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Artigos-->FORASTEIRO, MAS JAUENSE DE CORAÇÃO -- 19/09/2006 - 09:11 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




“FORASTEIRO” MAS, JAUENSE DE CORAÇÃO





Com exceção do P. Preto, mestre no assunto, tenho notado um certo saudosismo de boa parte dos ilustres personagens, que assinam as matérias editadas neste espaço opinativo por excelência. Nada contra. As lembranças são como “flashes” em nossa caminhada na Terra. E lembramos continuamente dos lugares em que vivemos mais tempo. Além disso as lembranças dão-nos algum relaxamento nas nossas preocupações, mormente em nós que tratamos de matérias mais austeras, conforme os senhores leitores tiveram oportunidade de verificar, porque evidentemente vivemos ainda num mundo repleto de personagens que fazem história, quase sempre repulsivas histórias, no que concerne a determinados políticos, claro, não esquecendo aqueles políticos que fazem a verdadeira e honrada história, que graças a Deus ainda é maioria.



No “Comércio” de sete de setembro último ao ler a matéria “Era uma vez” de P. Preto, quando escreveu: “foi num dia ensolarado dia 7 de setembro de 1964, com quase toda a população ocupando as ruas centrais, ao som imponente da Banda Marcial, capitaneada pelo inesquecível Tio Cassiano” – tentei posicionar-me nesta data aonde me encontrava naquele distante passado. E lembrei. Estava naquela mesma manhã no quartel do BGP – Batalhão da Guarda Presidencial, enfileirado com o uniforme de gala dos tempos do império, aguardando os caminhões que iriam nos levar a uma avenida em Brasília, para o desfile diante do presidente Castello Branco. Lembro-me que o Paixão, também aqui de Jaú, dissera-me: -Tá lembrado, Jeovah, que hoje tem desfile também em Jaú, assim como teve no dia 15 de agosto? – Naquele mesmo segundo meu pensamento voou até Jaú e vi a imponente matriz, a praça, o povo, o som da Banda Marcial, os gestos magnífico do Tio Cassiano, as namoradinhas, a minha família. Confesso que algumas gotas orvalhadas escorreram de meus olhos. Tentei disfarçar. Mas, acho que o Paixão percebeu.



De procedência nordestina aqui aportei em 1957, numa fria manhã de abril e me considero mais jauense do que muitos jauenses, que nos chamam de “forasteiro”. Aqui residi por muito tempo. Parti. Voltei. Casei-me com moça jauense – de procedência italiana, ou seja filha de italianos mesmo – e parti outra vez e outra vez voltei. Acho que bebi água demais do “cano torto”. O que importa, entretanto é que o passado está presente em nossa mente. E esse meu passado é jauense de coração. Joguei bola muitas vezes no corredor de minha casa com o Afonsinho. Eram bolas de meias, que ele roubava do pai dele e eu do meu pai, e só paramos no dia em que minha mãe correu atrás dele com uma vassoura, e depois me deu umas cintadas nas costas. Joguei bola no antigo Ajaspi, um campo ali próximo ao que hoje é o Fórum. Nadei no rio Jaú. Na piscina municipal fui salva-vidas.



Enfim, meu currículo de jauense é tão extenso que não tem como me sentir diferente. Ainda agora li no nosso jornal o “Comércio” de 9 de setembro, sábado, a matéria sobre a “catequese e o cineminha do padre Serra na cidade”. Indaguei a minha mulher se ela havia freqüentado o catecismo. “Claro” – respondeu ela – “saíamos em enorme fila indiana da matriz e entrávamos no corredorzinho que levava ao salão com arquibancadas”. Eu não conhecia a menina, que bem podia estar ao meu lado naqueles longínquos domingos e que seria minha futura esposa. Hoje é tão diferente. A educação cristã das crianças quase não existe. O Evangelho de Jesus abandonado.



Mas, ser jauense – mesmo de coração – é ser cidadão do mundo porque aqui é terra de Ribeiro de Barros, o herói aviador que o mundo inteiro conhece, apesar de aqui no Brasil autoridades estaduais e federais relutarem vergonhosamente em esquecer o magnífico aviador. Amei Jaú naquela madrugada fria, enquanto ajudava a descarregar nossa mudança do caminhão. Amei a rua Sete de setembro, a casa onde morei entre a rua Riachuelo e Humaitá. Amei meus amigos conquistados no mesmo dia de minha chegada e posteriormente, até hoje. Em 1988 voltei e não quero mais partir. Não me interessa ser jauense cidadão, mas jauense de coração. É o que me importa.



Jeovah de Moura Nunes

Jornalista e escritor

jeovahmnunes@hotmail.com





(publicado no Jornal “Comércio do Jahu” nº 26729 de 19 de setembro de 2006 – página 2)

http://artigosjornalisticossemfronteiras.blogspot.com/



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