No Brasil, ser professor, a par de ser uma vocação (só deve entrar em sala de aula quem é vocacionado para o metier), é enfrentar a indiferença, o descaso e a incompreensão de governos, da mídia e da sociedade.
Em nosso país prevalece o mau exemplo de querer fazer educação sem professor. Todos os governos afirmam que a educação é prioritária nos seus planos administrativos. Alguns até constroem boas escolas, equipadas, informatizadas, tecnologicamente modernas. Mas valorizar o professor, como diz o populacho, necas!
Nas Coréias, a do norte e a do sul, no Japão, e nos países da Europa, ocidental e oriental, os programas arrojados para a educação começaram pela dignificação do professor, seja na formação profissional, seja na remuneração, porque, citando de novo o populacho, quem trabalha de graça é relógio, e ainda assim precisa que o usuário dê corda. Os salários, nesses países, aumentaram nos últimos trinta anos, seis vezes (600% de aumento).
No Brasil, os salários dos professores encolheram seis vezes para menos (perdoem o pleonasmo), transformando em tragédia a condição social dos mestres, mesmo que tenham especialização, mestrado, doutorado e título de “PHD”. Esse processo de encolhimento começou com o Fanfarrão Minésio João Figueiredo, continuou com Sarney, foi piorado com Collor, sucateado com FHC e desprezado por Lula, em que pese ter sido a classe acadêmica que anabolizou a ascensão de Lula, deu verniz intelectual à sua trajetória e o fez chegar à presidência da República.
A indiferência de Lula com a educação, e particularmente com a Universidade pública brasileira, dói mais porque foi no ambiente universitário que se gestou a liderança de Lula, deu-lhe os nutrientes essenciais para que deixasse a impressão de ser um homem preparado.
Simplesmente jogando o problema para o passado, como acontece com os governantes sem visão de futuro, e aí está a grande maioria dos gestores públicos, federais, estaduais e municipais, o governo Lula não deu, em quatro anos, um passo sequer a caminho da melhoria da situação dos professores.
O “aumento” agora de maio de 2006 é um primor de engodo, quando o governo publica um anexo à Medida Provisória 295 em que o acréscimo foi de “0,0” (zero vírgula zero), mesmo para os professores qualificados, tendo estes vencimentos inferiores ao salário-mínimo que o próprio Lula decretou.
Recentemente, no Programa “Sempre um Papo”, da TV Câmara Federal analisando essa tragédia, a Professora da USP, portanto, qualificada, Tânia Zagury, lembrou uma frase que corre de forma irônica, dita pelos que não compreendem a missão de professor: “Quem sabe faz, quem não sabe ensina”. A doutora Tânia não endossava a frase fatídica, apenas lamentava essa infamante avaliação do professor.
Está próximo o dia do professor – 15 de outubro. Nesse dia eu não quero parabéns.
Eu quero é pêsames!
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