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Artigos-->A fumaça e a formosura -- 31/10/2001 - 18:17 (Anderson O. de Paula) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Já ouvi dizer que onde há fumaça há fogo. Decididamente não era mesmo para eu estar naquela praça de alimentação, tinha mais o que fazer. E mesmo se não tivesse, isso não me dava motivos para ficar ali admirando-a.

Linda - tão ou mais perfeita que todas que já foram fontes de inspiração para músicas e poesias – nem se deu conta que eu, e minha cara de idiota, apreciávamos a sua formosura.

Contive-me, lembrei que momentos assim abrem incríveis precedentes para investidas de mal gosto e inconiventes do tipo que comentam o tempo, o sol, a chuva, o escambau.

Sua beleza não era do tipo universal, que é venerada por todos e todas. Não. Aquela beleza era ímpar, do tipo que é notada apenas por poucos. Acredito, aliás, que nem mesmo ela sabia de sua excelência.

Cabelos castanhos escuros, pouco abaixo dos ombros; a pele clara, que de onde eu estava, cerca de oito metros, parecia de recém nascido; os olhos não eram grandes, nem pequenos, eram castanhos e de tamanho ideal; estavam afincados em suas tarefas, traziam um ar de Dona, Senhora, de independência. Independência, inclusive, dos meus indiscretos e imprudentes olhares.

Não conto sobre seu corpo pois não quero que de meu coração extravase palavras impróprias. No entanto, permito-me dizer que era alegre e contente como um sorriso espontâneo de criança, sem malícia; era saboroso aos olhos e pertencentes aos sonhos de todos os desejosos de dar e receber carícias.

Algo que me chamou a atenção foi o chinelo em que ela estava calçada, era um vil calçado, sem maiores atrativos e diferenças dos demais. No entanto, trazia a lindeza da simplicidade e mostrava que até seus pés eram dignos de adjetivos.

Óhh amigo leitor a quem confio! Não sabe o que eu estava sentido, não sabe das sensações!! Ocorre-me agora que essa crônica não será das melhores, pois nunca conseguirei, de fato, contar tudo que vi, tudo que senti.

Dói-me assumir que ela não me dava o mínimo de atenção, mas assumo - até porque eu não merecia, e isso por mais que tentasse atraí-la com mexidas na cadeira e na própria mesa em que eu estava. Idiotices.

Resolvi escrever algo - afinal essa é uma das únicas coisas que eu sei fazer, pensei - mas desisti. Escrever pra quê? Para o texto ficar guardado entre minhas tranqueiras e memórias? Melhor não...

Pensei em, ao menos, perguntar-lhe o nome. Talvez fosse Luíza, Júlia, assim, bem simples. Seja qual fosse sabia que era lindo como a dona. Mas temi. Preferi a indiferença, a qual já estava habituado, ao menosprezo. Recuei.

Melhor seria, sem sombras de dúvidas, ter ido embora pensando tão somente na sua graça e perfeição - só consigo pensar assim agora. Tê-la, apenas, guardada nas saudades, como uma imagem do pôr-do-sol. Pra quê mais do que isso!? A ambição precede a queda, já bem disse algum sábio.

Quase de saída, já ciente de que era preciso continuar a vida, (leia " já ciente" como "com medo". Estava mesmo com medo de que meu lado sensato perdesse para meu lado leviano, fazendo-me assim cair no ridículo, tentando travar espécie de diálogo).

Quase de saída senti a fumaça, uma fumaça azul, talvez cinza, mal cheirosa. Onde há fumaça há fogo.

Antes tivesse me retirado cinco minutos antes e conservado toda a divindade e perfeição daquela mulher. Ainda tenho o cheiro da fumaça do seu cigarro em minha roupa.



AOP

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