Na Feitura de Iaôs
Paulo Nunes Batista
No sábado, dia 12
De chuva, mês de janeiro
De 91, assisto
Ao ritual no Terreiro
ILE AXÉ de XANGÔ-
Que em Anápolis plantou
O Candomblé brasileiro
É Gabino de Itabuna,
Terra quente da Bahia,
Quem me recebe na Noite
Que é de Festa e de Alegria:
Da Casa, em novas colheitas,
Vemos três “cabeças feitas”
Nos rituais da Magia.
Presenças de Castro Alves
Dono da IMAGEM ATUAL,
M/ae de Santo Terezinha,
Que conhece o Ritual...
E, através de Terezinha
Para a Festa da Mazinha
Fui convidado, afinal
Três Santos foram baixados-
Deram os nomes na função.
Os atabaques cantaram
No Toque da Saudação.
No Terreiro iluminado
O povo assiste, encantado,
A esta iniciação.
Médium de cabeça feita
Tem proteção do Orixá-
Deve tratar do seu Santo,
Seja Xangô, seja Oiá,
Ogum, Oxossi, Iansã,
Oxum, Iemanjá, Nana,
Obaluaiê, Oxalá...
O peji todo enfeitado
De folhas, flores e Santos;
No chão verde – folhas verdes;
Folhas por todos os cantos,
Folhas por todos os lados...
E os médiun paramentados
Dão mais encanto aos Encantos.
A Ialorixá da tenda
É Ozanan de Oxum.
A feitura da Iaô
Segue na Paz de Olorum.
E a três dias para a guerra-
Que tragam Paz para a Terra
Pedimos a Zambe e Ogum
Todos atiram pipocas
Ao velho Obaluaiê,
Enquanto fazem pedidos
Na Fé e na lei de Ilê.
Angola, Gêge e Nagô
No Ilê Axé de Xangô...
Para Exu fez-se o padê.
Da Mãe África distante
É o Canto, é o Rito, é a Fé-
As Forças da Natureza
Que, na magia do Axé
Fazem a Noite anapolina
Se encher de Força divina
Na Festa do Candomblé.
No Ilê Axé de Xangô
Se canta pros Orixás,
Se dança a Dança dos Santos
E bela a Festa se faz.
E ao som de cada Atabaque-
Em vez de guerra no Iraque-
Para o mundo eu peço Paz!...
Anápolis 13/01/1991
Notícia Rápida sobre Paulo Nunes Batista:
Paraibano radicado em Goiás (Anápolis), morou em cerca de vinte cidades do Brasil, inclusive nas maiores capitais (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, além de Goiânia e João Pessoa), exercendo atividades desde cobrador de ônibus, trabalhador braçal até jornalista e professor, sendo aposentado do Fisco de Goiás, onde ingressou por concurso público.
Militou no PCB de 1946 a 1952, época em que foi preso político em São Paulo, como redator que era do diário HOJE, arbitrariamente fechado por um IPM. Nunca foi torturado, mas assistiu à tortura de preso quando de sua outra prisão, em Recife. Como jornalista vem denunciando e protestando contra sevícias a presos, políticos ou comuns. Vem há muitos anos publicando artigos, crônicas, reportagens e poesias na imprensa de Goiás, do Brasil e de Portugal.
PNB é autor de seis livros e mais de 140 folhetos de cordel, editados a partir de 1949. Em 1961 tornou-se espírita e vem colaborando na imprensa doutrinária desde então. Tem vários outros livros prontos para publicar (O Cordel Iluminado, Cantos de Pedra e de Flor etc) e continua produzindo. É formado em Direito.
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