AD INFINITUM
O indefinido
se me depara
súbito.
Posta-se incontinenti
sem mágoa,
nem delongas
nem aura,
sem mistério.
Planta-se
diante do outro –
que sou eu –
nada se me interroga
nem responde,
nem infere
tampouco instiga.
Indecifrável
às vezes,
indizível
e silencioso.
Flagra
meu susto
esperável, insuspeito.
Minha face hirta,
o dedo rijo,
mãos incertas.;
assalta-me mais que
imperfeito,
superável.
Cobra-me
o coerente perdão,
a inata paciência,
o quieto julgar-se,
mas sem ditar
regras ou normas
ideais.
Ideário qualquer,
algum recado
mensagem esotérica
brusca imagem,
dispensável.
Absorve-me
e não absolve
meu atual sito, minha
cor morena, mera melanina
adquirida ao redor
desse tempo
que me dei o luxo conviver.
Avançada a hora,
A semana, o mês gregoriano...
Provável se faça
precise partir
(ao meio?)
o irretocável,
agora e sempre
quando o indefinido
me desperte, enfim.
Walter Silva
Maio de 1997.
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