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Artigos-->POR UMA UNIVERSIDADE DA ESCRITURA -- 02/09/2006 - 12:44 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
POR UMA UNIVERSIDADE DE ESCRITURA



Délcio Vieira Salomon





Li no Estado de Minas (21/10) artigo da professora Bárbara S. C. Flecha, que abordou a falta de orientação substantiva e metodológica aos alunos, nos mestrados brasileiros da atualidade, o que está depondo contra a qualidade da nossa pós-graduação.



Ao mesmo tempo, é sabido que, pela internet, estão sendo oferecidos, como mercadoria ao consumidor, teses de doutorado e dissertações de mestrado. Basta pagar determinado preço, que se tem, em poucos dias, pronto e dentro da “normalização de publicações técnico–cientíicas”, o tabalho acadêmico requerido.



A denúncia da professora Bárbara e esse fato “mercantil” têm intima relação. Refletem o neoliberalismo imperante, pautado pela “lei de Gerson” e a ganância pelo lucro.



Vivemos momento ideológico em que a máxima “o fim justiica os meios” tornou-se apequenada diante de tanta falta de escrúpulos e safadeza em todos os setores.



Para grande parte de nossos pós-graduandos intressssa apenas o certificado de conclusão do curso. Não os movem a “real contribuição para o conhecimento do tema”, nem a comprovação de “capacidade de investigação” como estabelece o antigo Conselho Federal de Educação (CFE).

A professora Bárbara alerta a comunidade acadêmica para que “reflita sobre o tema e procure redirecionar sua ação”.



Como livre-docente aposentado e que ainda alimenta a utopia de ver a universidade primar pela qualidade, gostaria de contribuir com minuto de reflexão sobre o assunto.



Em janeiro de 1980, em entrevista à revista Encontros com a Civilização Brasileira, Darcy Ribeiro dizia com ironia: “O mestrado não é em si um curso de muito alto padrão (...) A maior parte dos universitários formados na universidade são uns analfabetos, no sentido de que não dominam a língua, são incapazes de escrever um texto limpo e correto”(...) “Trata-se de uma prova de letrado e treinamento de letrado”.



Apesar de prenhe de razão e lastrada na autoridade intelectual do autor, a frase doeu fundo em muitos PhDs, responsáveis pela pós-graduação.



A meu ver, o núcleo da questão não está, nem na pretensão de alta qualificação dos primeiros cursos de mestrado, nem na falta de orientação individual por parte dos atuais professores dessa instância da pós-graduação brasileira, como aponta a professora Bárbara. Está no descaso pela educação superior revelado por nossos governantes, inclusive o atual. Mas não é por essa senda que desejo contribuir com minha reflexão.



Desde que o assunto é a feitura da dissertação de mestrado gostaria de sugerir ao ministro Cristovam Buarque duas medidas: 1) que se comece a preparar a pós-graduação, desde a graduação, através da obrigatoriedade do paper - 2) que se institucionalize a pósgraduação lato sensu,

em caráter obrigatório, para todos os futuros

mestrandos e doutorandos.



Essa sugestão é baseada na dupla observação de Umberto Eco, em Como se faz uma tese. Diz ele:



Presume-se que o estudante saia da escola secundária já sabendo escrever, pois lhe deram uma infinidade de temas para redação. Depois, passa quatro, cinco ou mais anos na universidade, onde via de regra ninguém lhe exige mais que escreva, e se vê diante da tese completamente desapercebido. Será um grande choque” (...) O mesmo não acontece em outros países, como os Estados Unidos, onde o estudante, em vez dos exames orais escreve papers, ensaios ou ‘pequenas teses’ de dez ou vinte páginas para qualquer curso em que se inscreveu”(p. 83)



A universidade brasileira precisa acordar para o fato de que escritura e leitura são mais importantes que a “fala do mestre” e a assistência às aulas. Urge conscientizar o aluno, desde cedo, de que importa muito mais o que ele produz do que aquilo que ele ouve.





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