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Cartas-->AOS MEUS COMPANHEIROS -- 22/06/2002 - 04:07 (Falange) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Foi um tempo de sonhos e de certezas, quando pensávamos que a união era tudo e preencheria as nossas vidas. Foi um tempo de problemas divididos sem angústias, de dor compartilhada, a alegria estava presente mesmo na dor, pequenos momentos de dor, momentos mínimos que desapareciam ante a força que tínhamos quando juntos. A realidade era dura mas não a sentíamos tanto porque nos amparávamos; um por todos e todos por um... era mais fácil assim, estávamos sempre fortalecidos e parecia que o grupo jamais acabaria. Éramos fortes, unidos, organizados e estruturados. Onde nós nos perdemos? Queríamos voar alto e voar juntos, passando por cima de qualquer obstáculo em nome da união. "FORÇA E UNIÃO". O que aconteceu para isso acabar? O tempo não volta. Mas dizem que a vida dá muitas voltas. Quem sabe um dia? Estou brincando. Chega de saudosismo, não é?
Vermes do Sistema, a Lenda. Só restou mesmo isso. O que fazer agora com a lenda? Não quero ser um mito, não quero mais que as pessoas criem expectativas em torno de mim, eu não quero mais ser o centro das projeções especulativas das pessoas em função da admiração ou rejeição que causávamos. Uma relação de amor e ódio delas conosco; nós não estávamos nem aí.
Todos agora esperam algo grandioso de mim, e eu não correspondo a isso, não quero ter obrigação de corresponder à expectativa de pessoa alguma no mundo apenas porque um dia fiz parte da Vermes do Sistema. E não quero viver em função do passado. Já era. Não é como eu queria mas as coisas foram se desenrolando assim, não dava mais pra manter, vocês sabem, e insistíamos em levantar uma bandeira que já não tinha como, então criamos alguns mecanismos de sustentação e de controle e foi aí o nosso principal erro. A V.S. não mais subsistiria, cada um de nós teve sua parcela de culpa, mas não havia mais a fazer.
Muitas pessoas me cobram a volta da Vermes do Sistema, como se dependesse exclusivamente de mim, como se eu pudesse resgatar o grupo. Eu já estou de saco cheio, eles não percebem como dói em mim ficar destrinchando esse assunto com explicações que nunca os satisfazem. Eles acham isso e acham aquilo sobre nós. É uma nova ciência, sabe? ACHEOLOGIA, a ciência do "acho", até eu dou uma de acheóloga de vez em quando. Mas quem na verdade tem certeza sobre as coisas? Nós tínhamos um monte de certezas e uma boa parte delas se mostraram falsas.
Vocês também passam por isso, não é? Hoje em dia eu não estou me reconhecendo mais, nem sei mais o que eu penso, se é que penso, nem o que quero. Estou muito inconstante ultimamente, extremamente volúvel. Mas o que me tortura são as cobranças indiretas. O que será que devo fazer para calar a boca de todos? Dizer apenas que não tô afim de falar sobre isso? O que? O que devo fazer? Não, não me digam nada, tenho que encarar tudo sozinha, afinal, o grupo acabou. Cada um por si agora.
Talvez seja melhor que eu me afaste de todos. Não de vocês, mas de todas as pessoas que conheço. Quem sabe conhecer outras pessoas que não sabem sobre o meu passado? Todos os meus amigos e conhecidos sabem sobre nós. E todos idealizaram a Vermes do Sistema, e correspondíamos a essa idealização. Isso mexeu com a cabeça das pessoas, elas não podem admitir que possamos existir sem a V.S hoje, que possamos ter uma vida independente. Todos vão sempre tocar nesse assunto, ficar comparando, nunca vão nos enxergar sem o estigma da V.S. É o horror da mitificação. Estou sufocada, chega de cobranças, chega de ter que corresponder às expectativas dos outros, ver a cara de todo mundo indagando: o que é que ela vai fazer a partir de agora? E ter que fazer algo à altura da V.S.
Bom, pelo menos essa carta serviu para desabafar. Estava tudo entalado dentro de mim. Saibam que meu coração ainda está com vocês, e sei que ainda podemos nos chamar de irmãos. Pelo menos alguns de nós. Um grande abraço, caros irmãos.



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