Estão em toda parte, como abelhas
a farejar o mel, vêm em enxames.
Batem nos vidros, puxam braços, pernas,
arrancam bolsas, pedem só um trocado,
desafiando todo e qualquer pecado,
pois pecados, não têm.
Magros, famintos, como cães
atrás de um dono, vêm sujos.
Apóiam uns e outros desterrados,
pulam, quais gatos atrás duma lixeira,
desafiando toda e qualquer sujeira,
pois sujeiras, não vêem.
Chegam sorrindo, como criancinhas
malcriadas, vêm esperançosos.
Encontram ódio, aversão, gracejos,
recebem vinténs, dados com desprezo,
desafiando todo e qualquer medo,
pois medo , eles têm.
|