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Artigos-->MUDANÇA DE VALORES -- 02/09/2006 - 12:49 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MUDANÇA DE VALORES



Délcio Vieira Salomon







Na década de 50 do século passado, Lynn White, jr. coordenou a publicação, de excelente texto: o Frontiers of Knowledge in the Study of Man (Fronteiras do conhecimento no estudo do homem).



Ao escrever o capítulo final, registra as mudanças de cânones de nossa cultura. Sua leitura leva à convicção de que nossa imagem de pessoa humana, na época contemporânea, está mudando.



Sintoma desta mudança é o fato de que já não se considera adequado analisar o Homem como o conceberam os livros sagrados e como o definiram os filósofos gregos – definição encampada pelo mundo ocidental antigo, medieval e moderno.



Fala-se, hoje, de gente, dos modos em que atua e interatua, pensa e sente, em termos da pauta de uma cultura determinada e de como o desvio das normas dessa cultura conforma os indivíduos e eventualmente reestrutura a pauta cultural.



Defende a tese de que os próprios cânones de nossa cultura herdados dos gregos estão mudando: o cânone do Ocidente substituído pelo cânone do universo; o cânone da lógica e da linguagem (por dois mil anos o Ocidente teve como axioma que a lógica e a linguagem constituem instrumentos aperfeiçoados da análise e da expressão intelectuais) substituído pelo cânone dos símbolos (começa-se a ver que o traço distintivo da espécie humana é sua condição de animal criador de símbolos - o Homo signifex - que tem a necessidade de criá-los para enfrentar humanamente a experiência); o cânone da racionalidade (pelo qual a razão é o atributo humano por excelência e tudo o que não seja racionalidade é menor que ela e é subumano) deslocado de seu pedestal para aceitar em pé de igualdade o cânone do inconsciente (a razão não é tudo na mente humana, pois a percepção do alcance, dos perigos e das potencialidades do inconsciente torna-se essencial para nossa nova imagem de pessoa). Finalmente o cânone da hierarquia de valores substituído pelo cânone do espectro de valores. Por aquele, algumas atividades humanas são por natureza mais proveitosas que outras. Já pelo novo cânone toda atividade humana encerra a possibilidade de grandeza. Sua contemplação e prática adequadas prometem, como recompensa, a compreensão: “que é Buda?” - perguntou o noviço Zen - “três libras de arroz”, respondeu o superior - “todo caminho para o céu já é céu”, disse Santa Tereza de Ávila.



A noção de espectro de valores se opõe a todos os dualismos em que esteve escondida no Ocidente, durante mais de dois mil anos, a unidade da experiência humana real.



No momento atual, estamos atingindo a culminância não só da mudança de cânones, mas, lamentavelmente, a da derrocada de valores, tanto os cultivados desde o início da civilização ocidental como os resultantes da própria mudança.

Tudo porque está sendo desprezado o valor supremo e imutável - a Vida - que se torna o suporte de toda a “paidéia” ocidental ou de toda a superestrutura como diria Marx (incluindo aí, naturalmente, a cultura, a ciência, a arte, a religião, as leis, a ética). Portanto, de todos os demais valores.



Diante da violência desenfreada, do terrorismo, do militarismo, das guerras, das ditaduras, das democracias de fachada e da corrupção de toda espécie, constatamos que a vida em si (não só a humana) já não vale nada. Não só para os bandidos de toda espécie. Também para os poderosos de fato e de direito. No desprezo à vida ambos se equivalem.

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