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Artigos-->O BRASIL CONTINUA NA UTI -- 18/08/2006 - 11:09 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




O BRASIL CONTINUA NA UTI

(Por Domingos Oliveira Medeiros)



O Brasil, segundo autoridades governamentais, teria saído, em 2003, da UTI. Pode ser. Mas EM 2006, ainda corre perigo de vida. Ainda respira com a ajuda de aparelhos. E persistem os sinais de falência múltipla dos órgãos. São mais de trinta e cinco. Mas, funcionando mesmo, embora regularmente, apenas dois ou três. Entre os quais o Ministério da Fazenda, o Banco Central e o Ministério do Planejamento.



O Ministério do Trabalho não tem o que fazer. Parou de vez. Deve ser retirado do organograma (ou extirpado do organismo, como queiram), tamanha a falta de função. Do mesmo modo como se tira um apêndice supurado. O Ministério do Planejamento não planeja nada. Aliás, para ser sincero, nem precisa. Para reajustar os salários dos servidores em um por cento, depois de oito anos de jejum, patrocinado pelo governo de FHC, não há necessidade de grandes cálculos atuariais e estatísticos.



O Ministério da Fazenda, por seu turno, tem dificuldades para articular as palavras. As suas decisões se confundem com o “S”, que era pronunciado com certa dificuldade pelo, então, czar da Economia, Antonio Palocci, demitido pelo jardineiro Francenildo. Logo ele, que serviu de base para formar o símbolo de nossa moeda, o cifrão do Real. Apesar do “disse-me-disse” do presidente, acerca do “espetáculo do desenvolvimento” que estaria por vir. É muito trabalho para os profissionais que cuidam da fala. Tanto falaram, e endeusaram o assessor e principal amigo de Lula, que ele resolveu nos abandonar. E para quem não sabe, está em plena campanha para voltar ao cenário como deputado federal. Com direito a foro especial e todas as regalias de que são beneficiários nossos nobres parlamentares,, sejam aqueles envolvidos no episódio do “Valerioduto”, sejam os integrantes da quadrilha assim denominada pelo Procurador-Geral da República, sejam mensaleiros, sanguessugas, sonegadores do Fisco, cotistas orçamentários, e toda a antiga cúpula do PT, desde o seu presidente, passando pelo secretário-geral e liderados pela dupla Delúbio e Marcos Valério, que a CPI dos Correios e do Bingo tornara público, aproveitando as denúncias da imprensa. A despeito da afirmação atribuída ao ex-chefe da Casa Civil, segundo a qual o PT não rouba e nem deixa roubar.



Há sinais de cegueira geral. E de surdez, também. Ninguém sabia de nada. Não soube e não interessa saber. Tal qual o gesto de Pôncio Pilatos, todos lavaram as mãos. E classificaram as denúncias como “perseguição política”. O próprio presidente não sabia e não viu nada. Nenhum amigo, nem o serviço de inteligência, colocado à sua disposição, foram capazes de alerta-lo. E o nosso mandatário maior continua com uma espécie de autismo político. Não se pronuncia. Não se empenhou, desde o início da overdose de escândalos, como deveria, em investigar as atos praticados pela cúpula do partido a que pertence. Ao contrário, desde o estopim de tudo, envolvendo o seu assessor parlamentar, o Waldomiro, e apesar das gravações, fez-se silente; mais ainda, fez de tudo para impedir a instalação da CPI dos Bingos. Ao contrário do que vem apregoando.

Assim como o presidente, seus colaboradores não vêm nada. Não sabiam de nada. Licitações fraudulentas desfilam pelos ministérios e ninguém vê nada. Não há controle. E nada acontece neste governo. Nem o feijão, que demora três meses para ser colhido, nem o primeiro emprego, que foi anunciado com pompas. O primeiro emprego a gente nunca esquece. A fome em Guaribas continua braba. E o segundo emprego, o terceiro e o décimo milionésimo, tudo leva a crer, vai demorar mais um pouco para nascer. Daí a razão de se pleitear mais um ano de mandato. Todas as nossas autoridades estão, literalmente, engessadas. É sinal que estão chutando muito; e errando a bola. Ou pisando na bola, como queiram os amantes das metáforas e dos aforismos.



O Banco Central, órgão que cuida da moeda, reclama de falta de autonomia. Mas não fala da anemia de que se ressente para impedir a hemorragia que sangra recursos para o exterior, em busca de paraísos fiscais, cuja cirurgia, para vedar este fluxo indevido de dinheiro, tem sido retardada e, conseqüentemente, causando sérios prejuízos ao organismo como um todo. Pagou-se a dívida com o FMI. Mas a outra, a mobiliária, que vale um trilhão, continua intacta. Como intactos estão os rombos da Previdência, as filas, as sonegações e os eternos déficits.



