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Artigos-->Propaganda e mordomias... -- 28/05/2006 - 10:24 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Propaganda e mordomias do setor público



“Prefeitura do Salvador atrasa pagamento e raciona combustíveis; não paga a empresas contratadas para a limpeza pública e não renegocia as dívidas com hospitais e clínicas, do que resulta o cancelamento de convênios, inclusive com o Instituto de Previdência dos Servidores, entre outros.”

“O estado não honra o pagamento de precatórios e mantém um estoque de dívida com empreiteiros de fazer inveja a bancos que emprestaram dinheiro a Marco Valério.”

Os parágrafos acima, recolhidos da imprensa, já estavam redigidos quando li nos jornais que “levantamento feito pelo STF em junho de 2004 demonstra que a dívida de estados e municípios com precatórios é de R$61.134.669.394,31 (R$61,1 bilhões, é isso mesmo!), enquanto o Estado da Bahia devia R$557.687.758,26 e os municípios baianos R$518.521.027,17 (estes, somente com a Justiça do Trabalho)”, dados de 2004.

Veja-se a propósito o que acaba de acontecer com os serviços que, tardiamente, se iniciaram para embelezar a Orla. Parece que Estado e Prefeitura deram-se as mãos para sua realização, o que é muito bom ! Pois bem: cada um já pôs suas enormes placas (“out-door”) para propagandear a iniciativa. Ora, se fizeram parceria, bastaria colocar uma única placa. Aliás, nem precisava de nada, pois quem passa no local não vê serviço algum sendo feito.

Não obstante essa dramática realidade, situações que levam dezenas de empresas brasileiras à bancarrota, à espera de créditos que não são pagos, o que a gente vê todo dia nos jornais, na TV, nas rádios e em gigantescos cartazes de rua é a propaganda oficial apregoando as realizações do governo. Tudo é motivo para a zoadeira: uma escola que se inaugura, as estradas cujos buracos estão sendo tapados, a iluminação de uma faixa de praia, etc., etc., iniciativas que não passam de obrigação dos governantes.

Outro dia estive imaginando quanto os governos – federal, estadual, municipal – gastam por ano com propaganda, sem falar nas empresas públicas? Deve ser uma cifra assustadoramente grande, mas não tive condições de imaginar qualquer número. O fato é que se esses entes públicos reduzirem os gastos com publicidade, em cinqüenta por cento, por exemplo, podem destinar essa economia ao pagamento dos precatórios e de outras dívidas.

Vemos essas coisas todo dia e não tomamos consciência do que efetivamente elas significam em termos de desperdício e de desrespeito à sociedade. Não nos posicionamos, não mostramos nossa indignação. E, no fundo, o objetivo da propaganda governamental é sempre a mesma: tem caráter exclusivamente eleitoral, visa a aumentar a popularidade do eventual ocupante do poder, não obstante a mídia lhe dê cobertura total, divulgando suas ações, viagens, inaugurações, discursos e pronunciamentos, enfim, dando-lhe a maior visibilidade possível diante da população.

A presença do governo na imprensa deveria limitar-se à informação de fatos importantes, à divulgação de campanhas de interesse público e de exemplos que valorizem a formação moral, ética e civil dos cidadãos.

Além das despesas com propaganda, outra que deve ser muito grande é a que cobre as regalias e mordomias de titulares dos governos a ministros, secretários de estado, prefeitos, vereadores, senadores, deputados, do poder judiciário, uma miríade de pessoas a receber benesses, servidores públicos que se dizem autoridades.

As vantagens vão desde verbas de gabinete a carros com motoristas e residências chapas-branca, cartões de crédito corporativos, passagens aéreas, hotéis de luxo, combustível, segurança terceirizada, etc., uma infinidade de itens que só as verbas contábeis são capazes de detalhar.

O site da Câmara, aliás, fornece dados impressionantes sobre essas despesas. Anotei, por exemplo, que em abril os deputados baianos que mais usaram a verba de combustível foram, pela ordem: Pedro Irujo (10 mil), Aroldo Cedraz (9,3 mil), Fernando de Fabinho (9,6 mil), Severiano Alves (8,0 mil) e Gerson Gabrielli (7,8 mil) (para efeito de referência anoto que meu dispêndio ANUAL com combustível é da ordem de R$7.500,00!)

Consta que cada deputado estadual na Bahia recebeu um automóvel zero km. de banco que faz o pagamento dos salários dos servidores públicos, mas eu acho que não é verdade. Seria tanta falta de pudor dos dois lados que eu não acredito.

Que vergonha que essas coisas aconteçam num país que paga salários miseráveis a seus trabalhadores, em que os cidadãos de melhor renda no interior são os aposentados do INSS, com pensões da ordem de trezentos e cinqüenta reais!

Quanto custa tudo isso e por que é necessário manter esse nível de status por conta do povo?

É preciso acabar com essa pouca vergonha que se disseminou por nossa realidade e anestesiou nossa sensibilidade moral!

Salvador, 05/05/2006

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