O médico interrompe o atendimento de um cliente para orientar alguém pelo telefo-ne. Ordena a interlocutora no sentido de separar um banheiro para as crianças e o outro destinado à s demais pessoas. Em seguida comenta com o cliente: - "Tenho de resolver tam-bém problemas domésticos...".
Fiquei imaginando a cena e lembrando que estava faltando uma mulher para admi-nistrar a casa. O marido tem de trabalhar na produção, seja intelectual ou manual. Isso o nosso personagem estava fazendo. O homem trabalha na culinária verbal, usa a palavra precisa, que é o alimento mental de qualidade. Deve falar com segurança, usar poucas pala-vras para um resultado efetivo. Como se vê, a culinária masculina é tão importante quanto à culinária feminina. Eventualmente o homem vai à cozinha preparar uma refeição, quando ocorre um parto ou doença na mulher.
Sabemos que, quando nasce o filho, simultaneamente nascem o pai e a mãe. Para guiar o filho na vida a mãe torna-se educadora e o pai juiz. Mesmo chorando por dentro a mãe aplica com severidade a lei familiar. O pai só aparece para decidir as grandes questões. No Japão as casas têm um quarto separado para o pai exercer a sua função de magistrado.
Quando alguém é chamado para entrar naquele quarto, a família fica na expectativa de que alguma coisa de anormal aconteceu.
Cada família tem seu estilo, que resulta da soma combinatória de seus hábitos. A educação deve ser um assunto focal para a transformação humana. "Mas o hábito da masti-gação é indispensável não somente em relação à alimentação bucal, pois quem não sabe mastigar bem os alimentos mentais não vai conseguir assimilar nada. Aqueles que têm o hábito de mastigar relativamente mais, têm um funcionamento melhor do que outro que não tenha esse hábito".(Tomio Kikuchi, em "Relatividade Absoluta" - Musso Publicações, 1985 - SP).
Atualmente, confunde-se muita instrução com educação. Há muitas pessoas instruí-das, porém mal educadas. Não sabem comportar-se à mesa, nem em reuniões públicas. Sen-tam-se em cima da mesa sem a menor cerimónia. Fazem bagunça, gritam, gesticulam, co-çam os órgãos genitais na frente das mulheres e idosos, nada respeitam e querem ser cha-mados de doutor. O noticiário da televisão mostrou, recentemente, um prefeito do interior desferir soco no rosto de uma diretora de escola diante de numeroso público, naturalmente porque ela falara alguma coisa que o desagradou. A desculpa de que "esquentou a cabeça" mostra o despreparo para o cargo, não aceita crítica. Deveria ser cassado por falta de deco-ro.
Finalmente, ainda cabe aqui comentar a grande realização do jovem sergipano Car-los Mateus Silva Santos, que, aos 17 anos, está cursando o doutorado na Universidade Fe-deral do Rio de Janeiro (Instituto de Matemática Pura Aplicada). Começou o mestrado com 13 anos e pretende fazer pós-doutorado em faculdade do exterior. (A TARDE, de Salvador, em l0/12/01).
AUTO-EDUCAÇÃO VITALíCIA:
"Princípio, processo e fim do viver são palavras".
"Finalização é mais importante do que iniciação"
"Vida é sequência de erros corrigíveis".