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Artigos-->ROMBO VERDADEIRO OU FALSO PROBLEMA -- 07/09/2006 - 22:07 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ROMBO VERDADEIRO OU FALSO PROBLEMA?



Délcio Vieira Salomon





Há quinze dias foi lançado "Beira dos Aflitos". Sei que ainda é muito cedo para saber da repercussão que o livro possa vir a ter. Se é que terá. Não importa. Ao menos as primeiras manifestações provindas de amigos e colegas são animadoras.

Houve uma que me impressionou. Seu autor viu mais do que imaginava pudesse ter colocado nas cento e quarenta páginas de texto tão despretensioso. Disse-me o velho companheiro, como eu “condenado à vagabunda-gem”: - “Seu livro me divertiu muito. Tanto quanto me fez pensar. Sim, somos os bodes expiatórios de um governante equivocado e de má-fé. Nós não somos o problema... somos a solução. Podemos ainda salvar este país condu-zido por jovens economistas cegos pela matemática distorcida que lhes tirou a visão dos aspectos sociais e hu-manos da realidade não enxergada. Vêem o aparente, mas não o oculto por trás do que querem ver”.

Hoje leio Gabeira na Folha de S.Paulo e noto que aponta para semelhante direção, ao referir-se a livro do filósofo John Gray, recém-lançado como crítica ao neoliberalismo. Relaciona o texto com as últimas atitudes de FHC e em tom reflexivo mostra que nosso presidente, ao tentar aplicar no Brasil receita internacional, parece tra-balhar com um país abstrato. Torna emblemática a reforma da previdência. Mas por viés proposital. Diz ele: - “Descobriu-se um rombo de bilhões de reais. A partir dessa constatação numérica partiu-se para a reforma. A absolutização dessa evidência é um equívoco, senão o próximo candidato à presidência seria o matemático Oswald de Souza”. Lembra que FHC e seus economistas de plantão não levaram em conta a importância que a apo-sentadoria representa paras as pessoas reais e a importância que ela tem na própria razão de ser da esquerda. Cita Norberto Bobbio que, depois de dissecar os concei-tos de esquerda e direita, conclui que “um dos fundamen-tos da esquerda é o desejo dos seres humanos de serem socialmente respaldados em sua velhice, depois de anos de contribuição”.

O noticiário desses dias enfatiza a reunião de FHC com governadores aliados ou simpatizantes, a fim de obter deles apoio à “fórmula” salvadora de emenda constitucional, a permitir a volta ao projeto de confisco de parte dos proventos dos inativos.

Em Beira dos Aflitos tento recorrer superficialmente à análise psicanalítica para mostrar que a aleivosia de FHC contra os aposentados virou obsessão. Ora, para quem entende, mesmo elementarmente, de política e de condução da coisa pública, o fato de atribuir a dívida do país ao “rombo” da Previdência e este ao chamado “privilégio” da aposentadoria paritária dos inativos da União, não é apenas falsear o problema, é mentir demagogicamente para a população, desviando-a da verdadeira questão.

Suponhamos que FHC consiga seu desiderato: não só confiscar os inativos, mas, inclusive, remendar a Constituição neste como em todos os demais pontos que almeja. Conseguirá recuperar o país? Fará o país voltar ao desenvolvimento, no mínimo 10 % da época JK? Resolverá os problemas da saúde e da educação? Diminuirá significativamente o índice de desemprego? Reduzirá, em nível admissível, a pobreza e a miséria?

Todos o sabemos: - óbvio que não. Sempre encontrará um bode expiatório sobre o qual lançar culpa de seu próprio fracasso. Este reside 1º) em sua inapetência para ação. 2º) em sua equipe econômica e 3º) no grupo de interesses escusos que o apóia.

O propalado “rombo” de fato não está na Previdência. Está na falta de visão do verdadeiro problema. Está agora, sobretudo, na dívida que FHC contraiu com o FMI, à revelia de toda a Nação, para cumprir imposições de um organismo internacional que jamais teve o propó-sito de olhar o lado social de nossa realidade como nação. Sim, FHC sabe que o “rombo” não é o verdadeiro problema. Mas finge não saber e como bom francófilo sabe que está fazendo do alarde um “excusez du peu”.

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