Usina de Letras
Usina de Letras
74 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62137 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10447)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10331)

Erótico (13566)

Frases (50547)

Humor (20019)

Infantil (5415)

Infanto Juvenil (4748)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140778)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6172)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->VOTO, VALORES, ESPERANÇAS E MUDANÇAS -- 12/06/2006 - 16:41 (FERNANDO HENRIQUE OLIVEIRA DE MACEDO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
VOTO, VALORES, ESPERANÇAS E MUDANÇAS



por Fernando H. O. de Macedo



Na luta pela conquista institucional do Poder, as Oposições têm jogado quase todas as suas fichas na divulgação dos escândalos em que, inegavelmente, marina o PT, acreditando dessarte poderem criar um tal clima (de desencanto, de asco e de indignação), entre os cidadãos/eleitores/contribuintes, que os leve a rejeitarem, fragorosamente, o PT, em outubro próximo, em favor de outras legendas e/ou alianças partidárias, umas e outras hoje na Oposição.



Data venia, engana-se (redondamente!) quem opta por essa estratégia, e a fonte desse erro (crasso!) situa-se em supor que os escândalos, hoje na ordem do dia, serão vistos, em outubro próximo, da mesma forma, e com a mesma carga de indignação, por todos, uniformemente:- ledo engano, friso!, já que os valores e a mentalidade típicos de Classe Média nenhum abrigo encontram no âmbito do Povão. Segue-se que politicamente falando, ditos escândalos, e sua exploração (por mais eficaz que esta última ainda possa vir a ser), somente poderiam atingir plenamente seus objetivos práticos se tivessem efetivamente culminado no “impeachment” e/ou na inelegibilidade de Lula. Nada disso, porém, ocorreu, pelo menos até o presente momento.



Democracia é um regime que se faz com números, não com qualidade. E os números, hoje, neste País, estão pesadamente do lado dos perdidos-na-vida, dos despossuídos, dos apedeutas, e dos analfabetos-sem-eira-nem-beira. A Classe Média, que se acredita comungar “dos valores” (jamais, porém, das posses, nem dos privilégios) das Elites, é cada vez mais minoritária neste País, seu peso eleitoral sendo facilmente neutralizado pelo das Classes Desfavorecidas, para as quais, de resto, vale muito mais um Bolsa-Família, um Vale-Gás, ou qualquer outro tipo de Esmola Estatal, que a mais colorida e completa contemplação (esta última apenas burguesmente paradisíaca), de TODOS os Mensalobres na Cadeia (que, aliás, é, de Direito, o lugar deles!...).



Por triste que isto seja, nem porisso deixa ele de ser verdadeiro e factual:- O eleitor pobre (e, geralmente, também apedeuta) tem muito mais com que se preocupar, do que com a ideal “lisura no emprego do dinheiro público” (atividade técnica essa, aliás, que ele, eleitor pobre, inclusive desconhece!). Pouco se lhe dá, portanto, se os Valérios, os Dirceus e Delúbios da Vida erraram, ou não; se delinqüiram, ou não; ou sequer se pagaram, ou não, pelo mal feito, qualquer que este último possa ter sido... . Ademais, pouco se lhe dá se o próprio Lula sabia do “mar de lama” (e/ou se nele também Lula se banhava!...), ou não!; o que, na verdade, interessa ao “Povão” é saber se a Esmola Estatal (que ele já se acostumou a receber, e a dela depender) continuará a ser dada, ou não. E eles, pobres diabos, é que constituem a massacrante maioria eleitoral, “sem a qual a Democracia não se faz”.

O resto é pura Poesia, e não Política (prática e séria). E assim como “Futebol é bola na rede” (não no pé, não obstante seu nome, em inglês, assim o diga), assim também Democracia, por igual, é massa (de votos) nas urnas, NÃO IMPORTANDO o quão “qualificados”, “bem motivados”, e/ou “conscientes e bem-intencionados” ditos votos possam, ou não, ser.

Curial é, aqui, ter em mente o fato simples de que, gostemos nós disso, ou não (e. aliás, tanto quanto o próprio Capital), Voto e algo que continua, não obstante, a ser aquele “animal” arisco e infiel, chucro, anônimo e desqualificável, universal, insípido e inodoro, LIVRE, SECRETO, não raro até boçal (mas sempre matematicamente SOBERANO). Segue-se que o Voto, num dado sentido, lançado pelo sábio, acaba sendo inexorável e automaticamente neutralizado pelo outro Voto (este último lançado, em sentido oposto, pelo apedeuta da esquina):- eis aí a pseudo igualdade, que acaba por comprometer a qualidade e a eficácia de qualquer Estado em que os números eleitorais vierem a pesar mais do lado errado.

