Não me abstenho
Maria da Graça Almeida
Não me abstenho, escrevo
e é como se o fizesse
apenas com os dedos,
ou ao invés do giz
usasse a ponta do nariz!
Ainda que pouco crível,
ainda que passo a passo,
entremeio os traços
de uma escrita invisível.
Talvez longe um dia
pelas mãos sujas de tinta,
o rosto empanado em "blush",
claramente eu me insinue.
Enquanto isso não me limito,
compro cores aos baldes,
encho a casa de maquiagem.
Bobagem...
apesar do tolo lamento,
o verso inda é magia pura!
Um jardim de encantamentos,
com canteiros de ternura!
Maria da Graça Almeida |