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Artigos-->MEUS CANÁRIOS DE ESTIMAÇÃO -- 17/09/2006 - 11:57 (Moacir Rodrigues) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Meus canários de estimação



Moacir Rodrigues



Na vida nos relacionamos com as pessoas por diversas situações como por exemplo, por interesse econômico, pelo convívio diário, pelas qualidades que enxergamos me outros seres que passamos a conhecer mais de perto, pelos sentimentos de amor, de amizade, de carinho, pela força do sangue, no caso específico do parentesco, e por inúmeras outras razões. Algumas pessoas merecem a nossa admiração por um conjunto dessas razões e outras porque percebemos que são sinceras, corretas, éticas, e mais do que isso, são movidas por um sentimento muito raro e muito importante que é o da gratidão. Às vezes vamos levando a vida sem fazer uma reflexão sobre as razões do nosso relacionamento. Também, por outro lado, às vezes somos mais distantes de outras pessoas porque começamos a perceber que suas formas de agir são inteiramente ao contrário do que desejamos. Por último, não vejo possibilidade de sermos ligados a todas as pessoas que conhecemos da mesma forma, porque esse fenômeno importaria na conhecida unanimidade, que o saudoso cronista NELSON RODRIGUES afirmava que era burra.



Escrevi este intróito para falar um pouco de meu relacionamento com meu saudoso sogro, sobre quem já falei na Usina, que era um homem de pouca conversa, mas que viveu oitenta e um anos na pequena Cidade mineira de Passa Tempo, com um excelente relacionamento familiar, social, esportivo, isto sem falar no fato de que era técnico de Futebol e torcedor apaixonado do time local chamado FITA AZUL ESPORTE CLUBE e do nosso querido CRUZEIRO ESPORTE CLUBE, que tanta alegria dá aos torcedores mineiros e brasileiros que optaram por fazer dele o time do coração.



Apenas para mostrar o quanto o Flávio era uma pessoa boa, fui a Passa Tempo e fiquei uns três dias na sua casa, como era habitual. Durante esses dias ouvi o incessante canto dos seus canários belgas, sendo um amarelinho e outro mais escuro. Fiquei maravilhado com aqueles bichinhos e, cumprindo a minha obrigação, elogiei muito os dois canários. Me lembro que esse fato ocorreu quanto ele tinha mais de 80 anos, ou seja, pouco menos de um ano antes do seu falecimento. Ocorreu que, no dia em que coloquei as malas no carro para retornar ao Espírito Santo e comecei a despedir dos parentes, fui surpreendido com a aproximação do Flávio Costa trazendo às mãos uma pequena gaiola tendo dentro os dois canários. Disse-me com a voz entrecortada, você gostou do canto dos passarinhos, os elogiou e eu achei que você é que deve passar a ser o dono deles a partir de hoje. Leve-os e trate com cuidado. Na hora, eu nem soube mesmo como me comportar, porque aceitar estaria trazendo comigo a alegria daquela casa, mas, por outro lado, rejeitar poderia importar em desfeita, desatenção ou até mesmo em desagrado. Então não tive outra alternativa senão colocar no meu carro os dois passarinhos. Os bichinhos adaptaram-se na minha casa, são devidamente cuidados e só não cantam naquele período em que estão mudando as penas. Em verdade, posso afirmar que a alegria mudou para a minha casa. Todavia, parece que o Flávio estava adivinhando, porque pouco tempo depois veio a falecer, sendo que fui forçado, mesmo com o coração batendo de forma acelerada, a fazer no cemitério de Passa Tempo, o discurso de sua despedida. Porém diante deste quadro, não só gosto dos do cantar dos dois bichinhos, como também aumentou sobremaneira o meu compromisso de deles cuidar com mais afinco, fazendo esse sentimento forte com que eles se tornassem os meus canários de estimação.

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