Voto, ademais, é algo que não precisa ser motivado, bastando que seja ele claro e sem rasuras, para ser válido. E hoje, com a Informática (e suas pseudo-sofisticações, deformações estas enganosas e conducentes ao erro), acaba por VALER até mesmo aquele Voto dado por engano de digitação:- desde que esteja ele formalmente correto, e o engano não tenha sido percebido, e notificado, à Junta Eleitoral, pelo próprio Eleitor que se tenha enganado ao votar. A isto se chama “Processo Democrático”; a isto chamo eu de Palhaçada, pois afigura-se-me ser inconcebível permitir-se que qualquer (sequer um único!) Voto (nulo porque equivocadamente lançado) possa valer, qualquer que seja a hipótese em que dita nulidade ocorra.



Por outro lado, parece-me ser simplesmente impossível (em Boa Lógica, e em Boa-Fé) acreditar-se na existência, hoje, de Democracia, sobretudo num País pobre como o nosso, em que o próprio resultado das eleições é sempre fraudulento, já que aqui se troca Voto até por sanduíche, além de ficar o dito resultado eleitoral sempre definido e decidido bem antes da efetiva realização das mesmas, vez que dito resultado acabará, necessariamente, por favorecer sempre e apenas aquele candidato que puder dispor dos mais copiosos meios financeiros para realizar a sua campanha eleitoral, (não raro às custas de sanduíches e pares de “alpercatas”), num primado (crasso e insofismável!), portanto, da Plutocracia, da Thalassocracia (do governo, enfim, dos mais ricos!), travestido de Democracia legítima. Assim, é previsível, é de se esperar, que a Vitória sorria sempre e exclusivamente para aqueles que, previsivelmente, puderem fazer as campanhas mais caras.



No caso deste País, há, ainda, um fator agravante:- é o de que, quem quer que venha a ser o candidato afinal eleito, a Parte de fato sempre vitoriosa no processo eleitoral (por ser aquela que permanece no Poder, bem como aquela cujos interesses acabam por prevalecer, e isto qualquer que seja o resultado final da eleição), é a Classe Argentária, ou seja, os Banqueiros financiadores da Campanha Eleitoral do “Candidato Vencedor” do dito pleito. Isto ocorre, de resto, nem mesmo pelo fato de serem ditos Banqueiros pessoalmente muito ricos; mas, antes, tal se dá pelo simples fato de disporem os Banqueiros, sempre, daqueles modos e meios, instrumentos, recursos e esquemas financeiros já direcionados, testados e aptos a fazerem com que todos e quaisquer gastos e despesas financeiros (oriundos dos seus investimentos em eleições) acabem por onerar, na prática, exclusivamente os correntistas, bem como os demais contratantes dos seus Bancos, pessoas estas últimas que (enquanto eleitores que também são!), dessarte (e imperceptivelmente, porque ao longo do tempo, e em conjunto), acabam “pagando a conta” da dita eleição, ou seja:- pagando para se verem, ao final, logrados em sua Boa-Fé cívica.



Na verdade, eleições são decididas muito antes da sua data de realização formal. Elas são, na prática, decididas quando seus financiadores (a saber:- Banqueiros, Grandes Industriais, e Donos da Grande Mídia) concertam entre si quanto será investido, e quais candidatos serão (por eles, investidores/financiadores) apoiados, combatidos, ou abandonados à própria sorte. Segue-se que (muito posteriormente), quando o eleitor for (ingenuamente!) depositar seu voto na urna, estará ele, na prática (e sem disto ter ele quaisquer suspeitas!), apenas “avalizando” (ou co-honestando formalmente), uma escolha e processo decisório já anteriormente ocorridos, já decididos, e concluídos, e, maxime, dos quais ele, eleitor/cidadão/contribuinte na verdade JAMAIS PARTICIPOU decisiva, ou decisoriamente!!!... .

Praticamente, o eleitor só entra em cena para assinar a ata da eleição:- jamais, porém, para redigi-la. Isto é Plutocracia, é Thalassocracia, é Piada, e é Fraude do mais “alto” nível:- só não é Democracia. E é apenas isto que temos hoje (e sempre o temos tido):- NADA MAIS. E é porisso mesmo que jamais teremos BONS governantes eleitos (v.g. aqueles efetivamente comprometidos com os interesses nacionais/populares, e aptos a efetivá-los, e realizá-los), pois estes últimos, SE PUDESSEM vencer as malditas eleições, certamente colocariam os Banqueiros no seu devido lugar, a saber:- à margem do processo político-decisório, e jamais no centro dele, que é onde eles, Banqueiros, estão e sempre estiveram/estarão (entre Governo, ou saia/caia Governo, pouco lhes importa!!!).



Segue-se que Democracia só é possível entre iguais; e maxime só é ela possível onde os custos da campanha sejam tão módicos que possam sair do salário e demais rendimentos dos próprios candidatos, NÃO dos de terceiros; certamente jamais dos de Banqueiros!!... . Democracia que envolva terceiros “grandes prestadores de capital” (v.g. não-candidatos) não passa de Fraude Cívica:- na melhor das hipóteses uma piada de péssimo gosto, a saber, aquele gosto amargo do engodo institucionalizado... do “me engana, que eu gosto” (próprio de EUNUCOS, jamais de CIDADÃOS...).



