- Você gosta do ócio?
- Gosto, sim, meu bom amigo. Não fazer nada faz um bem! De vez, em quando, é muito bom ficar no vazio, no vácuo, sentir-se flutuando.
- Você não acha horrível sentir-se inútil, vagando no nada?
- Que nada, rapaz! Quando eu digo ficar vagando, sem fazer nada, lembre-se de que Deus trabalhou seis dias e reservou o sétimo para descanso. Está escrito no Livro dos Livros.
- Pois é, mas...
- Não há mais nem menos. É preciso saber descansar.
- Ué,é uma nova teoria?
- Não meu caro, quando eu digo descansar, ficar no ócio, vagar, eu quero dizer, que é preciso saber aproveitar esses momentos para meditar, sonhar, conceber novas coisas, ler, ouvir a boa música, criar. E, de repente, você transcreve, no papel, tudo que você concebeu. É claro, hoje, corre-se para o computador e, de repente, você grava tanta coisa. Não é espetacular tudo isto?
- É verdade, você me ensinou que, até sem fazer nada, faz-se muita coisa.
- Parece um paradoxo, mas não é, não!
- Puxa! Vou começar o dia não fazendo nada.
- Epa, não exagere. Saiba aproveitar bem todos os momentos da vida.
(Publicado no "Boletim Semestral da ALMUB - Academia de Letras e Música do Brasil, nº 1, de julho de 2008) |