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Artigos-->TESTEMUNHO VERDADEIRO -- 14/09/2006 - 21:22 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TESTEMUNHO VERDADEIRO



Délcio Vieira Salomon





Até hoje, a questão do testemunho sincero ser ou não verdadeiro é para mim simplesmente intrigante. Seja colocada sob a ótica da moral, da ética, do direito ou da política. E mesmo, o que é mais recorrente, quando está em consideração o comportamento humano em geral.



Difícil admitir que a sinceridade não seja prova da verdade. Mais difícil ainda aceitar que a verdade não se transfira de uma pessoa a outra, destituída da transparência que a sinceridade con-fere à comunicação humana.



É possível alguém ser sincero na sua declaração e esta não ser verdadeira? Esta a questão.



Honestamente, o desafio surgiu-me, outro dia, ao ouvir o depoimento dos dois senadores acusados de violação do painel das votações. Foi declarado por um dos componentes do Conselho de Ética que, se o fato da violação era grave, mais grave era o depoimento dos acusados ter sido falso e mentiroso, como tinha ocorrido.



Sartre, em “O ser e o nada”, já demonstrara que a mentira é irmã gêmea da má fé e, como tal, ambas são inimigas da verdade. Neste caso, a situação é bem diferente da questão proposta. Nesta há um depoimento, um testemunho sincero de quem acredita no que está falando. Portanto a mentira está descartada. Muito mais, a má fé.



Em se tratando de comunicação, entre o emissor e o ouvinte, sobretudo entre o pensamento do emissor, sua tradução em palavras, a audição do ouvinte e sua versão ouvida e transformada em pensamento, pode estar havendo, na trajetória desse arco, algum momento ou ponto de distorção, viés, bloqueio, dissonância. E, neste caso, é possível a discrepância entre a sinceridade a revelar a verdade do emissor e a “mentira” admitida pelo ouvinte.











Mais intrigante ainda se torna a questão, quando a respeito de testemunho, recorre-se à Bíblia – o Livro da Sabedoria – e se lê no Evangelho de João:



Si ego testimonium perhibeo de meipso, testimonium meum non est verum. Alius est qui testimonium perhibet de me et scio quia verum est testimonium, quod perhibet de me. (Se eu dou testemunho de mim mesmo, não é verdadeiro este meu teste-munho. Outro será o que dará o testemu-nho de mim e este testemunho alheio é verdadeiro) (Jo:5,31).



A citação é feita no latim da vulgata, tradução do original de São Jerônimo, para tranqüilizar-me sobre a literalidade da frase.



Deve-se observar nesta citação que Cristo usa a primeira pessoa (ego – eu) como sujeito da declaração. É possível, entretanto, pensar que, no fundo, tenha dito: o testemunho de alguém sobre si mesmo “não é verdadeiro”. Ele não disse: “pode não ser verdadeiro”.



Em nome da lógica e da análise do discurso, não é permitido universalizar a declaração e atribuir ao declarante esta proposição universal: “todo testemunho dado por alguém sobre si mesmo nunca é verdadeiro”. Nem esta: “todo testemunho, para ser verdadeiro, tem de ser dado por outra pessoa”.



Sei ser ousadia de minha parte bancar exegeta. No contexto, infere-se que o testemunho alheio se refere ao de João Batista. Mas interpreto que a declaração de Cristo deve ser vista como retórica e dentro do contexto de valorizar o papel de João Batista em relação a si mesmo, o Cristo.



Recorreu à humildade diante da ignorância alheia a seu respeito - Homem e Deus ao mesmo tempo. Naquele momento histórico comentava-se a possibilidade de João Batista ser um profeta enviado por Deus e como tal concorrente de Je-sus.



Provavelmente, tirante os apóstolos, já escolhidos, e seus íntimos, os demais, gente simples do povo, estavam em dúvida quanto a quem seguir. Se ele dissesse nesse contexto: Eu sou Deus ou Eu sou o Filho de Deus ou Eu sou o enviado de Deus, certamente criaria perplexidade. Por isso recorreu à “retórica da humildade”. Ainda mais que sabia que João Batista iria testemunhar a seu favor e colocaria o papel ou a função de cada um nos devidos lugares: o Messias era o Cristo e ele, João, apenas o precursor, o preparador.

Assim entendo o texto, sobretudo, porque no latim da vulgata, trata-se de “proposição nega-tiva categórica: “non est verum”- “não é verda-deiro” e não de uma proposição hipotética: “pode não ser verdadeiro”



Se for aceita esta interpretação, levando em conta a restrição feita (o contexto em que a declaração foi feita, a “retórica da humildade”, a necessidade de se fazer entender por gente simples, a preocupação de não diminuir o papel de João Batista, o enviado, como ele, mas com a função de ser seu predecessor), creio fica de pé, já como afirmação e não como insinuação: o testemunho, quando sincero, é verdadeiro.



