Ora bolas!!
Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Da mesma forma que ainda hoje buscamos explicações para a derrota de 50; a copa da Alemanha será, por um bom tempo, motivo de avaliações a cerca dos seus mais diversos ocasos. O fracasso da seleção canarinho, cabeçadas fora da bola e bolas mal-cabeçadas.
O vitorioso, embora derrotado, Felipão, disse bem: a bola sorri para Zidane. Quando eu era atleta, ela chorava.
E a bola, motivo de tantas teses, chorou tanto quanto sorriu nessa copa.
A nossa seleção jogou bola enquanto o adversário não era um time de futebol, ou alguém acredita que Croácia, Austrália, Japão e Gana são equipes de futebol. Não para enfrentar os gênios, deuses e galácticos pentacampeões.
Quando uma seleção se propôs a jogar, nossos atletas não jogaram, soçobraram enquanto equipe. Faltou espírito esportivo e a vitória como único objetivo.
Um amontoado de craques em estado de êxtase; vaidosos, mascarados e multimilionários, não conseguiram evoluir para uma equipe de futebol. Os homens de Neanderthal com seus tacapes fariam alguma coisa mais interessante nos gramados da Alemanha. Eles seriam mais aguerridos.
Ficou comprovado que glamour e vaidade não combinam com solidariedade e perseverança. Os nossos craques estão associados a bancos, refrigerantes, telefonia celular, carros e a materiais esportivos. E nós, simples e mortais torcedores, só queríamos associá-los ao futebol, em síntese, à bola. Santa ingenuidade a nossa.
Até o craque mais educado da copa, o “Bola de Ouro” Zinedine Zidane, pisou na bola e, por conta de uma ofensa, cabeceou o zagueiro italiano Marco Materazzi. Uma cabeçada explicável, mas não justificável para um atleta. Mas naquele momento a bola chorou. A mãe do “Bola de Ouro” também entrou de sola na jogada e solicitou os testículos de Materazzi em uma bandeja. Ora bolas, chéri!!
Na Alemanha a bola chorou e sorriu e ainda por muito tempo buscaremos explicações por fiascos e sucessos repentinos. A gastronomia da copa será debatida por conta de certos condimentos solicitados em bandejas.
Mas quando cansarmos disso tudo nós estaremos debatendo a escalação dos novos heróis da pátria que estarão na África do Sul. E a bola continuará sendo o centro das atenções.
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