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Cronicas-->Olina -- 05/02/2002 - 16:03 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Cada casa tem seu jeito, seu cheiro, suas características. Eu lembro de algumas casas de tias pelos produtos que consumiam. Na casa de Tia Catarina três produtos chamavam à atenção, além da pizza de sardinha, daquelas altas, com cobertura generosa. Lá sempre tinha Olina, com o que se podia curar indisposições variadas e qualquer mal estar. Estava lá na cozinha, à vista, se bem lembro próximo ao filtro d´água, daqueles de barro. Ficava lá, fiscalizando a cozinha, como que a lembrar ao visitante de que os excessos poderiam ser compensados, ou punidos, com uma dose do remédio amargo.

Tinha também xarope de groselha, este guardado em um armário embutido, coisa rara na época que eu, sinceramente, achava muito estranho. De certa forma, ao contrário da Olina, onipresente, o xarope parecia escondido da gula infantil . Inútil, dado que todos sabiam onde estava e Tia Catarina nunca deixava de oferecer e eu de aceitar. O curioso é que o xarope era sempre de groselha. Anos a fio e o sabor era sempre o mesmo, não sei se não havia outro, se resistiam às mudanças ou se eu esqueci dos outros sabores. Talvez todos os sabores tivessem gosto de groselha. Lembro que lá se praticava o que hoje se chama "delivery", ou seja, faziam encomendas em um armazém e os produtos solicitados eram entregues em casa com todo o conforto hoje proporcionado pelos "novos serviços". Isto se dava antes do advento da inflação que agora começamos a esquecer (ma non troppo) e do supermercado, que agora também entrega em domicílio. O terceiro eu acabo de esquecer. Mas eram três, estou certo disto.

Será que ainda fabricam a velha (não era boa não) Olina? Será que sucumbiu aos modernismos ou está sendo vetada com o Hipoglos?

Lá em casa nunca tinha Olina, mas tinha Bromil e Biotónico Fontoura. Também não se usava filtro e a água gelada foi introduzida muito tempo depois, não por falta de geladeira, mas simplesmente porque podia fazer mal para a garganta. É bem verdade que nos dias mais quentes do verão tomava-se água gelada, mas só naqueles dias. Dona Marta, a vizinha do lado esquerdo era mais moderna e tinha água gelada o ano todo.

Na casa de Tia Clara tinha Leite Ninho e uma banha de porco que vinha em uma lata verde, muito bonita. Arrisco a dizer que a tal banha chamava Saúde. Será? Hoje, chamar banha de porco de Saúde é algo impensável. Novos tempos, mas ao que consta, meus tios, primos e agregados, todos cresceram com saúde e disposição e desconheço ocorrência de infarto.

Já na casa de Tia Santina, minha madrinha, falar de produtos é covardia. Ela tinha um bar, com todos os chocolates, refrigerantes e demais atrativos de interesse para um afilhado. Além disto, no inverno, ela sempre oferecia um mocotó memorável. Mocotó, todos sabem, é destas coisas fantásticas que só podem ser apreciadas na casa de madrinha ou de amigos muito selecionados. Depois, claro, tinha-se algum acesso às guloseimas do bar. Nada contra as outras tias, mas ainda bem que escolheram ela por madrinha.

Falando em produtos antigos e vendo os acontecimentos no Senado quase chego a sentir saudades da velha Olina. Pra gente uma dose generosa de Olina. Para eles, talvez uma boa limpeza com creolina.


Escrita em 04.05.2001
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