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Artigos-->QUEM SE IMPORTA... -- 07/06/2006 - 22:36 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
QUEM SE INCOMODA COM O PIAUÍ



Francisco Miguel de Moura

Escritor piauiense





Na semana passada, o Piauí foi novamente objeto do deboche nacional. O programa televisivo «Jô Soares, Onze e Meia», pelo SBT, apresenta um livro didático, adotado nas escolas de todo o Brasil, sem o mapa do nosso Estado, ou seja, um absurdo geográfico nacional que depõe contra a própria nação brasileira. Já sabemos como é feito esse tipo de notícia. Pega-se o fato, não se investiga quem é o culpado e atira-se contra o primeiro que aparece como vítima. Nesse escandaloso livro de geografia comeram o mapa do Piauí, o que bem demonstra o analfabetismo geográfico de quem o fez - a editora - e o descaso administrativo do Ministério da Educação. O povo não sabe, mas no dito Ministério há uma Comissão do Livro Didático para examinar minuciosamente, antes que seja distribuído, erros como aquele e outros. Nesse episódio, toda a culpa cabe ao Ministério da Educação e à editora do livro. Mas, nem Jô Soares nem ninguém condenou os verdadeiros culpados. Quem viu a tevê, quem leu as revistas e jornais com o fato ficou indignado mas não sabe com quem. E nós pagamos pelos erros dos outros. Se já estávamos no anedotário nacional do deboche, continuamos pior, muito pior.

Quem se incomoda com o Piauí?

Posso assegurar que não são os políticos, agora e sempre mal-comportados. Eles não gostam do nosso Estado. Posso assegurar que não são os ricaços, ressalvadas algumas exceções (aponte-se nestas, em primeiro lugar, João Claudino e Paulo Guimarães), que aqui só vêm sugar renda, lucro e trabalho, e nada deixam em troca pois vão gastar no Rio, São Paulo e Miami. Posso dizer que não são os que, vindos de outros Estados, embora aqui mourejem e produzam, não querem comportar-se como piauienses.

Piauienses são aqueles que amam o Piauí e não o renegam, sejam aqui nascidos ou não, como aquela mulher que, no programa do «Jô Soares, Onze Meia», levantou-se e teve a coragem de dizer que era piauiense, sim. Embora morando em São Paulo, há muitos anos, ia ao seu Estado todos os anos, disse. E um outro cavalheiro, mais tímido é verdade, que também confirmou sua naturalidade do Piauí. Esses se incomodam com nossa situação.

O episódio chegou ao pódio da imprensa nacional, creio eu, por falta de firmeza na condução do problema. Um colégio desta Capital recebe da editora - não sei o nome, ainda bem - uma partida de livros de geografia e, verificando o erro um pouco tardiamente, negocia a substituição da folha do mapa, e pronto. Ora, se o colégio examinasse o livro com antecedência, poderia muito bem sair na frente, denunciar a editora, denunciar o Ministério responsável, não aceitando conciliação. Claro, o fato viria a ser conhecido mas de forma favorável. Acreditamos que a história nos dará razão e que o atraso do Piauí será cobrado de quem deve ser cobrado. O piauiense, não obstante as chacotas, pensa de forma positiva. Colhi, na imprensa local, alguns depoimentos que comprovam o nosso otimismo e o nosso bem querer ao torrão natal. Começo por transcrever o fecho de um artigo do empresário Hélio Matos: «Temos tudo para pensar de forma positiva. Analisando o nosso passado, que sempre registrou o desapreço do País a este Estado, e nos deixou marginalizado do que aconteceu de bom no resto da nação, o crédito do Piauí continua aumentando. Quem sabe não virá para cá uma grande surpresa do governo central, permitindo que o nosso Estado receba os recursos necessários para decolar muito mais rapidamente do que os demais Estados?» Já o deputado Moisés Reis declara: «A solução da pobreza e da miséria existe. Passa inicialmente pela organização do Estado, a começar pelo equilíbrio de suas finanças. Depois, é preciso definir, com exatidão, os objetivos a alcançar, as metas a executar e os passos que precisam ser dados. Esse trabalho de preparação, com roteiros e métodos determinados, tem um nome: planejamento. Todas as saídas desembocam nesse ato.»

No passado, divulgávamos as nossas vantagens, que temos um território de mais de 252 mil quilômetros quadrados a serem explorados de forma bem acessível, quase de graça, embora nossa população total não chegue aos 3 milhões de habitantes. Dispomos de elementos essenciais para o desenvolvimento, como água em abundância, no subsolo, própria para irrigação, além de outras condições físicas. Entretanto, riqueza não é só isto, precisamos criar condições sociais. E estas só são criadas pela orientação política, pelo investimento na educação, pelo planejamento. É preciso que se renovem as formas de fazer política no Piauí, que se renovem os atores da nossa administração. Estes que aí estão, com certeza, não se incomodam nem um pouco com o Piauí.

Somos a última grande fronteira agrícola do país - o cerrado piauiense - no sul do Estado. Temos condições excelentes de desenvolver o turismo no norte e no centro do Estado. Aqui estão as Sete Cidades, o Delta do Parnaíba, nossas lindas e mansas praias durante o ano inteiro incluindo-se a Pedra do Sal, a Lagoa do Portinho, a Serra da Capivara com o Museu do Homem Americano (salve Niéde Guidon!) e Oeiras - Cidade Patrimônio Nacional, berço da «piauiensidade».

Como, então, o Piauí não existe?

E como ser o Piauí a vergonha nacional? O Ministério da Educação não fica no Piauí e não é dirigido por piauienses. Também não temos editoras de livros didáticos. Perceberam a malícia?

Isto tem que acabar um dia. Tomara que seja agora. Antes que o Brasil se acabe. Pois o Brasil também vai se acabando com essa política neoliberal do Prof. Cardoso. Apesar de tentar esconder que a cada dia ficamos mais pobres, mais desinformados, mais colonizados. E é por isto que os presidentes americanos nunca aprenderam que nossa capital não é Buenos Aires.

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