Como se vê estamos diante de duplo problema: o do testemunho e o da verdade. Principalmente desta. Avançando mais: o do testemunho e o da verdade subjetiva, pois é esta a que está em questão, quando se fala ou se pensa em “testemunho verdadeiro”.



Mas como, geralmente, a verdade é só entendida e pensada como uma só para ser real-mente verdade (“só há uma verdade”), há neces-sidade de aprofundar a análise.



Desde o início da reflexão, ao colocar a questão do testemunho verdadeiro, não estou me referindo à verdade objetiva, fática. Mas à verdade em que o critério não é a evidência dos fatos para um número razoável de observadores (porque para todos é humanamente impossível) e, sim, àquela verdade baseada na constatação e na convicção do indivíduo. À verdade subjetiva, portanto.

Também não coloco a questão sob o enfoque da lógica formal ou da matemática. Para ambas não existe verdade subjetiva. A verdade é sempre objetiva. E um tipo especial de verdade objetiva: a verdade absoluta e universal. Entre parênteses: para as ciências físicas, naturais, humanas e sociais, a verdade também é objetiva, mas relativa, provável, aproximada. Jamais abso-luta e universal como a da matemática e da lógica formal. Para as ciências, o mundo não é o abstrato, mas o empírico, aquele que se pode observar. Diferente, portanto, do mundo das idéias universais, das abstrações, das categorias, dos conceitos, dos axiomas, dos postulados, das premissas universais. Quase sempre hipostasiadas, para usar um termo kantiano. Um universo sem compromisso com o mundo em que vivemos. Por isso é que, freqüentemente, se diz tratar-se de um mundo tão distante quanto o ontológico e o metafísico.



Por isso em termos de lógica formal e de matemática, todo axioma, todo postulado, todo teorema comprovado é eternamente, absolutamente verdadeiro. E todas as proposições que deles derivam dedutivamente também o são. Seu compromisso é com a realidade abstrata, não com a realidade material, empírica. O tipo de provas, para a lógica formal como para a matemática, jamais poderá ser obtido pela observação, pelo método indutivo. Para atingir a verdade de uma proposição em lógica formal e em matemática há de se recorrer à demonstração, ao raciocínio dedutivo. E o ponto-de-partida da demonstração é sempre a premissa universal, detentora, por si, da verdade absoluta.



Se nosso referencial passa a ser a convicção de cada um, onde reside a certeza de sua convicção? Brota justamente diante do que pensa, do que ouve e do que vê. Quando constatamos e criamos convicção, a proposição que traduz esta constatação e esta convicção só pode ser para nós verdadeira. E sendo verdadeira para nós, ao a comunicarmos aos outros, esperamos que a to-mem como verdadeira. Portanto, é desta verdade que estamos falando.



Por isso, à questão posta: -“é possível alguém ser sincero em sua declaração e esta não ser verdadeira?” a resposta só pode ser negativa.



Assim como é um absurdo lógico e matemático, uma proposição demonstrada racionalmente, partindo de premissa universal verdadeira, ser falsa, também fora desta esfera, é impossível não ser verdadeira, para o indivíduo, uma afirmação que, brotada da constatação e da convicção, é comunicada com sinceridade.



Alguém poderia objetar que, não raramente, deparamos com declarações sinceras, a retratar convicção e até certeza por parte de seu autor e no entanto, não corresponderem aos fatos; por-tanto, não ser verdadeira.



Concordo, mas neste caso o suporte referencial para o julgamento mudou. Deixou de ser a convicção e a constatação do autor da declaração e passou a ser o mundo exterior, onde se locali-zam os chamados fatos e dados empíricos. O que se convencionou chamar de objetividade.



Mesmo a assunção deste critério, há de se repetir, jamais poderá ser a da universalidade das idéias, que ocorre na lógica formal e na matemática. O que se convencionou chamar objetividade há de ser pensado e definido em oposição à subjetividade. Subjetivo opõe-se a objetivo e não a universal, abstrato, absoluto.







Importa acrescentar que a defesa da verdade subjetiva não implica a aceitação da opinião ou dóxa, como digna de se sustentar, por ser ex-pressão de verdade subjetiva. À opinião falta a dupla condição para que goze do “status” de ver-dade subjetiva: a convicção e a constatação.



