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Artigos-->O país das cooperativas -- 29/08/2006 - 10:34 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O país das cooperativas





Pela televisão, durante comício no interior de São Paulo, ouvi mais uma bravata do presidente Lula: o Brasil será o pais das cooperativas, nenhum outro, em todo o mundo, terá tantas cooperativas quanto nós!

Como só vi pequena parte do pronunciamento do candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva, fiquei sem saber se ele se referia a cooperativas de consumo, agrícolas, de trabalho ou mão de obra, de varejistas, cooperativas de crédito, ou a todas, indistintamente. E isso faz uma grande diferença!

Não sei se o presidente está informado de que, nas décadas de sessenta e setenta, a maior parte das cooperativas de crédito do Nordeste “quebrou”, muitas gerando prejuízos a seus sócios e consequentemente correntistas.

Quando fui dirigente de um banco que possuía filial nas principais cidades do Norte e Nordeste ajudei o Banco Central a liquidar várias cooperativas de crédito, em substituição a elas instalando agências nas respectivas localidades. Embora não houvéssemos detectado falcatruas da parte de seus diretores, a gestão era simplesmente desastrada, amadorística, os processos de trabalho anacrônicos e os controles inexistentes.

O presidente talvez não saiba que em 2002 havia sete mil e seiscentas cooperativas no país, classificadas segundo treze tipos de atividades. As que se dedicavam a alugar mão de obra (cooperativas de trabalho) e as de saúde representavam cerca de quarenta por cento do total. Sua função social é severamente questionada, assim como os riscos de natureza trabalhista são considerados altos. Esse tipo de entidade elimina o emprego nas empresas que as contratam, significando a terceirização de muitos serviços básicos que deveriam ser por elas prestados. Há, por exemplo, hospitais sem um só empregado, todos que são associados a cooperativas de saúde!

Espero que ele não tenha se referido a essas cooperativas.

Isoladamente, as 1.660 de agropecuária possuíam a maior expressão no grupo, um número expressivo de cooperados (875 mil) e o mais alto contingente de empregados (111 mil).

Muito provavelmente ele queria fazer alusão a elas, que podem ser organizações de indiscutível valor na sociedade.

Não obstante a importância das cooperativas, elas não encontram terreno fértil na nossa região Nordeste. Por aqui não há muita tradição associativa, diferentemente do Sudoeste e Sul do país, onde os imigrantes europeus e japoneses trouxeram uma cultura diferente da nossa.

Conheci muitas cooperativas agrícolas e até fui associado de uma delas, quando fui proprietário de fazenda voltada à criação de vacas leiteiras.

Nesse caso, e em tantos outros, a tal cooperativa tinha um verdadeiro “dono”, que a administrava a seu bel prazer. Como ocorre frequentemente, havia um grupo que predominava sobre a maioria, gente ligada a partido político que se beneficiava dos repasses e outros serviços oferecidos pela entidade. Aluguel de tratores, venda de sementes, compra de produtos, antecipação de recursos e mais algumas benesses tinham destino certo: iam primeiro para o “dono”, seus parentes, amigos e correligionários políticos.

Essa situação não é fato incomum nas cidades do interior do Nordeste: os dirigentes se locupletarem com os serviços das cooperativas que gerenciam.

A direção de uma cooperativa, entidade que goza de imunidade tributária, é uma verdadeira missão, exige espírito público e altruísmo dos que a exercem, da mesma forma como os que atuam nas entidades filantrópicas.

Tanto quanto possível, sua administração deve ser profissionalizada, entregue a pessoas competentes e sérias. Os diretores eleitos, representantes dos cooperados, devem estabelecer políticas, definir áreas de atuação, acompanhar a gestão dos executivos, avaliar a gestão, controlar os resultados e fazer a representação superior da entidade.

Se esse tipo de cuidado não for adotado, a cooperativa pode ser conduzida de forma inadequada e servir aos interesses do grupo dominante e de seus apaniguados.

Sendo assim, o presidente Lula que se cuide, para não estimular o surgimento de muitas cooperativas que não atendam efetivamente ao verdadeiro interesse público.

28/08/06





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