Gravando os nomes dos outros,
Como artista, na madeira,
Ivone da Paraíba
É artesã de primeira –
Mas foi quem mais “comeu fogo”
No vai-e-vem desta Feira...
Pirogravando nos tacos
Exibe a sua arte sã
E xilograva o Nordeste-
O sol...o mar...a manhã...
A a paisagem caatingueira...
Coqueiros de Jacumã...
Manejando o bastonete –
Um falo de onde sai luz –
Ivone Paraibana
Nomes e plantas produz...
Luar e estrelas molhadas...
Asas de mandacarus...
Quando Ivone grava um nome
Faz a madeira sorrir...
Se pirograva um coqueiro –
As folhas pegam a bulir...
E a água que tem nos cocos
Mata a sede a quem pedir...
Ivone xilogravando
Põe nuvens soltas no céu...
Asas de flores abertas
No mundo vagando ao léu...
Albatrozes e gaivotas
Rasgando do azul o véu...
Ivone ilumina os olhos
Na estrela que traz na mão...
Em cada cactus grava
A alma de luz do sertão...
Em cada fibra da peça
Põe aceso um lampeão...
A vida da planta morta
Ivone faz reviver...
Arranca flores do nada
Com fé menino poder
De crear – deusa do fogo –
Beleza pra quem quer ver...
Da artista de João Pessoa
Levo – na saudade insone –
A esperança de que um dia
Me escreva ou me telefone...
Fica meu nome gravado
Pela mão de luz de Ivone...
João Pessoa, 6/12/1987.
Notícia Rápida sobre Paulo Nunes Batista:
Paraibano radicado em Goiás (Anápolis), morou em cerca de vinte cidades do Brasil, inclusive nas maiores capitais (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, além de Goiânia e João Pessoa), exercendo atividades desde cobrador de ônibus, trabalhador braçal até jornalista e professor, sendo aposentado do Fisco de Goiás, onde ingressou por concurso público.
Militou no PCB de 1946 a 1952, época em que foi preso político em São Paulo, como redator que era do diário HOJE, arbitrariamente fechado por um IPM. Nunca foi torturado, mas assistiu à tortura de preso quando de sua outra prisão, em Recife. Como jornalista vem denunciando e protestando contra sevícias a presos, políticos ou comuns. Vem há muitos anos publicando artigos, crônicas, reportagens e poesias na imprensa de Goiás, do Brasil e de Portugal.
PNB é autor de seis livros e mais de 140 folhetos de cordel, editados a partir de 1949. Em 1961 tornou-se espírita e vem colaborando na imprensa doutrinária desde então. Tem vários outros livros prontos para publicar (O Cordel Iluminado, Cantos de Pedra e de Flor etc) e continua produzindo. É formado em Direito.