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Artigos-->A VOLÚPIA DA ARTE -- 24/05/2006 - 17:46 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A VOLÚPIA DA ARTE



Francisco Miguel de Moura*



A arte está sempre em vigília, e é da sua vigília que vem a volúpia. Volúpia diante das imagens e visões, da beleza, liberdade e pluralidade do mundo, com movimentos incomuns. A dança é um bom exemplo, a música, o teatro, as letras, sem falar na volúpia da própria criatura, criadora e filha da criação. A criatura é produto do amor entre Deus e uma deusa ou entre muitas – talvez a Terra, a Natureza, a Luz...

Não há amor sem volúpia. Pode ser silenciosa, subterrânea. A volúpia da virtude, volúpia humana. A volúpia do pecado é apenas instintiva, animalesca, desumana, não condiz com a nossa natureza nem com a nossa vida. Enfim, a arte é volúpia da vida e para a vida. Se voltarmos o nosso pensamento aos mártires e santos de todos os tempos, da igreja e das igrejas, de todos os credos, defensores de Deus, do homem, de uma boa causa, sentiremos que todos são fervorosos e se entregam de corpo e alma àquilo em que confiam. Cite-se um dos Evangelhos, comprovação da volúpia do amor: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos”, disse Jesus, segundo São João, cap.15, vers. 13. Alguém me dirá, porém, que as artes são leigas, são livres, não têm motivo para se agarrarem a um objeto, e eu responderei que não é bem assim. A arte é um meio de humanizar o homem, seja pelo humor, pela comédia, pela tragicidade, pelo romance ou pela poesia. Levando-nos a uma purgação dos pecados, ódios e outros defeitos, elas se valem cada uma de instrumentos adequados. A pintura é a cor, a tinta, a tela, o espaço; o cinema é o espaço, porém organizado de mistura com música (portanto duração no tempo), movimentos, efeitos de claro-escuro, fotografia, etc. etc.; a música é o tempo-movimento perfeito através dos sons e tons; o teatro é também organização/desorganização do espaço/tempo/palavra, reunindo em si a dança, a música, a literatura, os gestos e a mímica; as letras (poesia e ficção) transpõem para o espaço do papel, ou outro que o substitua, o tempo da música como veículo da comunicação vocal silenciosa repleta de signos e significados.

Para a arte não há morte. Como o Sísifo da lenda grega, depois da morte física lhe resta a eternidade. Vem muito a propósito a comparação. O mais astucioso de todo os mortais certa vez teve seu rebanho roubado por um certo Autólico, mas consegue seguir o rastro dele por ter gravado o nome no casco de cada um dos animais. Depois de suas peripécias no mundo, Zeus lhe envia a Tânatos, a Morte. Mas, imediatamente Sísifo enleia-a de tal sorte que consegue encadeá-la. Assim, durante algum tempo não morre mais ninguém na cidade (país). Não demora, entretanto, a chegar a Zeus uma queixa do reino de Hades, e a morte volta a atuar. A primeira vítima é Sísifo. Chegado ao reino das sombras, à força de súplicas Sísifo consegue consentimento para voltar à Terra, a fim de castigar sua mulher, que lhe teria feito sofrer muito. Uma vez na Terra, Sísifo não se preocupa em voltar, e vive até avançada idade. Depois teria sido fulminado por um raio. É então quando recebe o famoso castigo de rolar uma enorme pedra até o topo do monte, ser vencido na luta em sustê-la e se indo com ela até o fundo do vale, para em seguida refazer todo o trabalho por toda a eternidade.

Conte-se nesta comparação a astúcia e a inteligência de Sísifo (a gravação do nome no casco dos animais), pois toda arte é astuciosa, manhosa e cheia de mistérios, e também a teimosia no trabalho inútil. Arte é beleza, astúcia, sabedoria, trabalho com volúpia – que é paixão. Através da arte se apreende o mundo, como através dos sentimentos se conhecem as pessoas.

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*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, mora em Teresina, seu email: franciscomigueldemoura@superig.com.br





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