Inúmeras vezes em nossa vida quando tudo parece estar correndo bem, a família, a saúde, nossos projetos de trabalho sendo desenvolvidos, ainda assim sentimos inquietação, algo que parece nos ameaçar vai nos deixando um tanto apreensivos e indagamos interiormente: - “ por que este estado de apreensão, esta quase insatisfação, esse sentimento sombrio?”
Então buscamos dentro de nós um momento de energia mais sutil dentro daquilo em que acreditamos, uma força maior de que nossa alma precisa. Nesse momento de reflexão percebemos a beleza de que a natureza se reveste, no milagre da reprodução da vida, nesse quase mistério do desdobramento da criação, e em todas as coisas que estão aí para ajudar-nos a sobreviver, a ensinar-nos o respeito por tudo que existe, porque há um propósito maior para estarmos aqui aprendendo e fazendo o mundo seguir sua evolução. É nossa alma alertando-nos para essa organização divina regendo o Universo – esse misterioso cosmos no qual o homem está se lançando para conhecer suas leis e o mistério da sua própria existência.
E nos deparamos nesse terceiro milênio com o mundo inteiro em conflito, seja de ordem religiosa, política, econômica, a disputa de terras, luta pela supremacia, guerras fratricidas, um verdadeiro caos social gerando um desequilíbrio, insegurança, as inconstâncias, a falta de fé, de amor, do sentimento de humanidade, de solidariedade mesmo. E esta humanidade vai resvalando para o vício pela ambição desmedida, a prepotência desarmonizando as pessoas, desestabilizando a sociedade, que cai na bestialidade, na ignorância, no desgoverno das consciências, da miséria moral atrelada à miséria material, perdendo a noção dos valores que devem reger as condutas fazendo a dignidade ser o nosso principal valor, essa luz que vai nos iluminando interiormente, pacificando-nos.
Falta crença, equilíbrio, capacidade de raciocínio... Falta tudo atualmente.
Contudo, felizmente, alguma coisa subsiste apesar de tudo. Pessoas altruístas como as que vimos noticiar neste dia das mães, que adotaram filhos sem lar, mais de cinqüenta crianças, dando-lhes amor, proteção, educação e a segurança de uma família. Seres que conseguiram praticar o amor além do seu lar, com força de vontade e sentimento de solidariedade, superaram as dificuldades formando uma família unida e bonita. Outros, superando as situações precárias de uma vida modesta, criaram projetos para cuidar de crianças marginalizadas sem perspectivas de vida melhor, mostrando-lhes um horizonte maior alcançado com a música, sua beleza, sua história, esse universo onde poderiam encontrar oportunidades de uma existência melhor através das formas de arte, mostrando-lhes um futuro com dignidade a partir de um instrumento musical, que abrirão as porta à profissionalização.
Duas faces da moeda. A oportunidade de um aprendizado tirando as crianças da rua, do vício, da miséria moral, preparando o caminho de um futuro digno.
Atitudes como estas mostram o reverso do que temos visto ultimamente, e isso é o que vai importar para combater o crime e a marginalização.
Existe forma pacífica de combater a ignorância. Só através de ocupações, seja com arte, com esporte, ou com o aprendizado de qualquer atividade que seja útil, estaremos cultivando futuros homens e mulheres dignos e respeitados, que por sua vez terão como viver com melhores condições. Colocando valores através de atividades estaremos mostrando luz para que os pequenos saibam caminhar...
Ontem, o medo, o susto, a revolta, o pavor!
Amanhã será outro dia!
Basta que olhemos pelas crianças com mais benevolência. Vamos mudar esse quadro que eles conhecem com nossa vibração de amor, olhando-os nos olhos com interesse, para que consigam modificar dentro de sua vida, o sentimento de compreensão, de carinho e respeito.
Vamos cortar essa corrente maligna de indiferentismo que arrasta esses pobrezinhos para a mendicância e o crime.
Se houver boa vontade da parte de todos, conseguiremos colocar uma semente nesse campo inculto, mostrando que há luz no fim do túnel, e por ela, caminhando com segurança, vale a pena ter esperança!
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Luzia Stella Mello
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