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Artigos-->Escola e Democracia -- 18/09/2006 - 22:31 (Isabela Fani Dias) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O que é uma escola para a democracia?





Para que tenhamos uma escola voltada para a democracia, não devemos nos esquecer de nossas origens, nossa cultura e do funcionamento de nossa sociedade passada e atual. Como base temos os Estudos Culturais, que são estudos que visam a diversidade existente em cada cultura e as diferentes culturas, sua pluralidade e complexidade. São, também, estudos nascidos da hipótese de que em diferentes culturas existem relações de dominação e que essas relações devem ser discutidas.



Esses estudos podem motivar ações educativas empenhadas com a construção de uma escola democrática. A escola democrática deve ser fundamentada na convivência entre identidades culturais e sociais múltiplas. Mas para que isso aconteça é necessário que sejam questionadas as relações de poder que se manifestam nas atitudes preconceituosas e que visão a exclusão relativas às mulheres, indivíduos sem propriedades, indivíduos sem nenhum poder econômico, religiões, diferentes aspectos físicos, tipos de orientação sexual e contra as etnias e raças.



Para abordar esse processo de democratização da escola não devemos nos esquecer do questionamento das exigências do universalismo das presenças culturais européias no Brasil, logo, em seguida, devemos objetar as narrativas européias (eurocêntricas), pois ainda são as dominantes na educação brasileira, como podemos observar nos materiais didáticos e nos processos formativos dos professores na educação superior.

Segundo Silva (2002), várias questões colocadas dentro dos Estudos Culturais e Processo de Democratização da Educação desafiam os educadores brasileiros, como:



-Em que medida a educação escolar e os currículos não estão comprometidos com a herança colonial e por isso possibilitam a manutenção do preconceito e da discriminação étnica e racial contra os afro-descendentes e índios?

- Em que medida a noção de raça, forjada no século XIX pelo pensamento europeu, continua influindo sobre a formação das identidades de alunos e educadores?

- Como os materiais didáticos, as narrativas literárias e os textos científicos continuam celebrando a soberania do sujeito imperial europeu?

- Como as subjetividades de alunos e educadores de diferentes grupos étnicos e raciais são influenciadas pelos padrões culturais europeus?



- Como tornar a escola um espaço de convivência democrática entre os diferentes segmentos étnicos e raciais da sociedade brasileira?



Ainda quero colocar aqui mais um questionamento, dentro de uma educação voltada para a democracia. Existem casos de indivíduos sem estudos, o qual denominamos aculturados, todavia eles são integrados na sociedade como pessoas de bem e até existem casos de pessoas com grande poder econômico, que obtiveram sucesso. A maioria dos animais, desde a mais tenra idade possuem uma relação instintiva com seus filhotes. Dentro desta relação, eles, além de fornecerem a alimentação e o afeto, começam também, a integrar seus filhotes ao meio ambiente onde viverão. Estas criaturas ensinam seus filhos à arte da caça e da sobrevivência. Acredito que, o ser humano esteja fugindo deste trabalho instintivo de criar seus filhos deixando-os a serviço das incertezas e dos diversos problemas da vida. Acredito que se um pai ou uma mãe souberem pescar, costurar, cozinhar, etc., e aos poucos irem introduzindo seu filho numa de suas habilidades ou em várias delas, dentro de uma relação saudável de companheirismo e amor, dificilmente esta criança será marginalizada, ficará excluída de seu meio.



Com certeza, no ambiente em que vive, ele será uma pessoa que estará integrada! Porém, a falta de amparo dos pais, é um dos principais fatores geradores da marginalidade em nossa sociedade. E conseqüentemente a falta da participação dos pais na vida escolar de seus filhos.

Com essas bases, conclui que uma escola democrática se constituirá a partir :

a) do desenvolvimento de consciências críticas quanto aos processos de imposição de culturas e visões de mundo;

b) e da convivência entre identidades culturais e sociais múltiplas, é necessário que sejam questionadas as relações de poderes diferentes e que seja realizada a “desconstrução não apenas daquelas formas de privilégio que beneficiam os homens, os brancos, a heterossexualidade e os donos de propriedades, mas também daquelas condições que têm impedido outras pessoas de falar em locais onde aqueles que são privilegiados em virtude do legado do poder colonial assumem a autoridade e as condições para a ação humana” (Giroux, 1999: 39);



c) da organização social da população, para a cidadania emancipatória; e da legislação que se posiciona na defesa do caráter público da escola e da universidade, garante a todos o direito à educação para assegurar os direitos civis, políticos e sociais mais amplos e mister no projeto de nação soberana, solidária, fraterna e justa.



d) pela possibilidade de uma nova ordem pedagógica, em que o processo de ensino-aprendizagem seja centrado na pessoa e nas características individuais e coletivas dos estudantes. Assim como na compreensão de que o conhecimento, além de capacitar o indivíduo a responder em certas situações, como as do mundo do trabalho, tem valor formativo próprio. E de uma outra ordem política, por suposto vinculada à pedagógica, que confere um novo mandato político à escola pública: ensino de qualidade – com excelência acadêmica – não é incompatível com a massificação da educação; ensino de qualidade não é incompatível com o direito de todos e todas à educação.



A democratização da escola ou escola democrática, são hoje sinônimos de indissociabilidade entre Educação e Democracia. A democratização da educação, a escola democrática, é uma idéia de força para a mudança, um fator poderoso para a democratização do Brasil, só assim poderemos modificar este país e só assim acreditar em uma educação cidadã, não-excludente e principalmente, democrática.



Bibliografia (fontes):

- Cinco Estudos de Educação Moral, Jean Piaget, Maria Suzana de Stefano Menin, Ulisses Araújo, Yves de La Taille e Lino de Macedo, 210 págs., Ed. Casa do Psicólogo.

- CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2000.

- GIROUX, Henry A. Cruzando as fronteiras do discurso educacional – Novas políticas em educação. Porto Alegre, Artes Médicas, 1999.

- SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade – uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte, Autêntica, 2002.

- Pronunciamento da Professora Maria Beatriz Luce por ocasião da posse de novos conselheiros, na Reunião Extraordinária do Conselho Nacional de Educação, realizada em 4 de maio de 2004.



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