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Artigos-->CALEIDOSCÓPIO -- 17/08/2006 - 17:13 (Gabriel de Sousa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
«O futuro é a projecção do passado,

condicionada pelo presente.»

Georges Braque





CALEIDOSCÓPIO







O Mundo está em constante evolução, mas de forma contraditória. Por um lado, a evolução da ciência e das tecnologias dão-nos esperanças inimagináveis para o futuro. Por outro, o que sabemos do dia-a-dia vem trazer-nos, quase exclusivamente, sérias preocupações.

As notícias que nos chegam são más, quase em todos os domínios.

São as catástrofes naturais, que acontecem com demasiada frequência e de modo violento e inesperado. São as guerras, que rebentam aqui e ali, muitas das vezes provocadas por terceiros, que se imiscuem nos problemas internos dos países envolvidos, na mira de salvaguardar os seus interesses económicos, principalmente energéticos. São as revoluções que, na maioria das vezes, não auguram nada de bom.

São as crises económicas, as falências, o desemprego, a fome, o pôr em causa de muitas conquistas, por vezes mesmo o futuro dos sistemas de segurança social.

É a miséria, a fome, os sem-abrigo e, o que às vezes é bem pior, a pobreza escondida e envergonhada.

É a emigração em busca de uma vida melhor, sujeitando-se a sacrifícios de vária ordem, aceitando baixos salários e empregos nada condizentes com as suas reais competências.

É o aumento da esperança de vida, mas sem estruturas adequadas para tratar dos idosos.

O aparecimento de doenças (veja-se a Sida), o recrudescimento de outras, em virtude principalmente das pessoas viverem mais tempo (Alzheimer...), a «inevitabilidade» de outras mais antigas (Cancro, Cardíacas, Reumatismos...). Apesar dos dinheiros envolvidos na investigação, continua a não haver nem vacinas nem cura para muitas delas.

É a baixa de natalidade nos países «remediados» e o aumento nos países mais pobres. A falta de apoio à família nuns e a falta de planeamento familiar e educação sexual noutros.

São as famílias a desmembrar-se, os amigos que já não se encontram ao fim do dia, os filhos que vão ficando com os pais até cada vez mais tarde, sem perspectivas de futuro, de emprego ou de casa própria.

É o aumento do tráfego e consumo de drogas e álcool. Mais corrupção. Maior violência e maior número de assaltos. Terrorismo. Falta de segurança.

Seitas, dizendo-se religiosas, proliferam tentando capitalizar as crendices das populações.

Os países organizam-se regionalmente (veja-se a União Europeia), mas os países pobres não deixam de ser pobres e os ricos são cada vez mais ricos, apesar das crises sempre anunciadas.

No caso específico de Portugal, enquanto a generalidade das actividades económicas definham e estrebucham, somos invadidos por produtos e serviços estrangeiros. No seio da Comunidade Europeia, temos deveres iguais, transcritos para a legislação nacional, mas continuamos com a vida mais cara e os salários mais baixos.

O Hoje, mesmo que o tentemos disfarçar com um certo optimismo, só pode ser pintado com cores tristes e escuras.



Será que nada melhorou, no entanto, em relação ao passado? Evidentemente que muita coisa mudou. Em Portugal, que é afinal o que mais nos interessa, foi recuperada a Liberdade, um bem que não tem preço. O País foi, de certo modo, modernizado. Com a rapidez dos transportes e da Informação já não somos os últimos a saber o que se passa no Mundo.

A Liberdade faz também com que saibamos «na hora» coisas de que antes nem sequer suspeitávamos. Há que ter isso em conta quando tentamos comparar o antes e o depois.

Os novos meios de comunicação (Televisão, Internet, Telemóveis...) fazem com que possamos seguir em directo o desenrolar de todos os acontecimentos, de todos os espectáculos mas também de todas as calamidades, de todas as guerras, de todas as revoluções...

A Mulher libertou-se da exclusividade das tarefas domésticas e da sua dependência económica e aparece cada vez mais em todos os lugares de destaque e em todos os domínios. A família no entanto ressente-se, aumentando o número de divórcios e diminuindo a atenção e o acompanhamento dos filhos. Aparece igualmente a falta de tempo, de disponibilidade e de espaço para cuidar dos idosos, que a pouco e pouco se vão sentindo inúteis e vocacionados para «armazenamento» em Lares.

Por tudo o que foi dito, a pobreza - que antigamente estava escondida ou envergonhada – aparece agora mais à luz do dia e nos jornais e ecrãs da televisão, o que não quer dizer que seja maior. Ou talvez seja. Como poderemos comparar?

Para aqueles que têm maior poder de compra, há agora aparelhos e engenhocas para tudo e para nada. Neste aspecto estamos ao nível de tudo o que de mais avançado existe lá fora.

Portugal modernizou-se de certo modo, mas desenvolveu-se pouco, continuando no último lugar de quase todas as estatísticas - como antigamente, em que só a Grécia ombreava connosco.

Parecemos estar cada vez mais vocacionados para o Turismo, com as vantagens que advêm do clima ameno e da nossa proverbial afabilidade. Será isto suficiente para sobrevivermos com dignidade e estarão os empresários e os governos dispostos a apostar nesta via, de forma responsável e coordenada?



Poderá depreender-se do que foi dito que o nosso futuro é um horizonte sem esperança? - Obviamente que não, mas será necessário preparar desde já as novas gerações. É a juventude agora emergente que tomará o testemunho e correrá para outras metas, colocadas num Mundo bem melhor. Várias medidas no entanto se impõem.

Incentivos à natalidade, por exemplo de natureza fiscal. Horário flexível de um dos cônjuges de modo a que possa acompanhar melhor os filhos, não delegando na Escola a quase totalidade da sua educação. Reatar o convívio mais frequente com eles, de modo a que lhes sejam transmitidos valores que só a família pode dar. Desenvolver o pacifismo, o que não significa aceitação de injustiças. Preocupações ecológicas. Aprendizagem da solidariedade e condenação de todas as formas de egoísmo, de racismo ou de outra qualquer aberração do género. Transformar as Faculdades e as Escolas Politécnicas num alfobre de jovens úteis ao País, para que não sejam apenas fábricas de candidatos ao desemprego ou à inadaptação. É muito bonita a liberdade de escolha desde que sirva para alguma coisa. Para que serve ser livre de escolher determinado curso se ele não oferece posteriormente um mínimo de saídas profissionais? Os jovens são obrigados, frequentemente, a seguir profissões muito diferentes e para as quais não estão preparados. Se nada for modificado, continuaremos a ver em casa dos pais - até aos trinta e muitos anos - jovens com «óptimos cursos», mas que são péssimos trabalhadores, porque estão desmotivados e não gostam do que fazem.



Olhando os erros do Passado, devemos modificar o Presente, de modo a preparar um Futuro que seja melhor. Para isso temos de caminhar lado a lado com os jovens, dando-lhes exemplos, auscultando anseios, porventura corrigindo imperfeições, mas também aprendendo. Humildade, compreensão e aprendizagem contínua de ambos os lados.

A nossa vida é um caleidoscópio, através do qual serão vistas as formas e as «cores» que nós soubermos criar, com acções esclarecidas e responsáveis. Não sendo tão ambiciosos como o poeta russo Maiakovski, que disse um dia «Querer o futuro imediatamente», devemos no entanto começar a construí-lo desde já.

É isso que a Juventude espera de nós e que irá fazer com a nossa ajuda. Os mais velhos darão a Experiência, os mais novos deverão acrescentar a sua Força, a sua capacidade de Inovar e também os Sonhos, que são sempre necessários em tudo o que se faz na vida.







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