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Artigos-->MORTES POR ASFIXIA -- 01/09/2006 - 09:21 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos










No domingo, 13 de agosto de 2006, este jornal publicou uma matéria macabra, através da qual ficamos sabendo o crescimento do número de mortes por asfixia aqui em Jaú, em determinados meses do ano. A asfixia é quando não temos ar para respirar, ou o pouco que se tem está carregado de detritos poluentes, tal e qual o carvão suspenso em forma de poeira invisível, mas sensível aos nossos pulmões e para piorar ainda temos a baixa umidade do ar, e somando-se a esse quadro dantesco, ainda aparecem os incendiários de terrenos baldios, os quais apreciam e muito os cenários infernais em volta deles, ou em volta dos inocentes.



Segundo a matéria, nos cinco meses de maio a setembro de 2005, morreram 365 pessoas, ou um porcentual de 44,78%, nos meses em que as queimadas e o ar seco chegaram ao apogeu. Nos meses de janeiro, fevereiro, março, outubro novembro e dezembro, isto é, quando as queimadas foram menores, morreram 450 pessoas, ou 55,21% do total de 815 pessoas naquele ano. Nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro praticamente não há queimadas em razão das chuvas. O corrente ano já dá mostras de que deverá ser igual, ou pior do que o ano passado.



Está mais do que provado que em cinco meses (150 dias) de sufoco da estiagem e das queimadas morre quase o mesmo número de pessoas, em relação às que morrem nos sete meses (210 dias) sem queimadas e com três ou quatro meses de chuvas eventuais. Claro que tais mortes não chegam a ser tão-somente pela asfixia. Existem as mortes naturais, que são muitas, uma vez que os números colhidos no cemitério de Jaú pelo jornal são de forma geral. Mas, percebe-se claramente que nos meses de maiores queimadas, que são justamente os meses também de grande estiagem, quando o ar está seco, as mortes crescem de forma até assustadora.



E, neste caso, se uma pessoa está com alguma doença, ou mesmo fraca, necessitando de auxílio médico, certamente que a estiagem e as queimadas podem agravar o problema, apressando a morte da pessoa. Isto porque quando chega esse período, chega também o tempo das gripes. Muitas vezes podemos confundir uma pneumonia gerada pelo excesso de ar poluído com uma gripe comum. E quando somos atendidos pelo médico - se é que somos atendidos - já estamos à beira da morte. Isto aconteceu comigo em junho de 2001. Quase embarquei numa viagem sem retorno.



Nossas autoridades cinicamente dizem que “temos de conviver com o carvãozinho”. Essa gente alienada vive em redutos bem protegidos, com ar-condicionado tanto no trabalho quanto na residência. E estão pouco se lixando para as pessoas que morrem em Jaú vitimadas pela asfixia. Os usineiros vivem em residências longe do ambiente jauense de terror que essa poluição ambiental causa. Como pode uma cidade investir em turismo, se o turista sabe que vivemos como num campo de concentração, onde se respira pó das queimadas e chove cinzas diariamente. Ele vai querer ficar o mais longe possível de Jaú.

Fala-se na geração de empregos que o setor sucroalcooleiro promove. Não podemos chamar aquilo de emprego, ou trabalho digno. Está muito mais para um tipo de escravidão. Seria até muito digno se pagassem bem àqueles trabalhadores simples e honestos, trazidos de outros rincões justamente por falta de empregos. São colocados em locais indignos de se viver pelos tais “gatos” e ganham uma miséria, conforme tenho visto e ouvido em muitas matérias jornalísticas. E isto tudo ainda é chamado de “democracia”. Imagino que nosso conceito de liberdade e democracia, além de república, deveria ser alterado, porque parece que não sabemos o que é tudo isso. Damos erroneamente um exagerado valor a um jogador de bola, mas não damos nem um milionésimo desse valor a um cortador de cana. Talvez seja por isso que o povo judeu ama demais Israel. Lá a democracia não é apenas um conceito, ou uma utopia. É muito bem compreendida, vivida e defendida pelo povo israelita, mesmo com as bombas caindo em cima deles. Já aqui no Brasil as pessoas se matam por causa do futebol, ou seja, inutilmente.



Jeovah de Moura Nunes é escritor é jornalista.



(matéria publicada no jornal "COMÉRCIO DO JAHU" de

domingo - 27 de agosto de 2006 - página 2)
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