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Artigos-->DESCONFIANÇA E DIVERGÊNCIA -- 11/09/2006 - 17:30 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DESCONFIANÇA E DIVERGÊNCIA



Délcio Vieira Salomon





Fiquei perplexo diante do impacto do derrame verbal do artigo “De imaculados, livrai-me Senhor” de Tarcísio Ferreira (EM, 13/01/04). Jamais imaginei que meu texto (EM:26.12.03) iria mexer com as convicções briosas do nosso entusiasta petista. Pena que extrapolou o limite da divergência e entrou na faixa cinzenta, em que não se distingue crítica às ideías de restrições à pessoa que as expõe.



Fez-me lembrar da reação furiosa de intelectuais italianos, no final do século XIX, que se insurgiram contra Lamartine, só porque este tinha declarado que a Divina Comédia era superior ao próprio Dante Alighieri.



Por isso, diante do que Tarcísio escreveu, sou levado a imitá-lo, erguendo as mãos aos céus para exclamar: “De companheiros, como ele, que preferem ferir amigos a não perder uma cáustica ironia, preveni-me Senhor”!



Só porque cobrei do PT e de Lula coerência entre o discurso da campanha e as atitudes nesse ano I do governo petista, Tarcísio se arvorou em escudeiro e defensor das promessas não cumpridas do nosso primeiro mandatário. Quis fazer-me sentir como herege que tocou, em gesto profano, a arca sagrada.



Traído pela preocupação em catar metáforas, se emaranhou no “tataranismo” das veredas sertanejas do velho Guima, e, ao invés, de encostar-me na parede, como pretendeu, confessou e não negou o fundamental de meu artigo. Está lá, ipsis litteris, em seu texto:



"Vejo assim as denúncias de infidelidade do governo Lula às palavras de ordem e slogans de campanha. Digo às palavras de ordem e slogans porque só quanto a estes elas estão, por assim dizer, comprovadas".



Justamente esta foi a tônica de meu artigo: Lula, em campanha, prometeu mudança, e nada mudou até agora. Infelizmente, todos que votamos em Lula, estamos sendo traídos, pois acredi-tamos na coerência entre discurso de campanha e atitudes de governo, pois confiamos que pessoas sérias não abraçam a dicotomia: “uma coisa são slogans de campanha, outra, os atos governamentais do eleito”. Não foi por cobrar coerência desse naipe que a senadora Heloisa Helena e os demais deputados foram expulsos do PT?



Espero que Tarcísio, a quem os admiradores, com justiça, elevam como guru do PT, nas Alterosas (que o diga Patrus Ananias, freqüentemente se aconselhando com ele, em passado não muito distante!) tenha se convencido do teor da escritura de Dídimo Paiva (EM, 18/01/04), sobretudo quando nos alerta:



"O que chama a atenção (...) é o algo mais que a mídia tem o dever de oferecer ao leitor, atordoado pela virulenta massificação informativa, o marketing oficial e o assembleismo planaltino. Algo mais? Sim, porque nada mudou desde que FHC mergulhou nas águas do Consenso de Washington, que o governo petista promete cumprir até 2006. Lula fez mais: elevou o superávit primário para 4,25% do produto interno bruto (PIB) com saldo de R$70,3 bilhões (...) Quanto maior o superavit , maior o corte de gastos públicos. (...) O governo cobra mais imposto, inventa taxas e contribuições para ter mais dinheiro e limpar a barra com o mercado. Com isto, dinheiro que poderia gerar empregos, vai para o bolso dos rentistas".



Diante dessa constatação Tarcísio mandou-me “esfregar virgindades” (baixo nível, não?), apesar de, em me conhecendo, saber que jamais em vida e muito menos em meu texto me tenha arvorado em virgem, vestal, imaculado ou em papel quejando, em que seu momento de “aspereza”, sem a diáfana doçura da “fantasia” tentou me alocar.



O que mais lamento é que seu texto não foi resposta à indagação : - por que Lula até agora nada tem feito que o diferencie de FHC?



Não “môo no aspro” como Tarcísio (ao menos segundo pinta), nem “fantaseio” tanto como pensa que o faça. Mas, recorrendo ao Grande Sertão: Veredas, de comum agrado, seu e meu, sou tentado a parafrasear Riobaldo: “Divêrjo do PT...Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa”.



Triste é saber que sua grei não permite divergência, nem desconfiança.

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