.
Aos pobres eleitores, como quer fazer crer a Justiça Eleitoral, sempre culpados pela escolha errada, pouco resta: sem cultura, sem emprego, sem teto, sem terra, sem esperança e sem justiça, sonham com dias melhores através de benefícios sociais ilusórios, tais como os programas FOME ZERO, BOLSA FAMÍLIA e projetos assistencialistas que os subjugam, como se fossem escravos. Escravos da propaganda enganosa do próprio governo, escravos do poder econômico que absolve mensaleiros, sanguessugas e fomenta uma verdadeira quadrilha para roubar os cofres públicos.
A verdade é que o poder econômico sempre fala mais alto. A corrupção campeia pelos corredores do poder; a política brasileira está apodrecida e infectada pela falta de honestidade, pela imoralidade, pela corrupção e pela conivência dos que deveriam implementar projetos sérios em favor da sociedade brasileira, zelando pela correta aplicação do dinheiro público. Enquanto isso, o “Zé povinho” contenta-se com esmolas que, certamente lhe custarão o futuro dos seus filhos, a vida, a saúde, a dignidade e a perspectiva de um País melhor, mais justo e mais humano.
Contudo, há que se respeitar a escolha do povo, qualquer que seja o escolhido, ainda que isso nos custe presenciar em todo o mandato as raposas no poleiro, o riso indecente e falso dos Judas que se corromperam e se venderam por algumas moedas, sem se importar com a inocência das crianças, o suor derramado dos trabalhadores para ganhar uma migalha de pão que o diabo amassou. O choro silencioso dos que acreditaram no sonho de ser feliz e sentiram o amargor da decepção e a esperança se esvaindo aos pés de banqueiros, pagamento de juros e capitalistas internacionais.
Mesmo que a cadeira fique vazia, é necessário recuperar a alegria, a esperança, o entusiasmo e a certeza de que o Brasil é um País exuberante, onde o barulho dos rios e das cachoeiras ainda nos encanta. Um País formado por um povo trabalhador, ordeiro e bom, merece governantes mais sérios e capazes. É preciso buscar, dentro de nós, uma força superior, como disse Bruce Barton: “AS GRANDES REALIZAÇÕES SÓ SÃO POSSÍVEIS POR AQUELES QUE ACREDITAM POSSUIR, DENTRO DE SI, ALGUMA FORÇA SUPERIOR ÀS CIRCUNSTÂNCIAS”.
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