DIÓGENES E A CÂMARA DE DEPUTADOS
Filemon F. Martins
Conta-se que DIÓGENES DE SÍNOPE, o cínico, filósofo grego, costumava perambular pelas ruas de sua cidade à luz do dia, com uma lanterna acesa procurando encontrar homens verdadeiros ou seja, homens éticos, virtuosos e de palavra. Não se sabe se DIÓGENES os encontrou.
Assim, nestes últimos tempos, tenho andado de lupa, luneta e lanterna para observar e ver “in-loco” as mudanças ocorridas no Brasil apregoadas pelo PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De fato, a propaganda na tela da televisão faz tudo acontecer de forma espetacular, tudo funciona com a precisão de um relógio. Quem não sabe disto? As cenas mostradas, em geral, são coloridas e bem chamativas para atrair e convencer eventuais eleitores. O publicitário, sim, este é competente e sabe como fazer seu trabalho.
Na prática, porém, o que o governo faz é diferente. O dinheiro público é disputado entre empresários e deputados, que se associam em conchavos e trapaças, como se o dinheiro do povo fosse um pedaço de carne atirado aos cães famintos. Aliás, o que se gasta em propaganda, embora regulado por lei, é um absurdo.
DIÓGENES, O FILÓSOFO GREGO, se vivo fosse e visitasse hoje nossa Câmara de Deputados, com certeza teria que usar lanternas bem mais potentes para encontrar, naquela casa, o que ele tanto procurava: homens honestos e éticos.
Infelizmente, falar em honra e dignidade entre políticos e administradores brasileiros, quando interesses e projetos pessoais estão acima de tudo, é mesmo uma utopia. Foi uma utopia ter imaginado que o Brasil poderia mudar, com Luiz Inácio Lula da Silva, na Presidência. Utopia maior ainda é continuar imaginando que o Brasil está no rumo certo, se a Câmara de Deputados foi incapaz de punir parlamentares que receberam propinas para aprovar projetos e reformas que subtraíram direitos de servidores e trabalhadores brasileiros, entre outros.
Parece que a ética do PT e de outros partidos políticos é apenas por fora, na casca; por dentro estão apodrecidos, infectos e obcecados pelo poder econômico. Só assim se explicam os escândalos que são descobertos e apresentados pela televisão e publicados pelos jornais quase todos os dias.
Agora, a Câmara de Deputados está às voltas com outro escândalo, a “OPERAÇÃO SANGUESSUGA”, que conforme investigação da Polícia Federal envolve parlamentares de 12 partidos políticos e segundo o jornal FOLHA DE S. PAULO, são: PP – 13, PTB – 12, PL – 10, PFL – 8, PMDB – 6, PSB – 4, PSDB – 4, PPS – 2, PRB – 2, PV – 1, PDT – 1 e PSC – 1.
No entanto, a assessora do Ministério da Saúde, Maria da Penha Lino, presa e talvez envolvida no esquema, afirmou à Polícia Federal que 170 deputados recebiam propina da empresa PLANAM, acusada de vender ambulâncias superfaturadas para prefeituras.
Por fim, o comportamento da maioria dos parlamentares no caso das CPIs dos Bingos, Correios e Mensalão, nos autoriza a prever o que vai acontecer com os envolvidos em mais esta falcatrua: um vergonhoso festival de pizza. Que pena, Brasil!
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