Às vésperas do nosso carnaval, festa que tanto amamos, mas que atualmente está marcada também pela violência como quase tudo que participamos, volto à s minhas reflexões sobre o futuro de nosso país. Isso porque nem nessa ocasião característica de um momento que sempre inebriou o povo brasileiro, conseguimos ter horas de paz e confiança.
Ontem foi libertado de um cativeiro de 50 dias o publicitário Washington Olliveto e me pergunto como deve sentir-se uma pessoa depois de tamanho sofrimento e humilhação. E pensar que alguém pode dentro de seu próprio país estar à mercê de bandidos, que impunes, tomam conta de nosso país, talvez mais bem equipados do que os policiais que defendem o povo.
O publicitário sofreu esse tempo todo e foi até maltratado fisicamente. Como podemos conceber uma realidade tão amargurante, carregada de dor e do absurdo que isso tudo nos causa? Como podemos ao menos pensar nos detalhes de dores sucessivas?
A tristeza não pode deixar de ser grande quando presenciamos tantos e inúteis martírios, e perguntamos insistentemente e como num brado de socorro: Que podemos fazer e o que pretendem, autoridades civis e militares nesse momento em que a violência atinge um clímax realmente impossível de se tolerar?
Que será feito para devolver um pouco de esperança e estabilidade emocional à s vítimas inocentes, indivíduos retos e que cumprem o seu dever, pais, cidadãos, pessoas que merecem respeito, proteção e dignidade? Poderão acaso voltar atrás em tudo que passou e devolverem os seus dias sofridos e de suas famílias?
Ao falar insistentemente sobre esse caos que a nação enfrenta e contra o qual estamos pedindo socorro na aflição da desesperança, medo, incredulidade, horror e revolta que nos transborda, precisamos desta vez tocar realmente na sensibilidade dos dirigentes de nosso país conclamando e até exigindo a proteção que nos é devida.
Estamos vendo o país continuar sua vida, com movimentos e comentários dos políticos, mas sem medidas de emergência. Estamos em estado de guerra, em que bandidos lideram o país ameaçando e executando o povo brasileiro. Ouvimos os noticiários e a mídia falar em "cativeiro" e parece que se escuta essa palavra como se fosse normal. Quando isso é um ultraje à pessoa humana! Um ultraje violento e inadmissível. Ofensiva afronta revoltante, amargamente praticada e comentada como qualquer notícia diária.
A frequência com que se pronuncia essa palavra emitindo o som horripilante de "cativeiro" em que a maldade, barbarismo e terror alcançam uma supremacia nunca antes imaginada, deveria transformar dias de hoje em regime de exceção para que se possa dar apoio eficiente e eficaz, tomando medidas e mudando, se preciso for, até a própria constituição para preservar o povo barbaramente ameaçado por bandidos e quadrilhas poderosas.
Precisamos, conclamamos a libertação do medo consciente e tormentoso, pavor levado a limites extremos e pedimos em nome de toda uma população, a extinção desse sofrimento. Uma maior esperança no futuro que parece cada vez mais escuro despojado de sol e luz. Sei que nem tudo é tão fácil, mas esperamos que esqueçam nessa hora tudo que não seja o problema que estamos vivendo de insegurança e nos liberte da opressão da falta de socorro e proteção. Isso só é possível de uma maneira: Banindo a impunidade e eliminando a cruel e fria indiferença .