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Artigos-->NOVA TEORIA DA RELATIVIDADE -- 19/09/2006 - 21:27 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NOVA TEORIA DA RELATIVIDADE



Délcio Vieira Salomon





Com a implantação do plano Real o sociólogo presidente FHC conseguiu dupla proeza: eleger-se duas vezes e convencer o país de que, em política como em física, a verdadeira teoria é a da relatividade.

Já experimentado no uso e abuso da dialética desde o tempo de pesquisador, quando tentou demonstrar a relatividade da contribuição cultural da etnia negra no Rio Grande do Sul, convenceu-se de que em ciências sociais, ao contrário do que pensavam os marxistas, nada se relaciona, pois, se tudo é relativo, também o princípio da lógica dialética é relativo.

Em política também tudo é relativo. Somente os que não entendem isso é que vivem cobrando dele coerência entre o pensamento e a ação, entre a teoria e a prática, entre o que pregou no passado e o que faz no presente, entre o que está no livreto de campanha eleitoral de 94 e sua ação no governo desde então.

Não devemos estranhar, portanto, que trate a violência com a mesma postura com que trata a venda das estatais ao capital estrangeiro. Afinal, a vida como valor absoluto é uma balela, pois todos os valores, inclusive a vida, são relativos. Absoluta só a morte e contra ela não adianta lutar, nem filosofar.

Tudo é relativo. Ninguém tem certeza de nada. Ninguém precisa se apoquentar com o que vê nas ruas, em casa, na televisão.

A violência está lastrando no Brasil? Não nos apavoremos, pois a verdade do que vemos e ouvimos também ela é relativa. Violência acontece só no Rio de Janeiro e São Paulo. E relativamente nas demais metrópoles.

O resto do Brasil está na mais “absoluta paz” (ao menos esta é absoluta para se opor à relatividade da violência, a paz dos cemitérios).

A ciência, a certeza, a verdade, a convicção também devem ser relativizadas. Afinal, nada, nem o conhecimento, nem a verdade que geram a certeza e a convicção são absolutos.

Por isso em seu lugar devemos entronizar o doxismo, o achismo. Ou seja, em lugar da certeza e da convicção instalemos a opinião. Em lugar do “eu sei”, do “tenho certeza”, “tenho a convicção” cada um de nós há de dizer sempre “eu acho”.

Assim se salva o compromisso com a verdade e com o futuro. Se os acontecimentos vierem na contramão de seu pensamento, você terá o relativo consolo de conformar-se, pois o que expressou foi fruto de opinião, do achismo e não da certeza.

É o que se infere da atitude de nosso Presidente, como nós também ele estarrecido, ao presenciar, pela televisão, cruéis cenas de violência de um seqüestrador de ônibus no Rio de Janeiro, em que depois de cinco horas de terror e pânico duas vidas foram decepadas.

FHC vem a publico para dizer: “Eu acho que o Brasil não agüenta mais tanta violência”. Ele acha. Não tem certeza. O óbvio não é mais ululante. Desde 94 estamos presenciando o mesmo discurso do PhD em achismo.

Nosso governante tem medo de ter certeza, ao contrário de Collor e sua ministra Zélia Cardoso que tinham “certeza absoluta” (lembram-se?) do que faziam.

Quem acha que o Brasil vai de mal a pior (ele acha que vai de mal a menos mal), que o FMI tudo tem a ver com nossos problemas sociais, sobretudo os de saúde e educação, não se preocupe porque nosso presidente acha o contrário. Inegavelmente o Brasil é o grande painel de opinião do planeta, onde todos podemos externar o nosso palpite.

Podemos opinar a respeito de tudo. Sem compromisso. A terra dos 500 anos de achamento virou o território do jogo do bicho, das loterias, onde o que vale é o palpite. Ou melhor, virou o país dos achados.

O último dos achados foi ter descoberto que o “rei do doxismo”, isto é, do achismo (ao nosso gosto caipira), é o nosso presidente.

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