Democracia, dessarte, NÃO É (nunca foi!) os “últimos Palavra, e Mandamento, de Deus, para a Humanidade”:- é ela, sim! (e aqui apenas para desmistificá-la, já que mistificações da obra humana são SEMPRE negativas) aquele jeito (mais demagógico e populista!) de se cometerem quase os mesmos ERROS também passíveis, aliás, de serem cometidos em regimes outros, tais como o monárquico constitucional, o ditatorial, o aristocrático feudal, o colegiado eletivo paritário, etc. ... . Segue-se, pois, que bem menos que uma “Vaca Sagrada”, Democracia é, em suma, apenas mais outra criação humana:- e, como tal, está ela longe de ostentar qualquer medida de perfeição (por mais condescendente que esta última seja...). E neste País, ultimamente, Democracia nada mais tem, na prática, significado que aquela ideal “isonomia relativa, no exercício da faculdade de roubar, i.e. de confundir o público com o particular” (porisso mesmo havendo tantos que a defendam, tão ferrenha e intransigentemente...).



Democracia (séria e verdadeira), para funcionar, na prática, como tal, pressupõe os prévios e efetivos nivelamentos (cultural, econômico e social), POR CIMA, de pelo menos 80% de um dado grupamento humano. Fora daí, ter-se-á Demagogia, Ditadura, Palhaçada, Ineficácia, Plutocracia, Corrupção, e/ou o que o valha:- só não se terá Democracia, pois esta última não se estabelece por Decreto, nem mercê das altas graças, da honestidade, ou até da boa vontade eventuais de quem quer que seja!. Democracia (a verdadeira!), não é, assim, um regime; mas, antes, é ela um processo:- uma forma equilibrada de se tomarem decisões políticas, em caráteres coletivo, livre, sistemático, perene, institucional e paritário. E para que “boas” e “más” decisões não se excluam, nem se neutralizem reciprocamente, é preciso que todos os membros do dito grupo humano estejam motivados e cientes do acerto existente em remarem, todos, basicamente, na mesma direção. E somente a Cultura, o Interesse, a Consciência, a Vontade e o Poder comuns, livres e nivelados entre os cidadãos, lhes permitirão atingirem esse estado de cooperação deliberada, sadia e consistente, para que todos mandem juntos, e basicamente no mesmo sentido e direção finais:- portanto democraticamente (pra valer!).



Dito isto, segue-se que a reeleição de Lula (e conseqüente reentronização do PT) são hoje “favas já contadas”:- não porque ele seja inocente dos escândalos que também envolvem membros de seu Partido e Governo, mas (simplesmente) porque ditos escândalos “contam” QUASE NADA na escala de valores da esmagadora maioria do eleitorado, este último há muito já divorciado (umbilicalmente!) da ética, pela pressão (estomacal!) da fome, e dos demais problemas inerentes à sobrevivência em sociedade.

Na cabeça do (majoritariamente dominante!) eleitor pobre, “roubar todos roubam, porém só Lula garante a continuidade da Esmola Estatal, na forma do Bolsa-Família, do Bolsa-Escola, do Vale-Gás, do Vale-Transporte e do (famigerado!) Fome Zero” (que só “zerou”, até agora, a Fome de Poder dos encarregados de sua arrecadação!!!...).

Somente com Lula “nóis têim vêiz”...; e é porisso mesmo que o próprio Lula SABE que, com escândalos, ou sem eles, “o Povão me querem, e vão continuarem a me quererem”... .

Porisso mesmo é que eu tremo por meu País, quando visualizo o “Sapo Barbudo” (no pouco saudoso dizer do finado Brizola) voltando reeleito:- cheio de si mesmo, e cheio de “razão”, apesar de todos os escândalos que o envolvem numa aura e bruma fétidas. E, com ele, todo o maldito PT:- “botando o retrato (do Sapo) outra vez:- botando no mesmo lugar”... (Toda e qualquer semelhança com G.V. é, aqui, tão mera e fortuita, quanto infeliz e involuntária COINCIDÊNCIA).



Ignorar estas verdades e constatações simples é marchar, inexorável e decididamente, para uma fragorosa, tanto quanto inescapável, derrota eleitoral. Aquilo que empolga a esperança das classes médias (e das elites culturais) é de uma total irrelevância para a esmagadora maioria (pobre) do eleitorado. Não esperemos, pois, que dita maioria aja e pense com a nossa cabeça (e valores):- porque ela tem a sua própria cabeça, e os seus próprios problemas e valores, até aqui INGENUAMENTE ignorados pelas Oposições. Nem sempre o “Bem” vence; a Eficácia sim, e isto qualquer que seja a ordem de valores que dita Eficácia favoreça. Pensemos, pois (e ajamos!), segundo a Realpolitik; ou a Débâcle nos terá em seu seio, e isto ocorrerá mais cedo que o possamos imaginar (se já não estivermos, todos, lá, por antecipação).
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui