Senhor, em que tenho eu me tornado?
Sei sobre o uso das palavras,
Posso ludibriar algum com elas.;
Sei sobre seres humanos,
Posso até articular algo.;
E de Ti, Senhor, nada conheço!
Digo, pois, que se conhecesse,
Não haveria em mim
Tanta infidelidade.
Como seguir-Te pode não ser o caminho certo?
Como posso eu questionar-Te aos homens,
Quando os próprios homens também não Te conhecem?
Que respostas podem eles me dar?
Eles,
Que mataram em Teu nome,
Roubaram em Teu nome?
Fizeram de Ti justificativa para atos hediondos!
Não és Tu quem me confundes.
São esses homens que Te usam,
Que Te culpam.
Culpam-Te pela própria fraqueza
Por saberem de Tua piedade,
De Tua compaixão.
Tu, que, mais que qualquer Freud,
Entende o aquém e o além da psique humana,
Já que és Tu,
Criador de todos os Freuds,
Como és também criador das palavras
Inclusive, e essencialmente, destas,
Já que elas vêm me dizer
Que não uma doutrina ou religião
O que devo seguir e acreditar,
E sim em Ti,
Pois não reclui-Te a uma ideologia.
És essência,
Para ser sentida.
Como amor.
Já que és Tu, Senhor,
O próprio Amor.
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