Quando alguém me diz “eu acho que choverá amanhã”, ainda que seja meteorologista, esta afirmação é mera opinião. E como não tenho convicção e constatação que geram em meu íntimo a certeza, a afirmação não é ainda verdadeira. Agora, o fato de eu ter afirmado que choverá a-manhã, se presenciado por grande número de pessoas, este fato (de ter externado minha opini-ão) pode ser verdadeiro ou falso objetivamente.



Suponhamos que alguém diga com convicção: “estou convencido de que Deus existe”. O interlocutor, mesmo ateu, há de aceitar esta afirmação como verdadeira para o autor da declaração, ainda que não seja verdadeira para ele. Nem poderá alegar para contestar-me que “não se tra-ta de verdade objetiva, e como tal a afirmação não merece crédito”.



A existência de Deus não se prova objeti-vamente. Inclusive, em filosofia é questão até hoje discutida, desde que o homem se descobriu como animal pensante.



Apesar de todo o esforço dos filósofos da Idade Média, não há provas convincentes, capazes de arrebatar o assentimento de todos os homens com a força do “fulgor da verdade”.



Para muitos filósofos constitui até falso problema. O mesmo que leva pessoas a querer provar algo com provas factuais e acabam apresentando apenas provas conceituais ou nominalistas (provas que se escoram no sentido das palavras e não no conteúdo real que elas possam estar representando). Quando não apelam para o recurso ao argumento imanentista, como aconte-ceu com o célebre argumento de Descartes: “Deus é um Ser perfeitíssimo. Se é um Ser perfei-tíssimo, tem de ter todas as perfeições. A existência é uma perfeição. Logo Deus existe. Do contrário, não seria um ser perfeitíssimo”.



Como se vê, partiu do conceito e concluiu com o mesmo conceito donde partiu. Em sua mente só analisou palavras e seus significados. Mas não conseguiu objetivamente provar a existência de Deus. Em outras palavras: provou a existência da idéia de Deus e não da realidade Deus. Imanentista, conceitualista, nominalista não importa, a existência de Deus para Descartes como para todos que acreditam na existência de Deus, não extrapola a esfera da verdade subjetiva. Convicção e constatação que alicerçam sua fé, sua crença. Mas, repito, não constitui uma verdade objetiva, embora esteja a infinitos anos-luz distante da mera opinião.



Sartre, por sua vez, mostra, em sua filosofia do “ser em si” e do “ser para si”, que a idéia da existência de Deus surge no homem, porque o “ser-em-si-para-si” habita todos os projetos humanos. O limite da aspiração embutida neste projeto é atingir o que falta ao para si, para tornar-se o “em-si-para-si”. O valor fundamental que preside este projeto é justamente o “em-si-para-si”, ou seja, o ideal duma consciência que seria o fun-damento de seu próprio “ser-em-si”, extraído pela pura consciência de si mesma. E depois de longo arrazoado nesta linha, conclui: “Deus, valor e fim supremo da transcendêncdia, representa o limite permanente, a partir do qual o homem se faz anunciar como aquilo que ele é. “Ser homem é tender a ser Deus” .



Avançando esta reflexão, temos de convir que neste universo da subjetividade, da constatação, da convicção e das certezas de cada um, à verdade se opõem a falsidade e a mentira. Por isso, não sou capaz de admitir que quem mente, o que é o mesmo que não diz a verdade, possa estar sendo veraz. Não sendo veraz, jamais poderá ser sincero.

Quando dentro desse quadro se coloca a questão do testemunho pessoal ser verdadeiro ou não e, em contrapartida, a de acreditarmos ou não neste testemunho, surge algo de curioso.



Vou tentar expô-lo recorrendo novamente a uma passagem do Evangelho. E ao fazê-lo, a mim me importa declarar ao leitor que a lembrança do Evangelho ou da figura de Cristo, desde o início, ao recorrer, como agora, ao Evangelho de João, ocorreram-me sem nenhuma intenção de conduzir minha reflexão para este alvo, já a priori planejado.



Como vê o leitor, o que acabo de declarar reflete de cheio, o conteúdo da reflexão ate aqui conduzida. Acabo de dar um testemunho referente à construção deste texto. Para mim estou sendo sincero e por isso meu testemunho é verdadeiro.



Agora, se o leitor tiver neste momento outro suporte referencial , aceitará ou não meu testemunho. Inclusive, quem sabe, poderia, se tives-se esta possibilidade e este poder, jogar-me no divã, hipnotizar-me e revelar que o testemunho é sincero e verdadeiro, no nível de meu consciente, não o sendo, porém, no nível do inconsciente ou do subconsciente.



