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Artigos-->NÓS E OS EUA -- 11/09/2006 - 15:24 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NÓS E OS EUA



Délcio Vieira Salomon



Corre pela internet discurso de Fidel Castro em comemoração aos natalícios celebrados em 14/06: o de Maceo – o herói 26 vezes ferido e participante em mais de 800 ações de guerra e Che Guevara – o eterno comandante, o herói de toda a histórica luta contra o imperialismo norte-americano, além de sinônimo de austeridade, integridade, espírito de sacrifício e ética.



Embora separados por oitenta e três anos, dois ídolos, selados por um destino comum: o sangue derramado para evitar que o império norte-americano se apoderasse de toda a América Latina.



A todo cidadão latino-americano, notadamente brasileiro, consciente dos fatos que têm marcado a história contemporânea, hão de calar fundo estas palavras de Fidel: “o domínio imperialista americano quer nos fazer voltar ao sistema colonial, ao sistema feudal ou ao sistema escravista, abolidos já há muito tempo pela história”



Estranhamente há muito já sentimos na pele a mais perversa forma de domínio e colonização norte-americana sobre nós: a de nos governar através da ideologia.



No tempo da ditadura militar de 64 até o final dos anos setenta, impuseram-nos a ideologia da segurança nacional. Agora a da dependência à Grande Nação, ou seja, a aceitação de sua hegemonia de maneira submissa e caudatária.



Exigiram de nós, sem crítica nem resistência de nossos governantes, o acatamento ao consenso de Washington e ao capitalismo selvagem, travestido em neoliberalismo. Tão senhores de nós, a ponto de um de seus mais autênticos representantes – o mega especulador Soros – declarar recentemente: “os brasileiros não votam em seu candidato a presidente, quem vota são os EUA”. Tradução: não adianta votar em Lula, quem vai ser escolhido pelos EUA é o senhor José Serra. Anda que tenham que recorrer a seu estranho e oculto poder e o façam da maneira mais disfarçada como sói acontecer com a ação de sua “inteligentsia”.



Foi assim contra Jânio Quadros, contra Jango. Foi assim com os militares no poder, com Sarney, após a estranha morte de Tancredo, e assim foi com Collor. E para reparar o hiato produzido pelos dois anos do nacionalismo de Itamar, tornaram a agir escolhendo FHC, com o suporte do super americanófilo Malan.



Até à declaração de Soros, pensar dessa maneira poderia cheirar à paranóia, à xenofobia, à má vontade com a Grande Nação. Desdém gratuito, quando não sentimento de inferioridade diante de seu poderio. Atitude de socialistas derrotados ou frustrados e à margem da história.



Tenho conversado com muitas pessoas de bem e esclarecidas. O temor é generalizado: será que os americanos permitirão a vitória de Lula? Se Lula ganhar, permitirão sua posse? Se tomar posse, permitirão que governe? Se governar, será por quanto tempo? Para os EUA, Lula significa guinada para o socialismo ou ao menos ressurgimento de paradigmas socialistas para o governo.



Para o obcecado establishment americano tudo o que cheira a social merece ser perseguido e destruído. Até no campo das ciências. Em A imaginação sociológica, Wright Mills confessou: o temor do socialismo é tão forte em nossa classe dominante, que conseguiram a façanha de trocar o nome das Ciências Sociais (Social Sciences) por Ciências do Comportamento (Behavioral Sciences).



Mas há lição a tirar: se Lula causa temor aos EUA, é sinal de que representa realmente o começo de nossa redenção, a efetivação de nossa independência apenas proclamada em 1822. Uma esperança que não merece ser estiolada antecipadamente pela fúria capitalista do hegemônico Tio Sam. Caberá a nós impedi-lo.





PS - este artigo foi escrito em 2001, pouco antes das eleições em que Lula saiu vitorioso. Relendo-o hoje, vejo que, realmente Lula, ideologicamente frágil e despreparado, teve de vergonhosamente capitular diante das pressões dos EUA para que pudesse governar. Talvez temeu acontecer com ele o que aconteceu com Jânio Quadros. Foi e tem sido, portanto, um pusilânime.

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