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Artigos-->O trio elétrico -- 15/06/2006 - 09:39 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O “ trio “ elétrico



Somente a partir dos últimos anos da década de sessenta comecei a ouvir falar do Trio Elétrico, que iria dar nova feição ao carnaval da Bahia.

Por esse tempo eu morava no Recife, onde vivi por sete anos.

Enquanto nossa folia momesca de rua naquela época, tivesse um toque romântico, verdadeiro desfilar de gente, pequenos blocos e mascarados pela Avenida Sete, parte dos assistentes sentados em cadeiras à porta de suas casas, muitas que eram alugadas, e o resto do povo em pé, espiando o movimento, no Recife o carnaval era uma guerra!

Além dos bailes dos grandes clubes, como na Bahia, o desfile pela Guararapes e Conde da Boa Vista se fazia em automóveis de passeio, jeeps, caminhões, furgões, cada um deles cheio de gente e transportando grandes tonéis com água suja e, quem sabe, lama, graxa, urina, uma zorra completa!

A brincadeira consistia em lançar essa sujeira sobre as outras pessoas, com o uso de baldes, latas, mangueiras, canos serrados acionados por êmbolos, seringas e bisnagas gigantes e o que mais a criatividade fosse capaz de inventar.

Essa festa chamada de “mela-mela” não era o carnaval, mas o antigo entrudo português, com uma variante tão violenta que o governo do Estado veio a proibi-la, depois que um folião ficou cego por causa de ácido que atiraram nele.

Só uma vez participei desse corso, que minhas filhas adoraram!

Mas, quando voltei à Bahia em 1976, todo mundo já dançava “atrás do trio elétrico”.

O velho carnaval baiano se descaracterizara, perdera a inocência, mas ganhara impulso e animação surpreendentes. Transformara-se, ademais, num evento nacional, um empreendimento comercial de organização muito complexa.

O Trio Elétrico que dera início a tudo, agora não passava de mais um dos conjuntos que, de cima de enormes caminhões equipados com parafernália musical, empurrava os blocos pela “Avenida”.

Desde que ouvira falar do Trio Elétrico uma coisa me intrigava: ele era formado por dois instrumentistas – Dodô e Osmar -, seus fundadores. Por que será que levava no nome a palavra trio?

Só vim a desvendar esse mistério alguns anos depois, por mero acaso.

Quando Chico Pessoa, um amigo muito querido, deixou a chefia do Departamento de Marketing do Banco Econômico, foi dirigir a Fundação Gregório de Matos, órgão da Prefeitura Municipal de Salvador.

Naquele tempo, de vez em quando a gente almoçava no Mini-Cacique, para bater papo. Num desses dias, depois do almoço, fui com ele à sede da Fundação, no espaço onde funcionara o Tabaris.

No amplo salão de entrada, Chico organizara uma exposição para contar a história do Trio Elétrico, com fotos, cartazes, recortes de jornais e materiais que conseguiu recolher. A própria fubica, onde os músicos se apresentavam, estava lá.

Numa fotografia dos primeiros tempos, precisamente em frente à fubica, apareciam os integrantes do trio: Dodô, Osmar e um outro que, se não me engano, portava um cavaquinho, que reconheci como sendo meu velho amigo Temístocles Aragão.

A uma consulta a Chico ele confirmou: realmente o terceiro membro do conjunto chamava-se Temístocles Aragão, seu nome estava ali escrito, na legenda embaixo da foto.

Eu conhecera Temístocles alguns anos antes de me mudar para o Recife, quando estive envolvido com uma organização criada por Dr. Jayme Villas-Boas Filho, que era meu chefe no Banco Econômico.

Com o apoio de Dr. Miguel Calmon e recursos levantados junto ao banco e a empresas sócias da Associação Comercial da Bahia, Dr. Jayme conseguira constituir em Salvador uma “filial” do IDORT (Instituto de Organização Racional do Trabalho), respeitado centro de ensino profissional que existia em São Paulo.

Contando com a assistência de diretores e professores do IDORT paulista, que vieram à Bahia, foram recrutados e treinados uns poucos técnicos locais para ministrar os primeiros cursos oferecidos às firmas baianas.

Não me lembro como se chegou a ele, mas entre os que foram preparados para esse trabalho estava Temístocles Aragão, que ocupava o cargo de chefe de Treinamento na Refinaria Landulpho Alves.

Enquanto o IDORT não equilibrou suas contas, eu atuei como secretário-executivo, trabalhando à noite e recebendo um pequeno pró-labore. No fim do ano o Banco Econômico cobria o prejuízo.

Foi durante esse tempo que convivi com Temístocles, que era um dos instrutores mais presentes no Instituto.

Desse modo, foi uma grande surpresa saber, muitos anos depois, que o amigo Temístocles Aragão era músico e um dos integrantes do famoso Trio Elétrico, circunstância que é inteiramente desconhecida nos dias de hoje.

18/01/06



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