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Artigos-->O COMEÇO DAS NOSSAS LETRAS -- 27/09/2006 - 17:36 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O COMEÇO DAS NOSSAS LETRAS



Francisco Miguel de Moura*



O Brasil dos primeiros séculos de colonização, esta imensidão de terras sem fim a que os descobridores deram o nome de ilha, era realmente um continente do qual os espanhóis conquistaram uma boa parte pelo Oceano Pacífico. Povoado de índios e animais desconhecidos, cheio de rios, florestas e doenças também desconhecidas, apresentava-se como um tremendo desafio. Os arrojados navegantes aportavam o Brasil em busca de informações muito caras à Europa daquele tempo enfrentando por muito tempo o Atlântico, chamado antes de Mar das Trevas. Não apenas os colonizadores, entradistas e bandeirantes foram ousados. Que seria da nossa história se não tivessem sido escritos “Diário de Navegação da Armada que foi à Terra do Brasil em 1530”, de Pero Lopes de Sousa, “Tratado da Terra do Brasil” de Pero de Magalhães Gandavo e “História da Província de Santa Cruz a que Vulgarmente Chamamos Brasil”, de 1570 e 1576, respectivamente, “Tratado Descritivo do Brasil em 1587”, de Gabriel Soares de Sousa (que residiu 17 anos na Bahia) e a “Narrativa Epistolar de uma Viagem e Missão Jesuítica pela Bahia, Ilhéus, Porto Seguro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro etc.” do Pe. Fernão Cardim, datadas de 1583, mas efetivamente publicadas somente em 1847, quando descobertas (duas cartas) pelo historiador Varnhagen. Há inda documentos escritos por Hans Staden, André Thevet e Jean de Léry, entre muitos outros portugueses e estrangeiros.

Essa foi a nossa primeira escola literária, a “Literatura dos Viajantes”, conforme pensa a pesquisadora Rejane Machado, do Rio, seguida pelos jesuítas, pelos poetas da Bahia e de certa forma chegando até à Inconfidência Mineira.

Os portugueses e os latinos de modo geral são dados à imaginação, à criação nas letras e nas artes liberais, neste ponto menos práticos que os ingleses, holandeses, alemães etc. Foram inúmeros os viajantes em grandes embarcações para a época ou em pequenas, arrostando os perigos do mar para explorar a terra, os homens e tudo que ela continha, nos séculos XVI e XVII. Eles escreveram, registraram o começo da nossa história e também deram início à nossa literatura. Os jesuítas Manoel da Nóbrega, José de Anchieta e Antônio Vieira – este último um discípulo de Pe.Antônio de Sá, Rio de Janeiro (1620-1678) – além de outros que aprendiam o tupi-guarani, ensinavam muito mais religião aos silvícolas que o seu português, mesmo porque aqueles eram mais numerosos. Tiveram a paciência de escrever seus sermões, suas cartas, suas narrativa de viagens e seus poemas, como foi o caso de José de Anchieta como o “Poema à Virgem Maria”.

Com eles começava a literatura nas terras brasileiras, dentro de um isolamento intelectual muito grande. O poeta Gregório de Matos invectivava os vícios da cidade da Bahia, os historiadores documentavam-na e Manoel Botelho de Oliveira escrevia e cantava suas canções poéticas ao som da viola. Era o começa da música popular brasileira. Os poetas do grupo mineiro participavam ativamente da Inconfidência e faziam poesia. Muitos outros que não deixaram nome também escreviam versos, cartas, relatórios, poemas. Com a finalidade de divulgar o que escreviam esses brasileiros e colonos portugueses aqui adaptados criaram as Academias, no século XVIII, à moda do que já existia em Portugal, e tivera seu começo na França. Assim iam lendo e recitando suas obras uns aos outros, uma divulgação precária ainda, na cidade, nas vilas, através de recitais, de músicas, de teatro, etc. enquanto não eram levadas à Corte para publicação. As Academias, nessa época, tiveram bastante sentido. O isolamento dos criadores de nossa literatura diminuía. A divulgação iniciava, mesmo sem imprensa, sem ter como publicar livros ou folhetos, sem comércio, sem indústria, sem nada. Claro que esses trabalhos eram, na maioria, medíocres. Mas sem essa massa de produção que aconteceu não teriam existido obras melhores como o poema “Uraguay” de Basílio da Gama, “Cartas Chilenas” de Tomaz Antônio Gonzaga/Cláudio Manuel da Costa, etc. A primeira foi a Academia Brasílica dos Esquecidos (1724), na Bahia, de vida efêmera, sendo seu membro mais destacado Sebastião da Rocha Pita. Depois veio a Academia dos Felizes (1755), no Rio de Janeiro. A mais importante e a mais conhecida, em virtude do trabalho do erudito Alberto Lamego, chamava Academia dos Renascidos, fundada na Bahia em 1759, dissolvida por Pombal, que temia as idéias revolucionárias levantadas, divulgadas, defendidas, mandando prender seu diretor, fidalgo José Mascarenhas, “um autêntico precursor da Época das Luzes”, segundo registra Valter Wey, no seu compêndio de Literatura Portuguesa, Ed. do Brasil, SP, 1969, no qual registra o nome dos mais importantes membros daquela agremiação: D. Domingos Loreto Couto, José Mirales, Frei Santa Maria de Jaboatão, além dos sócios-correspondentes Cláudio Manuel da Costa, Frei Gaspar da Madre de Deus e, possivelmente, os irmãos Alexandre e Bartolomeu de Gusmão.

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*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, nasceu e mora em Teresina, Piauí.

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