O gigante pela própria natureza, como sempre, continua sedado e adormecido; de mãos atadas. Dependente de capitais egressos do exterior para pagar a enorme conta do hospital, que não pára de subir. Sobra-lhe, apenas, alguns trocados, que não cobrem nem as despesas com cafezinhos, razão pela qual o governo, quebrando contratos, e ferindo direitos adquiridos, avançou em relação ao governo de FHC e acabou empurrando parte da dívida do INSS metendo a mão no bolso dos aposentados. Depois, reclamará da choradeira , quando os velhinhos resolverem dar o troco. Enquanto isso, muita gente não tem o que comer. As panelas estão zeradas. O Brasil sobrevive, ainda, graças ao otimismo de sempre. De conformidade com as palavras do presidente, segundo as quais o Brasil é o país do futuro. É só esperar para ver. O futuro a Deus pertence. E, pela lógica, só virá depois da morte do paciente. Quem viver, verá. A bem da verdade, no Brasil, o futuro não tem futuro. Tudo passa do presente para o passado.

E o nosso mandatário, que gosta do discurso, desde que ninguém o interrompa, não comparece aos debates, para que explique melhor os erros e acertos deste governo anestesiado e obcecado pelo poder. Não se melhora a qualidade do ensino. Não se constroem escolas. A saúde está doente. Não há políticas sérias de segurança. Nem se aplicam 10% dos recursos destinados ao setor. A máquina do governo, grande e dispendiosa, possui trinta Pastas, vinte ou trinta mil cargos comissionados, .dezenas de milhares de terceirizados, pessoas contratadas sem o crivo do concurso público, e muito descontrole na questão dos gastos públicos. Juros em patamares elevadíssimos, carga tributária das mais altas do mundo, com resultados pífios em relação ao crescimento do PIB. O serviço público e os servidores foram abandonados. Tal como nossas rodovias. Estradas esburacadas. Portos, hidrovias e ferrovias sem qualquer projeto em curso. Afora a questão da ética. Das coligações. Verdadeiro escândalo amoroso. Casamentos com antigos adversários. Sugerindo acordos duvidosos. E os banqueiros cada vez mais ricos. E a classe trabalhadora e o setor produtivo de mãos atadas. E assim se passaram os anos. E o governo não fez nenhuma reforma prometida. Contentou-se em copiar quase tudo do governo anterior. E ainda se dá ao luxo de falar mal de FHC. Que não é lá nenhuma “Brastemp”, mas também não é candidato a presidente. Lula precisa deixar de olhar para trás, e andar para a frente. Afinal, a responsabilidade, agora, é dele. Calar-se, omitir-se, ou atacar apenas os demais poderes, não resolve nada..

O Brasil continua na UTI. É preciso mudar de hospital e de médicos. Principalmente o chefe da UTI. Que vive viajando e não acompanha de perto o sofrimento de seu paci3nte velho e moribundo. Por isso, em relação aos aposentados ( atuais e futuros) , adolescentes e crianças sem esperanças, trabalhadores em geral, pode-se afirmar, com certeza, que eles não terão futuro. Principalmente os que ainda estão em atividade; os doentes, os desempregados, os miseráveis e esfomeados, os encarcerados, os que produzem bens e serviços, esses terão que esperar mais alguns anos para serem tratados como cidadãos. Só há um amaneira de encurtar este tempo: Não votar em quem está tentando a reeleição para o mesmo cargo atualmente ocupado.Não votar em mensaleiros, sanguessugas, doleiros e marqueteiros. Evitar candidatos de partidos com grande número de pessoas envolvidas em escândalos e falcatruas. Não anule totalmente o seu voto. Para presidente, há pessoas que precisam e merecem uma chance. Principalmente os candidatos menos favorecidos pelas pesquisas de opinião. O voto nulo, em última opção, deve ser parcial. Faz parte do regime democrático. Há países mais adiantados que o voto sequer é obrigatório. E nem por isso, causa tanta polêmica. O eleitor tem o direito e o dever de não votar aleatoriamente. Não há garantias de que os eventuais sanguessugas e corruptos uma vez eleitos, possam ter seus diplomas cassados, após a comprovação de saia culpa. Antes só que mal acompanhado. Lula que oi diga. .

Nota: Do livro do autor “ Fragmentos do Cotidiano”, segunda edição. Texto revisto e atualizado. .





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