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Artigos-->A APORIA FHC - EJ -- 19/09/2006 - 20:17 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A APORIA FHC - EJ



Délcio Vieira Salomon



(Artigo escrito em 2001. Quando neste momento vemos o que está acontecendo com Lula e o PT envolvidos em mais um escândalo às vesperas das eleições, vê-se que a realidade em nada mudou. Infelizmente este o nosso país.)



É conhecida, de todo estudante de lógica, a “aporia do filósofo cretense”.

Relembrando-a e resumindo-a: estabelece-se que em Creta todos seus habitantes, sem exceção, são mentirosos. Tudo lá e tudo que lá se diz é mentira. Ninguém diz a verdade. Eis que surge um filósofo cretense e declara : -“Em Creta todos são mentirosos”. Estará o filósofo dizendo mentira ou verdade?

Nesta interrogação está a legítima aporia – o problema logicamente sem solução. Se o filósofo, por ser cretense, estivesse dizendo a verdade, declarando uma constatação de fato, então logicamente sua afirmação estaria contradizendo a premissa maior (todos os cretenses são mentirosos).

Em lógica formal, por ser formal, novos fatos não podem contrariar a premissa universal. Se estivesse dizendo uma mentira, o conteúdo da afirmação também estaria contradizendo a mesma premissa. Logo é impossível, silogisticamente, concluir o raciocínio, solucionar o problema “se ele mente ou não”.

Desde que surgiu o caso Eduardo Jorge – o EJ ex-secretário de FHC – estamos vivendo neste país legítima aporia, aparentemente lógica, mas de fato política.

Talvez seja fruto da lógica perversa implantada com o Plano Real. No caso cretense a aporia existe, porque se sustenta numa premissa tida como verdadeira (todos os cretenses são mentirosos). Brasília, ou melhor, o Planalto é hoje a Creta brasileira.

Eclodiu a suspeita, com fortes indícios factuais, de que EJ, pessoa de confiança de FHC há 17 anos e controlador do dinheiro das duas campanhas de FHC para a presidência da República, montou um esquema de corrupção dentro do governo, usou e abusou de tráfico de influência, está envolvido com o ex-juiz Nicolau e com o ex-senador Luiz Estêvão, é formador de quadrilha etc.

Os defensores do Governo, tomados de medo de que a suspeita se confirme, montaram, por sua vez, outro esquema, mas “cretense” para salvar o presidente e, em o salvando salvarem a todos os que trafegam no mesmo barco governista (e é isso o que mais lhes interessa). Este esquema se fundamenta na premissa “universal” (para efeitos políticos), mas bem “particular” (dentro da coerência lógica), de que FHC, por ser o presidente da República e por causa de seu passado, é honesto e assim tem de ser mantida sua imagem, independente de possíveis fatos contrários.

Lógica e politicamente, se esta premissa for mantida (pensam e proclamam os governistas), o processo do raciocínio, sobretudo dos opositores, desembocaria numa aporia. Num problema sem solução. Ou seja, se forem levantadas provas que incriminem EJ, sejam de que tipo forem, jamais atingiriam a honra do presidente. Não atingindo a honra do presidente, o próprio governo também é honrado, pois “pelos frutos conhece-se a árvore” e “pela árvore conhecem-se os frutos”.

Daí por que proclamam aos quatro ventos: a oposição pode fazer de tudo, pois não conseguirá provar que FHC não seja honesto. Aliás, a própria oposição aceita a mesma premissa. Tudo o mais são metáforas, fantasias, como: mar de lama, “dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és”, “cesteiro que faz um cesto faz um cento”, queda da popularidade, pasta rosa, projeto Sivam, Ilhas Cayman, compra de votos para a reeleição, vendilhão da Pátria ao FMI, privatização das estatais a preço de banana, falcatruas grossas no BNDES, não menos grossas no Banco Central, socorro ao Marka e Fonte Cindam, etc, etc tudo são fantasias e imaginação delirante de uma esquerda neoboba, de uma oposição carcomida.

A premissa “FHC é honesto”, além de premissa, é cláusula pétrea. Irremovível. Jamais será contestada. Afinal, dizem os apaniguados e aliados de FHC, estamos defendendo não o governo, mas a pessoa impávida e colossal do presidente. Lamentamos, continuam a dizer, que a oposição ou os detratores de FHC, por sua teimosia tenham entrado num mato sem saída, ou seja, numa aporia lógica e política. Chamem nossa lógica perversa quanto quiserem. Aliás, a aprendemos com os cretenses.

E atrás da “cláusula pétrea”, por ser pétrea e inamovível, escondem-se as ladroeiras e os rombos, intocáveis. Para atingir os denunciados e possíveis responsáveis, a aporia teria que ser desfeita e a pedra removida. Politicamente impossível

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