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Artigos-->UNIVERSIDADE DOENTE -- 20/09/2006 - 11:28 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UNIVERSIDADE DOENTE





Délcio Vieira Salomon



(este artigo foi publicado em 2002. Mas, através

de informes e comentários ouvidos de meus colegas da APUBH - Associação Docente dos Professores da UFMG -, vejo que a realidade aqui apontada continua a mesma, senão mais agravada)





Uma universidade sem autonomia de fato e de direito, em que seus dirigentes se preocupam prioritariamente em não perder seus cargos, com medo manifesto de contrariar a quem os nomeou, esquecidos de que seu compromisso primeiro deveria ser com quem os elegeu como seus representantes... e se sentem por isso amarrados diante do poder do MEC e se amarram mais ainda nos liames da burocracia, pouco ou nada atentando para as conseqüências que seus temores e sua omissão geram nos dirigidos – professores, funcionários, alunos....



Uma universidade que está perdendo (se é que já não perdeu) o poder de crítica e de autocrítica e, através de mecanismos de fuga, canaliza esse poder apenas para as coisas abstratas, teóricas, transcendentais, distantes da realidade em que deveria estar inserida (mas infelizmente não está) ...



Uma universidade que fez opção por justificar o “status quo” ao invés de liderar o movimento de transformação da realidade, particularmente a social, econômica e política...



Uma universidade que riscou de seu ideário o engajamento e prefere encastelar-se narcisisticamente no palácio de cristal onde brilham e rebrilham falácias e engodos, como os créditos A ou B dos cursos de pós-graduação ou os do provão do MEC, mas pouco atenção presta à falta de perspectivas da própria pesquisa e à carência cada vez maior das fontes de documentação para a construção do conhecimento...



Uma universidade em que não há mais mestres, mas apenas burocratas do ensino, técnicos a serviço da tecnocracia ... Uma universidade em que se privilegiam e se priorizam as aparências em vez do conteúdo, onde é mais importante o produto do que o processo, o resultado quantitativo do que a qualidade da produção (do saber, do conhecimento, do fazer, do saber-fazer)...



Uma universidade em que ensino – pesquisa – extensão se dissociam dia a dia, em que predominantemente se informam em seus veículos de comunicação (boletins informativos, noticiário para a grande mídia etc) produtos de pesquisadores individuais e raramente de equipes que, por sua vez, deveriam mostrar à comunidade a existência de legítimos departamentos, mas na verdade estão a revelar a cristalização de grupos de interesses (e que interesses!...) nas instâncias de produção e de gestão ....



Uma universidade que por medo assume na prática o contrário do que durante séculos a caracterizou, a autonomia para pensar, criar e agir....



Uma universidade que está aceitando passiva-mente a política de emprego público que está sendo implantada pelo governo federal, para acabar com o funcionário estatutário e em seu lugar colocar o celetista....



Uma universidade que aceitou sem contestar que sua Procuradoria Jurídica esteja a serviço da AGU (Advocacia Geral da União) não mais da própria Universidade.... a ponto de acatar, qual burrinho de presépio, toda e qualquer deliberação da Administração Central, do SIA-PE, porque se julga impotente para protestar ou, então, porque já reza na mesma cartilha neoliberal que está por trás desses órgãos administrativos ou porque simplesmente lava as mãos, na perversa expectativa de que os prejudicados recorram a Justiça, pois só esta é capaz de contrariar as ordens emanadas de cima, confessando já estar realmente por baixo e a serviço não da sociedade que a mantém, mas dos tecnocratas que assumem o poder ....



Uma universidade, onde imperam a Razão Formal e a Razão Cínica, em lugar da Razão Autêntica (dialética, crítica, livre e libertadora)... onde o medo tomou o lugar da ousadia de se opor, de contradizer, de ser independente....



Esta Universidade só pode estar doente. E esta universidade é a universidade federal brasileira.

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