Campina Grande, Campina
Vou dizê sem pabulage
O qui tu tem de beleza,
O qui piçues de grandeza.
Im redó da tua image.
Sois a porta de entrada
Dos sertanejo de riba,
Sois a “Cidade argudão”,
A rainha dos sert/ao,
Orgúio da Parahiba
Sois a cidade feitiço
Dos fio das outras terra,
Qui aqui vem fazê morada,
Levando a vida forgada,
Na vida qui tu inserra
Sois a cidade “aloprada”
Sois a cidade sustança!
Riúna dez cidadinha,
Qui tu Campina, sosinha
Pesa mais numa balança.
Campina Grande, Campina,
Sois a cidade ‘Pae D’égua”
Dos sobrado dos ricaço,
Dos “bangalou”, dos palaço
Das rua de meia légua!
Campina Grande, Campina
o teu comerço famôso
Faz a gente se alembrá
Das coisa discumuná
Das istora de trancoso
Sois a cidade ingraçada
Das briga de fim fêra,
Mode um cachimbo de fumo
Um bêbo fora de prumo
Barre mão da “lambedêra”
E lá vai faca pra riba!
Arreda pra lá mundiça
Qui eu hoje tou é danado!
|dipressa chega o sordado
Leva o bebo pra puliça.
Sois a cidade infeitada
Na festa da Cunceição,
Na festa da padruêra
Onde se vê “beradêra”
Bunita qui só o cão!
Sois branca cumo a Sodade
Irmã da rescordação,
Quando a rua das Areia
Tá intupida, tá cheia,
Só de saca de argudão.
Sois verde cumo a Isperança
Essa grande arcuvitêra
Quando o verde das verdura
Enche as ruas cum fartura
Nos banco das verdurêra!
Duvido, Campina Grande,
Tê cidade qui se afoite
A t~e noite cumo as tua
Quando o arfange da lua
Corta a mantía da noite!
Purisso, Campina Grande,
Tu sois a grande cidade,
Sois a cidade maluca
Onde armei minha arapuca
Prá pegá Filicidade!...
Obs: A quem interessar possa:
Aos 24 de maio de 1937 o escritor José Lins do Rêgo escrevia num dos jornais do Rio de Janeiro, sobre o seu homônimo Zé Da Luz, o apaixonado depoimento: “Os poemas de Zé da Luz são de uma espontaneidade e de uma força poética que nos arrastam à terra e ao Homem do Sertão do Nordeste. A Paraíba deu ao Brasil um CatuloCearense que irá longe: Zé Lins estava certo. (Manoel Monteiro).