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Artigos-->NA MICROFÍSICA DO PODER -- 02/09/2006 - 12:48 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NA MICROFÍSICA DO PODER



Délcio Vieira Salomon



Não fosse preocupante diria que estamos vivendo um momento político bastante rico, sobretudo se visto sob o olhar dialético. Justo por sabermos ser a realidade, ela mesma, e nós mesmos, contraditórios por natureza. Ela por ser cognoscível e transformável e, ao mesmo tempo, resistente a todo propósito nosso de conhecê-la e modificá-la. Nós, apesar de sabermos ser ela inalcançável em sua essência, insistimos em nossa capacidade de conhecer e contentamos em captá-la, através das aparências e das versões dos fatos.



O terremoto provocado pelo caso Waldomiro Diniz abalou de tal forma as estruturas do poder que deixou o presidente desnorteado. Escancarou a verdade encoberta pela empolgante campanha da esperança e da promessa de mudança: Lula, infelizmente, tem demonstrado estar despreparado para exercer o poder como todos, que nele votamos, confiávamos que exerceria.



Basta atentar para o cipoal em que se meteu, sem saber como se livrar de tantos tentáculos. Até outro dia, confiou na assesoria, mas, se vê que escolheu a inexperiência para aconselhá-lo. Deixou-se levar pelas coreografias virtuais da mosca azul e pelo estrídulo fretenir de grilos falantes em seus ouvidos.



A perda do comando de José Dirceu deve ter-lhe doído mais que o dedo amputado no torno da metalúrgica de São Bernardo. Ao ver flagrada a “conspiração” do promotor Santoro contra seu governo, sentiu maior alívio que Prometeu acorrentado no rochedo, diante da esvoaçante Io a compadecer-se de seu infortúnio e a prenunciar a complacência de Zeus.



Mas o efeito balsâmico durou pouco. Eis que se vê novamente sacudido pelas intempestivas críticas de quem menos autoridade moral e política teria para fazê-lo: o sr. FHC, conforme bem frisou o sr. Hindeburgo Diniz, ao declarar: “Temos de concluir que nossa debilidade atual é conseqüência da política suicida posta em prática durante os dois mandatos de FHC” (EM: 07.04.04



Fato histórico, que todos esperávamos fosse contrariado pela administração Lula. Ao contrário, nos surpreendeu, tomando FHC como modelito de governo, seguindo fielmente seu receituário junto ao FMI.



De repente, em pleno “bate-rebate” das acusações em que se engalfinham o presidente do PT, José Genoino e o do PSDB, José Serra, ainda envolvidos pelo olho do furacão conspiratório de Santoro, eis que Lula, descumprindo o aconselhado a seus ministros e assessores, rompe o “pacto do paz e amor” e vem a público com nova catilinária contra FHC e seu governo.



Analistas políticos dirão: “tudo isso é próprio de ano eleitoral”.Tomara que tivessem razão. A mim me parece que ano eleitoral é apenas pano de fundo. O ano passará e as crises continuarão cada vez mais se agravando. É que Lula governa, mas não tem poder.



Um dia Michel Foucault, tentando penetrar fundo na estrutura, ou melhor, na microfísica do poder (como ele a denominava), se interrogou: “nosso embaraço” (em penetrar nessa microfísica do poder e em encontrar formas de luta adequadas para conquistá-lo e exercê-lo com eficiência) “não virá de que ainda ignoramos o que é o poder?” E arrematava: “foi preciso esperar o século XIX para saber o que era a exploração; mas talvez ainda não se saiba o que é o poder” Uma coisa ele tinha como certa: “sabe-se muito bem que não são os governantes que o detêm”.



Ao final denunciava que existe uma classe dominante que, misteriosamente, sempre exerce o poder, sem nunca ter recebido delegação, nem representatividade para tal.



Lula não pode esquecer esta grande verdade: governar é reagir contra essa terrível classe dominante, sem nome e sem rosto, mas que está sempre por trás dos bastidores do poder. Não pode com ela pactuar, como lamentavelmente está fazendo.







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