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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->O ENCONTRO -- 29/09/2002 - 14:28 (COELHO DE MORAES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O ENCONTRO
-baseado na obra de Marta Lynch –
personagens: Homem, Mulher, Gordo e pessoas nas ruas.

O carro na noite. Pode ser um táxi. O hotel. A mulher sai do carro olhando a fachada. Ela está um tanto séria. Entram. O recepcionista tem que ser gordo. Ele tem um lápis apoiado na orelha. Sua muito. Tem um leve sorriso canalha.
Ela pensa: “ Talvez sejam sempre os mesmos em todos os hotéis”
Um geral dos móveis e ambientes. Um ar de falsa aristocracia. As mãos dela tocam objetos. Olha curiosa para tudo. Um relançar de olhares entre os três como se não confiassem um n outro.
O casal entra no quarto. As paredes. Cada parede tem um tipo de abordagem. Ora campos, ora sensualidade, ora flores, ora geométricos.
Testas suadas do casal que tira a roupa lentamente. Estão sérios. Ela observa seus sapatos e calças.
Ela pensa: São seus sapatos e calças que eu queria à luz do dia.
Ao longe o barulho de trens e barcos.
Dentro do carro.
Ela: Ficamos aqui. O resto do caminho faremos a pé.
(O casal caminha sem dar as mãos)
Ele: Aceitar. Deixar a coisa do jeito que é. Do jeito que está.
Ela: Você está preso a uma outra vida. Nem melhor, nem pior. Apenas uma outra. Distinta. Falsamente distinta em que a carne é uma coisa e o espírito é outra.
Ele: Nesse hotel não podemos. Tem muita luz. Não pode ser.
Ela: Aceitar. Deixar ficar, não é?
(fichas para entrar no hotel do gordo)
Gordo: Vão demorar muito?
(o casal se olha e dá de ombros, dúvida)
Gordo: São trezentos guaranis.
(paga-se. Ele a olha. Ela morde o lábio. O gordo a olha. Ela suspira fechando os olhos e molha os lábios.)
Entram no quarto. Cobrem os espelhos e fecham cortinas enquanto tiram as roupas. Apagam as luzes. Deixam o abajur. Sexo em penumbras e silhuetas. Só suspiros. Ela correndo por um túnel. A luz lá fim. Ela correndo para lá. Ou uma rua que desemboca numa praça iluminada. Traveling ao redor do casal sentado um sobre o outro. Se olham. Ilumina-se para grande constraste. Se mordem. Se lambem. Atingem êxtase.
Eles se pergutam a sua vez repetidas vezes: Quem é você?
(cada um cai para trás respirando fortemente. Olham para o teto.
O gordo anota valores em seu livro de pontos, molhando a ponta do lápis com a boca.
Saem, do hotel. Param na beira da calçada sob a luz do poste.Passam pessoas que os olham. Uma determinada mulher passa. Olha para ela. Fixa o olhar. Se olham. E depois a mulher se vai, olhando para trás.
Entram no quarto.
Nas paredes frases obscenas. Frases políticas. Frases de amor. Desenhos pornográficos nas paredes. Sereia.
Ela pensa: “Nessa tarde é a minha história que eu vou escrever aqui”.
Há uma seqüência de olhares brandos e ternos entre o casal.
Ela: Sinto cheiro de sêmen espalhado por todo canto.
Ela para na soleira da porta. Ele a abraça e desce a mão por sua cocha.
Ela: Muita gente já gozou aqui. Mas o mundo nos parece alheio hoje.
Ela se deita e abre as pernas. O homem se deita e começa a trepar porém a cada vez vai envelhecendo lentamente. Ela nem goza nem se manifesta. O homem vai ficando muito velho. Se olham. Ela o olha com curiosidade; ele a olha, velhíssimo, com um meio sorriso de desculpa.
Ela reforça os movimentos querendo gozar sem conseguir. Ela sempre para qualquer ação para ver se está ou não gozando.
O gordo anota mais um valor em dinheiro, molhando a ponta do lápis.
Ela: nada do que eu disser...
O gordo pega o telefone.
Ela: ... terá valor algum para nós.
O telefone toca barulhento no quarto. Toca uma. Duas. Ela atende. Ouve-se: Seu horário já acabou. (silêncio) Ela olha para o parceiro. Ele está humildemente velho, resgatando sua roupa. Envergonhado. Ela desliga e começa a pegar suas roupas.
Ele: Não sai sem mim. (pausa) Me espere.
Ela olha ao redor do quarto. Olha para a sereia.
Ele (enquanto põe a roupa) Acho que é o cansaço. (pausa) Eu até me sinto perplexo com isso tudo. (pausa)
Descem ao pórtico. Ele sai. Ela está atrás. Olha o gordo. Que dá um sorriso de boas noites. Ela olha para porta. Sobre ela está escrito: “Deixa estar.”
Ela pega táxi parado em frente ao hotel. Passa pelo velho parado na esquina. Ela o olha. Ele a olha. O táxi passa, dobrando a esquina.

FIM





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