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Contos-->ESPERTEZA E LINGÜICINHA -- 12/04/2002 - 22:45 (Phylos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Era uma quarta-feira e como sempre os amigos reuniam-se no Bar do Pedrão, local consagrado pela sujeira e pela lingüicinha fatiada, bem temperada, sabe-se lá com o quê, que ele servia no pão.
O Bar não era famoso à toa. Afinal, mais de meia dúzia já haviam sucumbido ao famoso tempero, uns deixando o Bar com dores terríveis, outros arrotando a mais não poder e outros, simplesmente, rindo dos primeiros.
Quando ele chegou, não encontrou ninguém. Dirigiu-se ao balcão.
- Pedrão, cadê os caras?
- Sei lá. Ninguém apareceu por aquí.
- Cara, você está exagerando neste tempero...
Pedrão deu aquele seu olhar de boi-indo-para-o-matadouro.
- Meu tempero é excelente.
- Sei. Estou preocupado com os caras. Sumiram, ninguém sabe onde eles estão.
Pedrão deu de ombros.
Ele ficou por alí, pensou em pedir uma cerveja, mas desistiu ao lembrar-se do tamanho do prego. Até que chegou Nanico.
- Porra, Nanico, cadê os caras?
- Ué, pensei que estavam aqui! Não vejo ninguém há alguns dias.
Ficou mais preocupado ainda. Passou o Fufú, dono da funerária, e entrou no Bar. Segundo a tradição da cidade, ele não cumprimentava: "Como vai" e sim "Quando vai?" e media a pessoa dos pés à cabeça. Diziam que ele definia o tamanho, a largura e a madeira certa do caixão, só com esta olhadinha rápida para o sujeito.
- Fufú, você não viu os caras por aí?
- Não ví ninguém. Por quê?
- Sei lá, os caras sumiram. Nem o Mucha, nem o Cidão, nem o Dinha, não apareceu ninguém por aquí. Parece até que morreram.
- Morrer não morreram, senão eu saberia. Sei a medida de todo mundo por precaução.
- Deus me livre, Fufú.
Ficaram por alí. Fufú saiu, alguns corajosos fregueses também, e eles foram ficando com a certeza de que havia algo de errado.
Foi quando o Tiziu, corzinha de café com leite e cara de sem-vergonha, apareceu. E contou a história toda: estavam em cana.
Haviam achado uma chave marca Ford e saíram experimentando em todos os carros Ford do quarteirão. No carro que serviu, abriram, tiraram uma quantia em dinheiro e um cheque, valor mais ou menos alto. Gastaram a grana.
Com o cheque foram pra zona e fecharam uma casa. Avisaram para a gerente:
- Fica com o cheque, quando acabar, você avisa. Todas as mulheres são nossas. Ninguém entra, ninguém sai.
Foi uma festa.
Música, bebida, mulher pelada para tudo quanto era lado, até que a rádio da cidade noticiou o furto de um cheque, do banco tal, valor tal e a gerente da casa ouviu e chamou a polícia.
Quando a polícia tentou abrir a porta do Cidão, ele achou que era brincadeira dos amigos. Bateram, bateram e o Cidão, dentro do quarto dizia, bêbado:
- Vão tomar no cú, cambada de filhos-da-puta!
Arrombaram a porta. Pegaram o cara, além de pelado, com uma mulher de cada lado. Foi vítima de trancos, barrancos e pescoçadas. Os outros foram juntos, mais ou menos vestidos, para a delegacia.
- Então, por isso, não encontramos ninguém!...Puta que pariu.
- E eles estão onde?
- Ora, na delegacia. O delegado vai liberar amanhã com uma condição.
- Qual?
- Vão ter que arrumar emprego com registro em carteira dentro de, no máximo, trinta dias.
Aí os dois amigos sentaram-se, perplexos pelo pedido absurdo do delegado. Até pediram uma rodada de cerveja e lingüicinha.


12.04.2002
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