É do conhecimento de todos – pelo menos dos mais bem informados – que, numa atitude muito louvável por sinal, a iniciativa privada e o governo querem dobrar o número de leitores no Brasil até 2010.
Para que essa meta seja alcançada, será necessário um trabalho muito árduo, levando-se em consideração as dificuldades existentes, além de um princípio óbvio: para que o número de leitores dobre, o número de analfabetos deve ser reduzido.
Só que apenas a diminuição do analfabetismo não é o suficiente para se resolver a questão do desinteresse do brasileiro pela leitura. O gosto pela leitura não é o mesmo que uma vocação. É algo que deve ser incentivado, cultivado, e isso o mais cedo possível, de preferência desde a infância.
Além de saber ler, é necessário que se entenda o que foi lido. E esse item, com base em recentes pesquisas na área da educação, é uma outra barreira a ser enfrentada para o êxito do projeto. Faltam investimentos na qualificação do ensino.
Muitos outros entraves poderiam ser citados, como por exemplo, os altos preços dos livros, que muito pouco encorajam aos leitores de menor poder aquisitivo; a cultura da ignorância promovida por alguns meios de entretenimento, como a televisão, que faz com que milhares de pessoas passem horas a fio assistindo a programas, filmes e novelas inúteis, que não acrescentam conhecimento algum, enquanto poderiam adquirir muito mais ao ler um bom livro.
Foi com certa comoção que li a notícia de que o número de inscritos no vestibular na Unir-Universidade Federal de Rondônia, para o curso de letras/português, oferecido no município de Vilhena, teve a menor quantidade de candidatos por vaga oferecida (praticamente 1 por 1). Como um termômetro, esse fato revela o alto grau de desinteresse pela nossa língua portuguesa e demonstra que há um difícil trabalho pela frente para que esse quadro seja mudado aqui no estado de Rondônia.
O ofício de professor, no Brasil, nunca esteve tão desprestigiado perante os aspirantes à universidade. Também pudera, trabalhar nas condições péssimas em que as escolas e universidades públicas sempre estiveram, além da falta de material e péssimos salários, é de desestimular qualquer um. Os governos nunca foram tão omissos com a educação. Sobretudo, o governo federal.
Agora colhem-se os frutos do descaso que vem sendo plantado há décadas e se medidas enérgicas não forem tomadas de imediato nessa área, o futuro tende a mostrar um quadro ainda mais sombrio.
É esperar para ver se dessa vez alguma coisa boa acaba acontecendo de verdade e os resultados positivos comecem a aparecer. Vamos ficar na torcida.
