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Artigos-->Fernando Góes e o Banco da Bahia -- 02/07/2006 - 19:36 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Fernando Góes e o Banco da Bahia







Recebo de Victor Gradin exemplar da bem cuidada edição do livro “Fernando Góes – um homem e sua época”, patrocinada pelas Organizações Odebrecht, de autoria de Carlos Tertuliano de Góes.

Já o li. Sem embargo de tratar-se de obra escrita pelo filho, emocionalmente impedido da visão crítica que é justo esperar-se de quem esmiúça a vida de pessoas importantes, julgo ser trabalho que interessa à historiografia de nossa terra, um documento valioso para quantos queiram conhecer a personalidade e realizações de Fernando Góes e um período de apogeu da vida econômica e social da Bahia.

Não conheci Fernando Góes, jamais estive com ele nem com Clemente Mariani e não gostava dos dois.

A leitura desse livro e a lembrança de conferência que Dr. Norberto Odebrecht pronunciou no Museu Eugênio Teixeira Leal – Memorial do Banco Econômico, em meados dos anos oitenta, levaram-me a rever a opinião sobre Fernando Góes, tal como sucedeu com a que fazia de Juscelino Kubitschek, depois de conhecer o excelente “JK, o artista do impossível”, de Cláudio Bojunga.

Na verdade, desde 1967 eu começara a livrar-me da antipatia gratuita por Fernando Góes.

Naquele ano, pelo mês de maio, logo depois da morte de Dr. Miguel Calmon, o vice-presidente do Banco da Bahia protagonizou episódio de rara grandeza, por mim revelado durante palestra que também fiz no Teixeira Leal, em junho de 1988.

Deu-se o seguinte, em poucas palavras: logo após o falecimento de Dr. Miguel seus colegas de diretoria, autorizados pela Assembléia Geral do Banco Econômico, foram a Fernando Góes saber o saldo de seu empréstimo no Banco da Bahia e ouviram dele a resposta de que “Miguel pagara o financiamento poucos dias antes de morrer”.

A notícia não era verdadeira e foi com muita dificuldade que se obteve de Fernando Góes a honra de pagarem a dívida de seu presidente, que morreu pobre.

Funcionário do Econômico desde 1953 e muito mais tarde um de seus diretores-empregados, eu não era o único a abominar os dirigentes do Banco da Bahia e particularmente Fernando Góes e Clemente Mariani. A rivalidade então existente entre os dois bancos fazia com que grande número de colegas tomassem aquelas duas pessoas como adversárias.

No meu caso a atitude era tão obtusa que, por muitos anos, deixei de procurar parenta de Juazeiro, filha de primos por quem tinha profunda estima e admiração, somente porque era casada com um diretor do Banco da Bahia...

Levei muito tempo para descobrir que o sectarismo é postura irracional, que conduz à cegueira da mente e do espírito, mas terminei por me livrar dele.

No caso específico de Fernando Góes, duas outras circunstâncias contribuíram para que eu enxergasse a luz.

Quando passei a conviver com Dr. Miguel Calmon, no banco e na Universidade Federal da Bahia, e também com Alberto Martins Catharino, descobri com assombro que eles eram amigos de Fernando Góes, que as diretorias dos dois estabelecimentos bancários mantinham excelentes relações, apesar da concorrência entre eles.

Por outro lado, na conferência que Dr. Norberto Odebrecht deu no Museu Eugênio Teixeira Leal, já referida linhas atrás, sobre a influência do empresariado baiano no desenvolvimento do estado, ele não deixou dúvidas sobre seu entendimento de que os três homens mais importantes responsáveis por impulsionar a economia baiana contemporaneamente foram Miguel Calmon, Fernando Góes e Fernando Corrêa Ribeiro, sobre cada um deles fornecendo informações acerca de sua efetiva contribuição.

Embora esse não tenha sido um dos objetivos do livro é uma pena que Carlos Tertuliano de Góes não haja aprofundado suas pesquisas sobre os motivos do enfraquecimento do Banco da Bahia, uma instituição financeira sabidamente lucrativa, com uma carteira de câmbio excepcional.

O que muito se comentava é que a excessiva autonomia regional, administrativa e operacional, as divergências internas entre os principais diretores e a ausência de um comando unificado que concorresse para a padronização dos serviços e sua melhor organização começavam a criar problemas de desagregação. É evidente que a causa imediata do desaparecimento da centenária instituição que era um dos motivos de orgulho dos baianos decorreu do alto endividamento do grupo acionário dominante, após a batalha travada com o Banco Econômico pelo seu controle.

17/06/06

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