Surgiriam, então duas verdades, apesar da minha verdade e da minha sinceridade continuarem intactas e intocáveis.



O contexto desta citação evangélica é o mesmo da citação anterior: a presença e o significado do papel de João Batista em relação a Cristo.



Ao trazer à tona o relacionamento de Cristo com João Batista, o evangelista João antecipa a narração histórica da presença do precursor de Cristo na Judéia, com reflexão do próprio Cristo sobre o testemunho. Trata-se do episódio da conversa de Jesus com Nicodemos.



Nicodemos, príncipe e doutor em leis e em escrituras sagradas, colocou em dúvida a palavra “renascimento”. Jesus acaba convencendo-o de que falava de renascimento espiritual ou seja da conversão religiosa e não de um novo nascimento carnal, este sim impossível.



O momento alto da resposta de Cristo encontra-se nesta dupla passagem:



“Em verdade, em verdade te digo: dizemos o que sabemos e damos testemunho do que vimos, mas não recebeis o nosso testemunho” “Se vos tenho falado das coisas terrenas e não me credes, como crereis se vos falar das celestiais?” (Jo: 3, 11 e 12)



Como a condução desta reflexão nada tem a ver com exegese bíblica, interessa-me a questão da verdade subjetiva do testemunho.



Primeiro constato que nas palavras de Jesus encontro argumento para corroborar a correção da distinção entre verdade subjetiva e verdade objetiva.



Ao declarar: “dizemos o que sabemos e damos testemunho do que vimos, mas não recebeis o nosso testemunho”, está mostrando a constatação e a convicção que condicionam a verdade (subjetiva) de uma afirmação. De fato, quem não está convencido do que pensa saber não “daria testemunho”. E quem, além desta convicção de saber o que está falando, é capaz de acrescentar “dou testemunho do que vi” reforça ainda mais esta convicção, a certeza do que está declarando. Avançaria dizendo que reforça, por-que tangencia a esfera da verdade objetiva, justo a obtida pela observação e constatação feita pelos outros.



Este tangenciamento fica evidenciado na frase seguinte, onde se refere plenamente à verdade objetiva: “Se vos tenho falado das coisas terrenas e não me credes, como crereis se vos falar das celestiais?”



De coisas espirituais ou celestiais (as que interessavam ao discurso de Cristo) não cabe pensar ou dizer que são acessíveis à verdade objetiva. Não podemos provar sua existência ou sua verdade com provas factuais. Só são verdadeiras, portanto subjetivamente. Uma constatação e uma convicção, que se dão no íntimo de cada um.



Seguindo a estrutura narrativa do Evangelho de São João, verifica-se que logo depois do episódio, que ensejou este discurso de Cristo, segue a passagem, onde o evangelista se ocupa do personagem João Batista.



Depois de contar a história de João Batista com o objetivo de enfocá-lo como o precursor do Cristo, curiosamente o evangelista repete quase as mesmas palavras dirigidas a Nicodemos: “Ele testemunha as coisas que viu e ouviu, mas nin-guém recebeu seu testemunho” (Jo: 3, 32)



Confirma, nesta insistência, que a verdade que está em jogo e que interessa a quem se ocupa das coisas espirituais ou do outro mundo, por ter fé e nelas acreditar é a verdade subjetiva. Não se trata da verdade objetiva, repito, justamente porque sua existência ou sua verdade não se po-de provar. Ou você aceita, porque se convenceu e passa a ter convicção, ou não aceita. Não pode é exigir, em nome da verdade, que prove com pro-vas factuais.



Há de se concluir, pois, que a verdade sub-jetiva existe e é tão importante quanto a objetiva. Portanto, há de ser respeitada tanto quanto esta, quer se dê em qualquer um destes campos: ética, moral, política, particularmente no comportamento humano, em nível social ou individual, quer no discurso e na comunicação, onde predomina o testemunho.



Ao concluir, ocorre-me que a reflexão mereceria transportar-se para o universo da Poesia. Sobretudo, diante dos primeiros versos do conhe-cido poema Autopsicografia de Fernando Pessoa: “O poeta é um fingidor. / Finge tão completamente/ Que chega a fingir que é dor /A dor que deveras sente”.



Prato substancioso para nova reflexão: se a “poesia” escrita e comunicada pelo poeta, en-quanto “depoimento” e “testemunho” de si mesmo e de sua leitura do mundo é ou não é sincera e como tal verdadeira (de verdade subjetiva), mesmo quando o próprio poeta declara estar mentindo, fingindo?



Mas o espaço não permite e menos ainda a paciência do leitor, se é que o tive e tenha chega-do até aqui.

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