Se não bastasse o PT, desesperado e enrolado na lama, ter vibrado com a ação do PCC em São Paulo, exultante porque desgastou o adversário; achando pouco o eloqüente apoio ao advogado bandido que achincalhou o Congresso Nacional;
achando, ainda, como coisa desimportante a invasão da Câmara dos Deputados,onde agrediram as pessoas, depredaram bens públicos, numa ação simbolicamente mais grave do que a de São Paulo, porque atingiu a casa que, com os maiores defeitos que possa ter, é a única segurança que temos para sustentar nossa tênue democracia; pois, com tudo isso, o partido ainda quer se apresentar como democrático.
O fechamento do Congresso significaria o arrolhamento definitivo da liberdade, de expressão, de ir e vir, do direito à justiça, do direito à informação com a mordaça da imprensa. As consequências seriam tão nefastas para a nação que os segmentos sociais dotados de juízo e bom-senso esboçaram uma reação rápida por entenderem que essa ameaça não era mera fumaça de alarmismo, mas um perigo real de sucumbirem-se a democracia e o bem supremo da liberdade.
O PT não pode fazer de conta, como em todos os episódios tristes que recentemente estarreceram o país, que não tem nada a ver, porque tem sim. O chefe daquela baderna, Senhor Bruno Maranhão, é dirigente dos movimentos ditos sociais do PT, seja MST, MSLT, Sem-Teto e outros "sem", enganando os Sem-Nada. Bruno Maranhão é comensal do Senhor Presidente da República, companheiro seu de luta, de ideal e de ações políticas. Por isso, foi estranho o PT tirar o corpo fora do episódio,inclusive porque não colou.
Aliás, o PT, para ser coerente, deve assumir a sua postura de solidariedade a esses movimentos, apresentar a sua identidade verdadeira, batalhando, desde que dentro da democracia, pelo poder, com sua filosofia exposta desde a sua fundação. Não deve exibir essa identidade falsa de democrata liberal, porque, quando se critica o governo Lula, os petistas se assanham e xingam as pessoas, dizendo-se perseguido pelas elites, pelas alas conservadoras, como se o governo do PT não estivesse executando uma política ortodoxa própria do mercado globalizado, conservador, concentrador de riquezas, linha que o PT ainda diz abominar. Mas pratica. Ou seja, o PT defende a sinistra(esquerda) italiana, mas executa a direitista forma de governar.
Se isso não é enganação, engodo, rasguemos todas as cartilhas político-econômicas e procuremos, talvez em Marte, uma ideologia que concilie socialismo de estado com a liberal-democracia.
A verdade é que o PT está em crise de identidade e vaga sem rumo em busca de uma saída.
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