no teu verso um encantamento inocente,
com asas de colibri e sorrisos enternecidos.
seria capaz de me atingir,
de me roubar a boca o amanhecer dourado
- da aurora rubra diária a nos dizer da vida?
das marolas noturnas, das doces marés,
só a palavra, morta.
é que dos olhos, só a busca incessante
pelo milagre do sonho, conto de fadas
- mesma busca essa, dos poetas,
nas fantasias distantes.
vale o encantamento que finda.
vale o verso que brota.
será, portanto, o verso,
sempre a tentativa do encanto.
será o verso
a arma da conquista do sonho.
revelado, torna-se cristal sem brilho,
mais uma vez.
vale a tentativa do encanto.
mais uma vez.
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