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Artigos-->Da Bahia para Maringá -- 27/08/2006 - 08:06 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Da Bahia para Maringá





Estava eu posto em sossego em meu gabinete, quando recebo mensagem eletrônica de um certo Carlos Henrique Bohn, da cidade de Maringá, dizendo que gostava da forma como escrevo e convidando-me para publicar artigo na revista que editará.

Vocês poderão perguntar: e como v. se sentiu diante dessa situação?

Bem, sinceramente, a primeira reação foi de alegria. A gente não gosta de admitir que é vaidoso, mas quem não é?

Logo a seguir bateu um desconforto recheado de preocupação, quando me dei conta de que um catingueiro, barranqueiro do São Francisco, com sangue de negro, índio e português, u´a mistura que muitos consideram imperfeita, teria que se dirigir a pessoas mais educadas, de fino trato, muitos descendentes de europeus e com eles buscar entender-se.

O pior é que não sabia nada sobre Maringá e menos ainda a respeito de sua população, do modo de ser do povo, dos costumes, das tradições, da cultura.

Para começar, o jeito foi procurar informar-me através da internet, pelo menos para evitar equívocos e mal entendidos.

Agora já sei que a cidade de Maringá é um fenômeno com seus pouco mais de cinqüenta anos, a caminho dos trezentos mil habitantes, a maioria formada por mulheres, o que é ótimo, economia desenvolvida e índice de qualidade de vida dos mais altos do país. Oportunamente deverei ir até lá, pois volta e meia estou fazendo turismo em Curitiba.

Por outro lado, fiquei matutando a respeito do nível de informação que os maringaenses possuem sobre minha terra, a Bahia. Será que sabem quem foi Lampião? Estudaram a história da Guerra de Canudos, quando se destruiu o arraial e se matou Antônio Conselheiro, acontecimento que gerou Os Sertões, de Euclides da Cunha, o mais importante livro da literatura brasileira? E o significado do 2 de Julho para os baianos, data do feriado mais importante da Bahia? (Em 2 de julho de 1823 deu-se a verdadeira independência do país, com a expulsão da armada portuguesa de terras brasileiras).

Assim pensando cheguei à conclusão de que melhor do que me apresentar aos de Maringá é mostrar minha terra a eles, ainda que aligeiradamente.

A primeira coisa que me ocorre é tentar desfazer a impressão de que o baiano é preguiçoso, indolente, que só pensa em festa. Isso é propaganda dos paulistas, milhares que vêm anualmente para o nosso carnaval, cujo governo e empresários vivem preocupados com o nosso desenvolvimento econômico, temendo que a gente passe á frente deles. Não custa esperar!

Aqui se trabalha de sol a sol e nossas festas (o carnaval, naturalmente, o São João – que ainda é feriado em todo o Nordeste, e se constitui em evento superior ao Natal – a Lavagem do Bonfim, com a caminhada de oito quilômetros até a Colina Sagrada, a celebração de Yemanjá e o Dois de julho, entre outras – mobilizam o serviço de milhares e milhares de pessoas, que fazem delas seu ganha pão.

É claro que a alegria e a hospitalidade são características básicas do nosso povo. As profundas raízes africanas que estão na origem de pelo menos setenta por cento da população baiana foram fundamentais para que a música e a dança se transformassem em atributos essenciais do nosso povo.

A miscigenação que se verificou na Bahia ainda hoje se torna visível não apenas pelos tipos humanos da população, mas pela herança cultural que herdamos, da culinária aos cultos religiosos, hoje inteiramente absorvidos pela sociedade. Os terreiros de candomblé mais tradicionais estão sendo tombados como patrimônio imaterial pelo Ministério da Cultura e as mais reverenciadas mães de santo recebem títulos universitários e homenagens do Governo do Estado e da Câmara de Vereadores.

Não se visita a nossa Boa Terra sem que se provem o acarajé e o abará, o caranguejo e as lambretas, vendidos em milhares de tabuleiros de baianas e em bares e biroscas à beira mar, às vezes sem a higiene rigorosa, nem as comidas típicas à base de azeite de dendê, o vatapá, o caruru, as moquecas de peixe, camarão, siri mole e catado, o xinxim de galinha, o efó e tantas outras consideradas receitas praianas, de Salvador e do Recôncavo, ou, ainda, as centenas de iguarias sertanejas (meninico de bode ou carneiro, buchada de boi, ensopado de carneiro, maxixada ao molho de nata ou de leite, rins grelhados, sarapatel, galinha ao molho pardo e guisados em geral).

Sei que extrapolei os objetivos a que me propunha e terminei fazendo propaganda da Bahia. Que me perdoem os nascidos em outras regiões, mas os gaúchos e nós somos assim. O orgulho da terra é tão grande que a gente esquece tudo quando fala dela.

02/06/06





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