Nestes tempos modernos nada acontece sem o que chamamos de patrocinador. Isto é bom, pois finalmente se achou alguém que pague as contas de pessoas que aproveitam a vida fazendo o que querem. Em troca, dão um jeito de aparecer na TV, colocar uma faixa, posar para fotografias em revistas e o que mais seja possível, mesmo que canse um pouco. Só um pouco, não convém exagerar. Aparecer que eu digo, é aparecer e mostrar a marca do patrocinador que, mostrando-se ao lado de alguém famoso, espera que o consumidor se enterneça e em retribuição compre seu produto. O pior é que acaba comprando. Não desse resultado, não gastariam tanto tempo em patrocínios. Assim, o patrocinado deve estar ao lado de sua marca, mostrá-la, de preferência usando os produtos, seja o cavalo da marca de cigarros, seja a camisinha da fábrica de fraldas. Sem patrocínio não há menção à marcas.
De minha parte, a única coisa que acho errada com os patrocinadores é o fato de que, por algum motivo que eu ainda não compreendi, patrocinam tanto e a tantos, mas não a mim. É uma pena. Para mim é claro, eles estão vivendo bem até agora sem a minha ajuda, se bem que se sentiriam mais reconfortados se me tivessem em seu elenco. Falando assim mais sinceramente, estou me sentindo rejeitado por não ter um patrocinador. Mais que isto, estou me sentindo pobre. Não precisa muito. Algumas notas de cem e uma ou outra canetinha da Feira do Paraguai e eu já me sentiria patrocinado. As notas podem ser estas nacionais mesmo. Em troca, toda vez que eu aparecer na TV, prometo usar um chapéu ou camiseta dos honoráveis patrocinadores. Se necessário uso os dois, não há dificuldade.
É bem verdade que não tenho aparecido na televisão nos últimos anos, assim talvez seja melhor escolher alguma outra forma de retribuição. Vamos deixar a TV fora disto. Afinal, quem vê TV? Proponho então compensar o patrocínio com algum comentário airoso sobre os produtos, assim sem que o leitor note a minha intenção. Talvez uma mensagem do patrocinador no rodapé de cada crónica. Talvez a logomarca no cabeçalho. Espaços laterais se preferirem. Bem, se necessário, faço toda a crónica sobre o patrocinador, finalizando com um apelo veemente no sentido de que os cinco ou seis leitores que disponho comprem o tal produto. Em último caso eu ligo pros leitores e peço para comprar o produto.
Invista em Cronicas. Você leu, não leu?
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