A campanha eleitoral estava morna, modorrenta. Uma ladainha de frases prontas e descartáveis de causar dó. Um desfile de caras preparadas de causar riso. Uma pasmaceira digna de um domingo à tarde no campo, no fundo de um distante rincão.
Tudo parecia encaminhado, calma e tranqüilamente, sem tropeços, para o segundo mandato de Lula ser decidido em primeiro turno. Alguns caciques petistas já estavam escalando o ministério e preparando o discurso de posse. Outros, mais estratégicos, fazendo elucubrações acerca da disputa de 2010.
Mas nada melhor que um escandalozinho de praxe com petistas de quinta categoria envolvidos na compra de um dossiê e uma montanha de reais e dólares de origem obscura para reavivar os ânimos dos concorrentes e colocar lenha e gasolina nessa fogueira eleitoral. É certo que os últimos dias de campanha serão de confrontos acalorados e agressivos.
Esse escândalo deve alterar os percentuais das pesquisas, não tanto quanto gostariam os “alckmistas”. Mas devemos levar em consideração que o próprio presidente Lula admite a possibilidade de segundo turno.
Nessa operação fraudulenta, um Expedito Veloso, que de santo não tem nada, foi invocado para dar uma solução imediata para um negócio urgente. Esse Veloso não foi zeloso com a condição de seu cargo. Para entornar esse caldo um Jorge Lorenzetti derramou uma ducha de água fria nos estrategistas e provocou a queda de mais alguns homens do Planalto. Como churrasqueiro que é, começou assar a batata do presidente. Ou seria um abacaxi com canela?
E tudo começou no hotel Íbis em São Paulo. Lá, Valdebran Padilha e Gedimar Passos deram um passo em falso e foram flagrados pela Polícia Federal com toda aquela dinheirama. Os dois agentes 86 negociavam a compra de um dossiê antitucano e acabaram entrando, a passos largos, pelo cano.
No entanto, o personagem principal dessa desastrada operação é o astuto Freud Godoy, ex-assessor especial da presidência, ex-tarefeiro, ex-segurança, ex-faz-tudo e tem muito que “ex-plicar” antes de se tornar outro ex.
Como os dois vagabundos da obra “Esperando Godot” do dramaturgo irlandês Samuel Beckett, estamos “Esperando Godoy” para esclarecer todo esse imbróglio às vésperas das eleições.
Como os R$ 1,7 milhões foram parar nas mãos dos dois trapalhões petistas e o que há de tão comprometedor e valioso no conteúdo desse Dossiê Cuiabá?